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A dura lição aprendida pelo Bradesco – por Caio Gottlieb

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(Foto: Divulgação)

Dezenas de entidades representativas dos mais diferentes setores do agronegócio fizeram coro no final do ano em notas de repúdio ao Bradesco por patrocinar blogueiras que haviam postado um vídeo propondo um dia sem o consumo de carne bovina, acusando veladamente a pecuária de corte de ser a grande vilã na emissão de gases de efeito estufa, na esteira da cruzada insana e infame movida por governos e organizações ambientais com o objetivo populista de apontar culpados pelas mudanças climáticas que assolam o planeta.

Uma das melhores manifestações foi a do Sindicato Rural de Cascavel, especialmente pelo caráter didático do texto, trazendo informações e esclarecimentos que podem ajudar o público leigo a não se deixar contaminar por falsas narrativas sobre o tema.

Eis alguns dos principais trechos do documento:

“O agro brasileiro é responsável por mais de 20 milhões de empregos, alimenta 1,5 bilhão de pessoas e gera, a partir do cultivo da terra, mais de 1/3 do PIB de nosso país.

O Brasil pratica o plantio direto na palha, assim, é o país que mais retém carbono, economizando água e impedindo a emissão de metano na produção de alimentos em larga escala, além de criar o boi verde.

Possuímos o maior rebanho pecuário do mundo! São cerca de 220 milhões de cabeças, o que garante a nossa soberania alimentar e a de todas as nações para as quais exportamos. E fazemos tudo isso preservando quase 60% de nosso território com florestas originais e plantadas!

Incentivar o não consumo de carne como principal alternativa à potencialização da sustentabilidade é atacar, sem escrúpulos, o trabalho de milhares de profissionais que se esforçam, diariamente, para manter as famílias se alimentando e o país em desenvolvimento de forma sustentável.

Além disso, a campanha simplesmente ignora a evolução da ciência e do esforço dos produtores, já que as práticas do agro são constantemente atualizadas para diminuírem a emissão de carbono na terra, sobretudo na atividade pecuária, onde o próprio boi equilibra e praticamente zera a emissão dos gases de efeito estufa.”

Tão logo percebeu a encrenca em que havia se metido ao provocar, ainda que de maneira indireta, a ira de uma das parcelas mais importantes de sua clientela, a segunda maior instituição financeira do país divulgou uma carta aberta para desautorizar o infeliz material publicitário e reiterar que “ao longo de seus quase 79 anos de história sempre apoiou de forma plena o segmento do agronegócio brasileiro, estabelecendo parcerias sólidas e produtivas. Tal opção é baseada em sua crença indelével nesse segmento enquanto vetor de desenvolvimento social e econômico do país”.

Lamentando a “posição descabida de influenciadores digitais associados à sua marca em relação ao consumo de carne bovina”, o banco ressaltou que tal atitude não representa a sua visão, frisando que “acredita e promove direta e indiretamente a pecuária brasileira.”

Por fim, asseverou que, “diante do ocorrido, medidas foram imediatamente tomadas incluindo a remoção do conteúdo de ambiente público, e, além disso, ações administrativas internas severas.”

Era, aliás, o mínimo a ser feito para mitigar os imensos estragos causados em sua imagem e encerrar um episódio que deve ter alertado as grandes corporações para terem mais cuidado na seleção e na gestão de seus parceiros no pantanoso mundo das mídias digitais.

 

Caio Gottlieb é jornalista, publicitário, fundador e sócio-proprietário da Caio Publicidade, agência de propaganda com mais de três décadas de atuação em Cascavel e no Oeste do Paraná. Blog: caiogottlieb.jor.br

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