O Presente
Tarcísio Vanderlinde

Entrelaçamento de fatos e lendas

calendar_month 3 de junho de 2025
3 min de leitura

Massada foi o último foco de resistência judaica contra os romanos no século I. Plantada num penhasco no lado oriental do deserto da Judeia, a fortaleza é hoje um dos lugares mais visitados nas terras bíblicas. O acesso pode ser feito por trilha ou por teleférico.

No seu topo, a aproximadamente 400 metros de altitude tem-se uma visão panorâmica do mar Morto e das montanhas da Jordânia, lugar de onde Moisés teria contemplado a Terra Prometida.

Fatos e lendas se entrelaçam na história de Massada. Estudiosos consideram difícil estabelecer o limite onde terminam as lendas e começa a história admissível do lugar. O que se sabe nos é contada basicamente pelo historiador Flávio Josefo. O restante resulta de intensos trabalhos de arqueologia realizados no local no início dos anos de 1960.

Os estudos demonstraram que já havia ali vestígios de edificações deste II século a.C.. A partir do século VI, sob domínio bizantino, o local ficaria abandonado até o século XX. Massada foi local de vários palácios ativos durante o período do Novo Testamento, e durante o domínio romano tornou-se local de resistência dos judeus zelotes contra a ocupação do império.

Durante o reinado de quatro décadas, Herodes construiu no local suntuosos palácios. Muros fortificados e um sofisticado sistema coletor de águas permitiam que o lugar ficasse relativamente imune a longos períodos de isolamento.

Os judeus zelotes passaram a ocupar o local em 66 d.C.. Transformaram os palácios em postos militares avançados, e converteram outras construções em banheiros cerimoniais e numa casa de estudo. Construíram ali também uma sinagoga.

Os romanos atacaram a fortaleza em 73 d.C.. Os escravos do exército, muitos deles judeus, tiveram que construir uma rampa de 200 metros ao lado do penhasco a fim de facilitar um ataque mais efetivo. A rampa, assim como o local do acampamento do exército romano ainda pode ser visto do alto da fortaleza.

Reconhecendo a derrota inevitável, Eleazar Bem Yair, líder do grupo, teria convencido os 960 ocupantes da fortaleza de que a morte seria melhor do que a escravidão romana. Josefo detalha como foi o suicídio coletivo: Dez homens foram sorteados para matar todos os outros, incluindo mulheres e crianças. Um deles foi sorteado para matar os últimos dez inclusive a si próprio.

A dramática história de Massada teria sido registrada por Josefo a partir do depoimento de duas mulheres que haviam se escondido e conseguiram sobreviver ao episódio.

Imagem: Mar Morto e montes da Jordânia vistos do topo da fortaleza de Massada (foto do autor)

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.

tarcisiovanderlinde@gmail.com

@tarcisio_vanderlinde2023

 
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