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Esportes Rumo ao hexa

Geração 92 da Seleção perde meias pelo caminho, mas chega à Copa mais madura e em plena forma

Amigos de longa data e agora “trintões”, jogadores que fizeram história na base buscam a maior glória de suas carreira no Catar; técnico dos títulos no sub-20, Ney Franco vê evolução emocional

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(Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Os garotos que conquistaram a América do Sul e o mundo há 11 anos mudaram. Ganharam barba, títulos, reconhecimento e bagagem no futebol. Agora “trintões”, alguns dos principais expoentes da geração 1992 do Brasil, chegam à Copa do Mundo em plena forma e buscando o momento mais glorioso de suas carreiras.

Companheiros de Seleção desde muito jovens, Alisson, Alex Sandro, Danilo, Casemiro e Neymar trazem a amizade e o entrosamento de longa data como um trunfo para a conquista do hexacampeonato no Catar.

“Eles estão mais experimentados, fisicamente numa idade boa, a qualidade técnica com certeza melhorou ainda mais e entra também a questão da experiência emocional”, analisa Ney Franco, técnico que comandou o Brasil nas conquistas do Sul-Americano e do Mundial Sub-20 de 2011.

Porém, os dois principais meias daquela safra ficaram pelo caminho. Oscar, autor de três gols na final do Mundial sub-20, nunca mais foi convocado desde que se transferiu para a China, em 2017. Já Philippe Coutinho, outro protagonista daquela conquista e destaque do Brasil na Copa da Rússia, sofreu com lesões ao longo dos dois últimos anos, frustrando os planos do técnico Tite, que tentava recuperá-lo para o Catar.

Ainda há Lucas Moura, camisa 10 no Sul-Americano sub-20, que vem sendo reserva do Tottenham e desde 2017 não integra a Seleção.

Se muitos ficaram pelo caminho, há outros que ganharam espaço mais recentemente, como é o caso do lateral-esquerdo Alex Sandro, que disputará a sua primeira Copa do Mundo.

O reserva dele, Alex Telles, vive um caso ainda mais inusitado. Embora nascido em 1992, ele é um “intruso” nesse grupo que convive e joga junto desde as categorias de base.

“Eu estava num clube do Sul, o Juventude, que é um grande clube, mas normalmente os jogadores que são chamados para as seleções de base são de outros estados. Lembro também que na época tinha um jogador da minha posição, o Zezinho, que disputou o Sul-Americano com os meninos. Ele estava numa fase estrondosa e era uma joia do Juventude, jogava muita bola. E eu lembro que ele jogava de lateral e de atacante pela esquerda, então era uma disputa difícil para mim também’, diz o jogador do Sevilha, que completa.

“Eu sempre trabalhei para me preparar e esperar o meu momento, e o momento chegou na hora certa, né? Eu estava preparado e agora eu estou colhendo os frutos disso”.

O goleiro Alisson esteve com os companheiros na equipe sub-17 do Brasil, mas não participou dos títulos com o sub-20 em 2021.

“Nessa idade o Alisson estava abaixo dos outros jogadores pela constituição física. Ele é um pouco mais novo (nascido em outubro). Na época, optamos por levar o César, do Flamengo, e o Gabriel Vasconcelos, do Cruzeiro”, recorda Ney Franco.

União

Hoje na casa dos 30 anos, muitos daquela geração que despontaram como promissores não tiveram o sucesso no futebol que se imaginava no começo. Outros até construíram carreiras de sucesso, como Dudu, hoje no Palmeiras, e Willian José, do Betis, mas se afastaram da Seleção.

“Para nos sobressairmos tivemos que ter a ajuda de muita gente lá atrás, muitos outros sonharam estar aqui. Então, carregamos esse sonho e determinação que eles tiveram lá atrás. Carregamos o sonho de todos que fizeram parte e temos que entender essa responsabilidade”, opina o lateral Danilo, que também destaca a conexão dos membros da geração 1992 que estão na Copa do Catar.

“Depois do treino tem aquele trabalho de finalizações, e eu, Alex Sandro e Casemiro estamos sentados ao lado ou já até fomos embora fazer massagem, ficar na água fria… Não estamos mais na idade de gastar energia chutando depois do treino. O Neymar normalmente fica, mas eu falo: ‘Cara, para de chutar, porque a idade não permite mais gastar energia assim’ (risos). Cada um evoluiu, seguiu sua vida, mas é engraçado que quando chegamos na Seleção parece que ainda estamos naquele momento, tem sempre muita brincadeira, um entrosamento incrível”.

O quinteto que brilhou na base brasileira será titular na estreia na Copa do Mundo do Catar, nessa quinta-feira, às 16h (de Brasília), contra a Sérvia. Ao lado de uma safra de jovens atletas que vêm ganhando espaço na Seleção e outros veteranos que se aproximam do fim da carreira, eles tentarão coroar com o hexa a já vitoriosa geração 92.

Com Globo Esporte

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