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Esportes Maria Teresa Muller

Consagrada no bicicross, rondonense experimenta novo desafio: o paraciclismo

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(Foto: Arquivo pessoal)

Ela tem somente 28 anos e é mãe de Antonio, de apenas cinco. Além de se dividir entre as tarefas domésticas e na educação do filho, tem se consagrado em outro meio que muitas vezes não é muito comum para as mulheres. Trata-se do BMX, ou bicicross.

Maria Teresa Muller começou na modalidade aos quatro anos de idade e, entre idas e vindas, já compete há 15 anos. Galgou degraus e superou dificuldades, como a falta de incentivo financeiro, e hoje a rondonense integra a Seleção Brasileira de Paraciclismo, o que lhe oportunizou participar do Campeonato Mundial, realizado recentemente no Canadá.

Maria não tem deficiência e sua função na Seleção Brasileira é ser a pilota de uma atleta que possui deficiência visual, guiando a colega na pista.

Em visita ao Jornal O Presente, a rondonense falou um pouco do BMX, da nova experiência no paraciclismo e do calendário de competições de 2020. Confira.

 

BMX

“O BMX para mim começou aos quatro anos de idade. É algo que vem de muito tempo. Agora estamos agregando mais algumas modalidades. É uma surpresa muito boa poder participar de campeonatos dessa dimensão. A gente sempre tenta chegar lá e agora, graças a Deus, estamos colhendo alguns frutos”, relata Maria ao se referir à oportunidade de estar no Campeonato Mundial no Canadá.

(Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

CALENDÁRIO DE 2019

Desde 2017, a atleta de Marechal Cândido Rondon treina no Memorial Santos, localizado na cidade de Santos (SP). Ela comenta que 2019 foi marcado por muitas oportunidades no BMX. “Participei de outra modalidade que foi o dowhhill na Copa América, que foi uma experiência muito legal e com muita adrenalina. Depois disso também aconteceu o Campeonato Brasileiro de Bicicross, o Pan que foi no Brasil, o Campeonato Brasileiro de Pista, no qual consegui medalha de bronze na velocidade olímpica”, relembra.

O ano passado também marcou o convite a Maria Teresa para que ajudasse Márcia Fanhani, sua colega de equipe e que tem deficiência visual, sendo pilota dela na Copa Brasil em Leme (SP). “Isso desencadeou o convite para participar neste ano de outras provas. Ela precisava estruturar treinos, definir alguns pontos, eu decidi topar e está sendo muito bom até agora”, expõe.

 

SELEÇÃO BRASILEIRA

Márcia Fanhani é de Santos e atleta da Seleção Brasileira. A rondonense conta que as duas passaram a se conhecer melhor desde que iniciaram os treinos em conjunto. “Tivemos uma semana de treino no Rio de Janeiro e a gente conseguiu melhor afinidade. Acertamos detalhes técnicos de bike e experimentei o velódromo fechado. Eu nunca tinha participado de provas no velódromo fechado, só aberto. A pista do Rio é a mais rápida do mundo, então foi muito legal ter essa experiência e conhecer a cidade. A Márcia tem 34 anos, é deficiente visual desde que nasceu e sempre precisa ter alguém por perto. A gente consegue perceber as coisas que ela precisa e fazemos tudo acontecer mais fácil. Estou aprendendo muito com ela e estou muito feliz em poder estar vivendo isso”, enaltece.

 

MUNDIAL DE PARACICLISMO

No mês passado, Maria Teresa passou uma semana no Rio de Janeiro em treinamento para, em seguida, partir rumo ao Canadá, onde foi realizada a etapa mundial de paraciclismo, que ocorreu entre os dias 26 de janeiro e 03 de fevereiro. A competição foi na cidade de Milton, perto de Toronto. “Havia neve, mas dentro do velódromo é tudo quentinho e tem climatização. Deu para correr e competir e o clima não interferiu. Foi incrível participar de um campeonato mundial. Vestir a nossa bandeira é uma sensação que não tem palavras. O coração bate e você fica muito orgulhosa”, declara.

Para o campeonato, a rondonense e sua colega Márcia precisaram durante os treinamentos no Rio diminuir alguns segundos no tempo para que obtivessem a colocação entre as dez finalistas. “A gente trabalhou muito duro e graças a Deus conseguimos ficar entre as dez nas três corridas, que eram: prova de perseguição (9°), quilometro (9°) e velocidade individual (4°)”, informa.

Conforme a atleta de Marechal Rondon, a equipe britânica é vista como um objetivo a ser atingido devido ao nível de preparação. “As britânicas são competidoras muito boas, muito bem preparadas e foi um prazer conhecê-las. A gente conhece um atleta e quer trabalhar para chegar mais ou menos nesse nível. Eles têm uma estrutura muito boa e estão em outro patamar, pois têm suporte para tudo. Mas não estamos aqui para reclamar. É muito bom poder ver isso e o Brasil está melhorando cada vez mais. Tomara que continue assim porque aí conseguiremos atuar melhor nessa carreira. Conseguimos evoluir bastante em todos os treinos e o técnico disse que estava bem orgulhoso”, menciona. “Foi por meia roda que a gente não trouxe a medalha de bronze nesta modalidade de velocidade individual”, acrescenta.

Rondonense Maria Teresa Muller e sua colega Márcia Fanhani durante a competição no Mundial de Paraciclismo, realizado no Canadá (Foto: Divulgação)

 

CALENDÁRIO 2020

Questionada sobre o que prevê o calendário para 2020 depois do Mundial em Canadá, Maria Teresa conta que desde que voltou de viagem os treinos seguem em ritmo puxado e que devem permanecer assim até agosto, pois haverá os Jogos Paralímpicos de Verão em Tóquio e o Brasil estará representado na modalidade.

“Em março vai ter o Pan, que será em Maringá, onde também vai ter o Brasileiro de Pista e o Brasileiro de Paraciclismo. Portanto, vamos fazer uma estada por um tempo em Maringá. Depois disso também tem o Brasileiro de BMX em julho, que será em Londrina. A cidade tem uma estrutura bem grande de BMX e supercross. Vamos participar de tudo isso, mas, claro, tem que ter um cuidado a mais para não acontecer nenhum acidente e não prejudicar a carreira da Marcinha. Ela está se dedicando há muito tempo para poder ter essa vaga (Jogos Paralímpicos) e vou fazer de tudo para cumprir meu papel o melhor possível”, destaca.

 

O Presente

 

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