O Presente
Tarcísio Vanderlinde

O som da reverência

calendar_month 17 de outubro de 2025
3 min de leitura

Num entendimento mais coloquial, seria uma campainha em forma de chocalho, dado ao seu minúsculo tamanho. A referência ao pequeno sino de ouro aparece em Êxodo capítulo 28 no contexto do cerimonial de serviço ao Senhor:

“Faça romãs de fios de tecidos azul, roxo e vermelho em volta da borda do manto, intercalada com pequenos sinos de ouro. O som dos sinos será ouvido quando ele (Arão) entrar no Lugar Santo diante do Senhor, e quando sair, para que não morra”.

A descoberta de um destes pequenos sinos pelos arqueólogos Eli Shukron e Ronnie Reich em 2011 passou inicialmente quase que despercebida em meio a outros tantos achados na cidade de Jerusalém. Durante uma escavação numa antiga tubulação de água, a peça, muito bem preservada, foi encontrada logo abaixo do Muro das Lamentações.

O canal de drenagem começa no Tanque de Siloé e continua subterrâneo até uma área perto do muro, também conhecido como Arco de Robinson, um dos antigos locais de acesso ao templo que ali existia.

No mesmo local, em outras ocasiões, já havia sido encontradas moedas e vários utensílios do período do Segundo Templo. Após ser confirmado pelo Departamento de Antiguidades de Israel, o sino com cerca de dois mil anos foi identificado como parte da vestimenta do sumo sacerdote instituída durante o êxodo do povo hebreu pelo deserto.

Em documentário disponível na internet, Shukron explica que o sino na forma de uma pequena esfera, não mede mais do que 1,5 centímetros de diâmetro, tem um pequeno aro utilizado para prender na vestimenta e é totalmente de ouro. O badalo de cerca de 4 milímetros, ainda funciona e permite se se ouça o som original do objeto.

De acordo com o historiador Flávio Josefo, o som sutil do sino era facilmente reconhecido pelos judeus religiosos. Shukron observa que “Não havia somente um sino na roupa. Havia 72 desses sinos. O sacerdote caminhava e os sinos de suas vestes faziam um som distinto. Todos o ouviam chegando. O som não era alto, mas evocava reverência”.

A descoberta permitiu que se ouvisse o som do sino pela primeira vez em Jerusalém desde a destruição do templo no ano 70 d.C. A reprodução simultânea dos 72 sinos foi possível com o auxílio da tecnologia. A musicista Muriel Selinger sintetizou o som do achado em forma sequencial e aleatória simulando os passos do sacerdote ao entrar no templo. O trabalho da musicista pode ser conferido pela internet.

O sino de ouro nas mãos do arqueólogo Eli Shukron, um dos seus descobridores. Acessável em: landofisraeltours.com 

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.

tarcisiovanderlinde@gmail.com

@tarcisio_vanderlinde2023

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