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Esportes Cenário dramático

Dispensado pelo Sesi, William diz que vôlei masculino está na UTI; central Éder vislumbra debandada

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(Foto: Everton Amaro/Fiesp)

Um dia depois de o Sesi-SP dispensar todo o seu time adulto em meio à pandemia do novo coronavírus, o levantador e capitão William Arjona (foto), campeão olímpico nas Olimpíadas do Rio 2016, afirmou que o “vôlei masculino brasileiro está na UTI”. O jogador de 40 anos se disse “triste” e abalado com o anúncio feito pela equipe, que foi campeã da Superliga em 2011 e vice em quatro oportunidades.

“Estamos todos nós sofrendo muito com o que acontece. Acabou atingindo o nosso esporte. O vôlei está na UTI. O vôlei masculino, principalmente. Eu vejo que no feminino até se cogitam contratações. Mas o que eu vejo no vôlei masculino é um vôlei na UTI. Não tenho visto movimentação de contratações, só vejo baixas. Fim de equipes como o Sesc-RJ e o Sesi. É preciso repensar esse modelo no pós-pandemia para que se possa atrair novos e bons patrocinadores”, disse.

“O vôlei masculino brasileiro é atual campeão olímpico e é triste ver essa situação. Eu pensei que não viveria para ver isso, principalmente depois da conquista de 2016. Eu achei que o esporte, principalmente o vôlei masculino, ia dar um salto de qualidade enorme. O momento é diferente de tudo o que a gente já viveu, mas tenho esperança”, destacou.

William, que contabilizou apenas três saídas de casa desde o decreto da quarentena, há quase 40 dias, fez questão de ressaltar que o Sesi tem cumprido todos os compromissos com os jogadores. Ele desconhece, porém, qual é a realidade de outros clubes – fora o Sesc-RJ, que anunciou em fevereiro que encerraria seu time masculino. Sua intuição não prevê um cenário positivo.

“É uma incógnita enorme. A gente vê o time de Taubaté contratando (o levantador Bruninho), o que é um sinal positivo. O Cruzeiro, mesmo com a redução, parece que já trouxe um estrangeiro. Mas são os dois times de maior poder aquisitivo. Não sei se vai haver mais baixas por desconhecer a realidade dos outros times. Eu achava que não iria acontecer algo assim no Sesi, e aconteceu. Ninguém sabe de nada”, concluiu.

 

DEBANDADA

Além de William, foram afetados pela decisão do Sesi outros jogadores com passagem pela seleção brasileira, como Murilo, Alan, Lucas Lóh e Éder Carbonera. Também campeão olímpico, o central tinha a renovação de contrato bem encaminhada antes da paralisação da Superliga. Com a suspensão dos jogos, o clube interrompeu as negociações explicando que precisaria entender o impacto financeiro da crise para depois remodelar o projeto.

Éder acredita que será necessário um esforço sem precedentes da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para atrair novos patrocinadores e assim manter o vôlei nacional minimamente competitivo e atrativo.

“Por mais que a gente esteja sentindo como o esporte faz falta na vida de todos, não vamos conseguir priorizar porque estamos batalhando pela vida e o bem estar da população. No começo vai ter que ser adaptado, sem torcida. Acredito que precisará de um esforço da Confederação para ajudar os clubes, ver novas possibilidades de forma de incentivo, talvez dar algumas facilidades aos patrocinadores para que possam entrar, ou mesmo novos clubes para ter uma superliga forte. No atual cenário acredito que tenha seis ou sete times apenas em condições de pagar jogadores e não criar dívidas. Vai ser preciso um esforço muito grande conjunto para conseguir superar isso”, disse.

Diante desse cenário de incertezas, Éder acredita na possibilidade de uma debandada dos principais jogadores do país para o exterior. Mesmo com algumas grandes ligas também fazendo cortes orçamentários, o central vê a desvalorização do Real em relação a moedas como o Euro como um atrativo a mais para essa mudança.

“Não é só no Brasil. Muitos times no mundo inteiro estão tendo dificuldades. O Bruninho falou que muitos times na Itália estão fazendo cortes significativos, de 20, 30% ou até mais. Mas por causa do câmbio, que está muito alto em relação ao que estava no passado, acaba sendo atrativo para o brasileiro para ir para a Europa num valor que, para eles (europeus), é aparentemente menor, mas que para o brasileiro acaba sendo atrativo. Com a perda de dois times grandes aqui (Sesi e Sesc-RJ) acho que pode acontecer uma debandada sim”, complementou.

 

Com Globo Esporte

 

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