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Brasil ainda tem 1,2 milhão de pessoas em lares sem banheiro; 5,4 milhões vivem com 4 ou mais, aponta Censo

Números apontam que fatia dos que vivem sem banheiro caiu de 7,7% em 2010 para 0,6% em 2022

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(Foto: Agência Brasil)

Em 2022, o Brasil tinha 1,2 milhão de pessoas vivendo sem nenhum banheiro ou sequer um sanitário, e 5,4 milhões em lares com quatro banheiros ou mais, segundo dados do Censo divulgados na sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esses números equivalem, respectivamente a 0,6% e 2,7% da população brasileira, de 203 milhões de habitantes. Os 97,8% que têm algum banheiro estão divididos em:

1 banheiro: 62,58%
2 banheiros: 26,18%
3 banheiros: 6,33%
4 banheiros: 2,67%

A fatia da população sem banheiro caiu desde 2010, e o avanço aconteceu em todas as regiões. As maiores elevações ocorreram nas regiões Norte e Nordeste.

Apesar do avanço, ambas ainda estavam, em 2022, em patamares inferiores aos que as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tinham em 2010.

Pretos e pardos são 69% dos que não têm esgoto

Os dados divulgados nesta sexta pelo IBGE mostram ainda que o Brasil tem 49 milhões de pessoas vivendo em lares sem descarte adequado de esgoto.

Esse número equivale a 24% da população brasileira. Entre os pretos e pardos – grupos que compõem pouco mais da metade da população brasileira – o percentual sobe para 68,6%. Veja:

Pardos são 45,3% da população brasileira, e 58,1% dos sem esgoto adequado;
Brancos são 43,5% da população brasileira, e 29,5% dos sem esgoto adequado;
Pretos são 10,2% da população brasileira, e 10,4% dos sem esgoto adequado;
Indígenas são 0,8% da população brasileira, e 1,7% dos sem esgoto adequado;
Amarelos são 0,4% da população brasileira, e 0,1% dos sem esgoto adequado.

É considerado descarte adequado o esgoto que vai para as redes públicas de coleta (geral ou pluvial) ou para fossas sépticas ou com filtro, ainda que depois de passar por esses equipamentos não sejam destinados para essas redes.

As outras formas – uso de fossa rudimentar ou buraco, descarte direto em rios ou no mar, por exemplo, são consideradas inadequadas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico.

Acesso à água

A falta de um abastecimento adequado de água atingia 6,2 milhões de brasileiros em 2022.

Assim como acontece com o descarte de esgoto, há diferença entre os diferentes grupos raciais. Pretos e pardos representam 72% da população sem acesso adequado a água. Brancos, 24%.

Em 2022, eram considerados abastecimento adequado o acesso por rede de distribuição (82,9%), poço profundo ou artesiano (9%), poço raso, freático ou cacimba (3,2%) e fonte, nascente ou mina (1,9%).

Os inadequados são carro-pipa (1%), rios, açudes, córregos e igarapés (0,9%), água de chuva armazenada (0,5%) ou outras formas de abastecimento (0,6%).

A dependência de carro-pipa ou água da chuva está concentrada no Nordeste, enquanto a de rios, açudes, córregos e igarapés, na Norte.

Como os critérios mudaram, não é possível comparar exatamente como evoluiu o acesso adequado à água entre 2010 e 2022. Mas, a proporção de moradores com água encanada em casa – independentemente se vem da rede ou de um poço artesiano, por exemplo – subiu de 89,3% para 95,1%.

Outra informação relativa ao abastecimento de água foi a forma como a água chega até o domicílio. Para domicílios onde vivem 192,3 milhões de pessoas, representando 95,1% da população, a água chegava encanada até dentro da residência – ou seja, diretamente em torneiras, chuveiros e vasos sanitários.

Já para 2,5% da população, a água chegava encanada, mas apenas até o terreno. Para outros 2,4%, a água não chegava encanada – ou seja, precisava ser transportada em baldes, galões, veículos ou outros recipientes.

Coleta de lixo

No total, o percentual geral de pessoas morando em residências com coleta de lixo subiu de 85,8% para 90,9% entre 2010 e 2022, no país. Mas também persistem desigualdades regionais.

Na Região Norte, a proporção da população atendida pela coleta de lixo domiciliar em 2022 foi de 78,5%. Já na Região Sudeste, o percentual obtido foi de 96,9%. Em situações intermediárias se encontravam as Regiões Nordeste (82,4%), Centro-Oeste (93,1%) e Sul (95,3%).

O Maranhão foi o estado que mais ampliou a coleta de lixo na última década, passando de 53,5% para 69,8%. Apesar do avanço, o estado ainda tem a pior proporção nacional de cobertura na coleta de resíduos sólidos do país, seguido de Piauí (73,4%) e Acre (75,9%).

Os dados de 2022 dos três estados mencionados acima ainda são inferiores ao que os três estados com melhor colocação no ranking (São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro) haviam apresentado em 2010.

A proporção de pessoas que moram em apartamentos vem crescendo nas últimas décadas. Em 2000, o índice estava em 7,6%, passando para 8,5% em 2010, até chegar a 12,5% em 2022.

A grande maioria da população, no entanto, ainda vive em casas: 84,8%. Enquanto o Piauí tem a maior proporção de pessoas em casas (95,6%), o Distrito Federal lidera em apartamentos (28,7%).

Dos mais de 5 mil municípios do país, só três fogem à regra nacional e têm apartamentos como forma predominante de habitação da população:

Santos (SP): 63,45%
São Caetano do Sul (SP): 57,22%
Balneário Camboriú (SC): 50,77%

A maior proporção de ocorrência dos domicílios do tipo “casa de vila ou em condomínio” foi registrada no Rio de Janeiro (5,9%).

Outros dados do Censo 2022

As informações do Censo 2022 começaram a ser divulgadas em junho de 2023. Desde então, foi possível saber que:

O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que o estimado pelas projeções iniciais;

O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, que são 51,5% do total de brasileiros;

1,3 milhão de pessoas se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na História em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;

O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;

Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.

Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos.

Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.

Com G1

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