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A relação da falta de estudos e da pobreza entre brasileiros – por Dilceu Sperafico

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O Brasil precisa com urgência colocar suas riquezas e seu imenso potencial de desenvolvimento a efetivo serviço da população. Não bastassem as tragédias de 60% das crianças e adolescentes do país enfrentarem situação de pobreza e da existência de quase 28 milhões de trabalhadores desempregados, temos a lamentar nova e vergonhosa informação dando conta que quase 30% dos brasileiros são analfabetos funcionais.

Essas lamentáveis estatísticas demonstram que há muitos erros, omissões e abusos na gestão dos recursos do país, pois, até prova em contrário, o Poder Público não está a serviço da maioria dos cidadãos.

Para combater a pobreza e a fome, como se sabe, a União tem programas como o da Bolsa Família e Estados e municípios desenvolvem suas próprias iniciativas, com a mesma finalidade, investindo recursos elevados na assistência social.

Na questão educacional, conforme o Ministério da Educação, as ações do governo federal para reverter essa situação são o Brasil Alfabetizado e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), destinado a pessoas de 18 a 29 anos de idade, que não concluíram a escolarização no tempo adequado.

Da mesma forma, há o apoio suplementar à alfabetização, através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que sendo ensino básico é de responsabilidade de Estados e municípios.

Mesmo assim, 29% dos jovens e adultos brasileiros, com idades entre 15 a 64 anos, o equivalente a cerca de 38 milhões de pessoas, são considerados analfabetos funcionais.

Essas pessoas têm enormes dificuldades de entender e se expressar por meio de letras e números, mesmo em situações rotineiras ou cotidianas, como fazer contas de pequenas compras em feiras e supermercados ou identificar informações em cartazes de vacinação ou publicidades de empresas.

Diante disso, com o avanço da tecnologia e as novas exigências do mercado do trabalho, essas pessoas têm cada vez maiores desafios para conquistar emprego formal ou elevar um pouco sua remuneração, visando a garantia de despesas básicas da família, como alimentação, moradia, água, energia elétrica, remédios e vestimentas.

O mais triste de tudo isso é que há dez anos a taxa de brasileiros considerados analfabetos funcionais está estagnada, o que demonstra a ineficiência de programas de alfabetização de todos os níveis de governo e a perda de esperança em futuro melhor, por parte dessas pessoas totalmente marginalizadas da era da informação e do mundo virtual.

Na faixa de 29% de brasileiros classificados nos níveis mais baixos de proficiência e escrita, 8% são analfabetos absolutos, pois não conseguem ler palavras e muito menos frases, enquanto os 21% restantes estão no nível considerado rudimentar, pois não identificam datas e outras informações em calendários, por exemplo.

O Plano Nacional de Educação, de 2014, previa a erradicação do analfabetismo absoluto no país até 2024 e o Programa Brasil Alfabetizado, do governo federal , chegou a contar com um milhão de pessoas atendidas, que em 2018 somam apenas 250 mil.

Com isso, mesmo entre a população que tem mais anos de estudos, o índice dos plenamente capazes de se comunicar pela linguagem escrita não mudou nos últimos anos, com somente 12% dos cidadãos no nível proficiente, que é o mais alto, demonstrando que políticas de educação de jovens e adultos no Brasil são ineficientes.

*O autor é deputado federal pelo Paraná licenciado e chefe da Casa Civil do Governo do Estado
dep.sperafico@uol.com.br

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