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Diego Hypolito revela que escondeu ser gay para não perder patrocínios

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Medalhista de prata nos Jogos Rio-2016, Diego Hypolito assumiu publicamente que é gay pela primeira vez (Foto: Instagram)

Medalhista de prata nos Jogos Rio-2016, Diego Hypolito assumiu publicamente que é gay pela primeira vez. Aos 32 anos, o ginasta contou, em entrevista publicada nesta quarta-feira (08), que escondeu o tema durante a carreira com medo de perder patrocínios e por causa da pressão da família.

“Eu vivi a solidão de não ter ninguém com quem eu pudesse compartilhar os dilemas de ser uma pessoa gay numa sociedade preconceituosa. Por mais que todo mundo tenha a impressão de que tem muito gay na ginástica, não tem. Todo mundo me zoava, zombava do meu jeito. Eu tinha o sonho de conseguir uma medalha olímpica e faria de tudo para chegar lá, até esconder quem eu era. Eu tinha certeza que se um dia eu saísse do armário publicamente, perderia patrocínios e minha carreira seria prejudicada”, declarou Diego.

Criado em uma igreja e de origem humilde, Hypolito tem uma tatuagem de Jesus crucificado no braço e até hoje frequenta cultos. No relato, o ginasta contou ter se afastado da família por quase um ano quando falou sobre o assunto. Lembrou que, aos 10 anos, um treinador disse para sua mãe que ela deveria mudar a educação do garoto, caso contrário ele se tornaria gay.

“A gente passava por tanta dificuldade em casa… nem sempre tinha o que comer, chegamos a ficar meses sem energia elétrica. Como é que eu ia levar mais um problema para eles? Eles tinham abdicado da vida deles em São Paulo para ir comigo e com a minha irmã Daniele para o Rio. Ia falar sobre sentimentos e coisas pelas quais eu passava sendo que eles tinham tantas preocupações mais sérias?”, lembrou Diego.

Hoje, ele diz que se sente confortável para ir a festas sem se esconder, como no passado. Contou que já foi chamado de “Frankenstein” no meio da ginástica, mas se livrou de todos os “pesos” que carregava e teve a aceitação dos pais.

“Quero que as pessoas saibam que eu sou gay e que eu não tenho vergonha disso. E não é porque eu sou que outras pessoas vão querer ser. Isso não tem nada a ver. Já vivi muitos anos pensando no julgamento que os outros fariam sobre mim. Hoje só aceito ser julgado por Deus”, disse o medalhista, que hoje acredita ser importante falar sobre o assunto para ajudar outras pessoas.

“Eu preciso falar sobre essas coisas para que elas nunca mais se repitam. Ninguém precisa passar pelo que eu passei para ser campeão. Não existe vitória a qualquer custo”, falou.

No ano passado, o atleta já havia revelado ter sofrido abusos sofridos no esporte. Ele contou que atletas mais velhos já o fizeram segurar uma pilha com o ânus e o deixaram pelado, junto com outros dois ginastas, para escrever no peito a frase “Eu”, “sou”, “gay”.

“A minha felicidade era a ginástica, então se eu não pudesse ser completo na minha vida pessoal, nem tinha tanto problema. Eu ia continuar a esconder a minha sexualidade para manter vivas as minhas aspirações no esporte. E deu certo, né? Uma medalha de prata em Olimpíada. Dois títulos e outras três medalhas em Mundiais. Mais 69 em Copas do Mundo”. lembra o atleta, que pedia aos seus assessores para que jornalistas não abordassem o tema delicado em entrevistas com o ginasta.

Após ficar sem a medalha nas Olimpíadas de Pequim-2008 e Londres-2012, Diego deu a volta por cima no Rio de Janeiro. Mas também revelou um fato que o marcou antes da conquista: sofreu uma síndrome do pânico.

“Eu caí duas vezes em duas Olimpíadas, uma vez de cara, outra de bunda no chão, e enfrentei uma síndrome do pânico antes de conseguir a prata na Rio-2016 – contrariando as expectativas de todo mundo, menos as minhas. Realizei meu sonho e virei exemplo de superação para muita gente. Tenho muito orgulho do que fiz”.

 

Com Lance 

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