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Brasil é o país com maior risco de violência contra crianças na América Latina

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Cerca de 70% dos brasileiros sentem que nos últimos cinco anos a violência contra as crianças e os adolescentes tem aumentado. A constatação é da ONG Visão Mundial, que em parceria com o Instituto IPSOS, analisou 13 países latino-americanos e verificou que 13% da população no Brasil classifica o país com alto risco de violência contra crianças, ficando à frente do México (11%).

A pesquisa mostra, também, que a cada 10 brasileiros três conhecem pessoalmente uma vítima de violência infantil. Além disso, 83% concordam que as consequências da violência têm efeito negativo na saúde infantil e que podem aparecer nas relações sociais da vida adulta, e 81% veem a violência como algo prejudicial à educação infantil.

Entre as várias formas de violência pontuadas no estudo, algumas foram apontadas como alvos prioritário de combate diante de seu alto teor de prejuízo às crianças. A ameaça on-line, por exemplo, é a mais alarmante para 92% dos entrevistados.

De acordo com Karina Lira, assessora de proteção à infância da Visão Mundial, os resultados obtidos com a pesquisa são fundamentais para que a população reconheça os efeitos da violência nas mais diversas dimensões da vida de uma criança. “Além disso, ele reforça ainda mais a urgência na implementação de soluções para a violência contra crianças e adolescentes no país”, diz.

 

Conscientização e percepção da realidade

O estudo mostrou ainda que a mídia é um importante influenciador sobre a conscientização pública da violência para os brasileiros. Isso acontece porque 88% da população depende de meios de informação como TV, jornais, revistas ou rádio, para se informar, e busca por notícias relacionadas ao assunto, nesses espaços.

Mas apesar disso, durante as entrevistas foi observado que os brasileiros têm uma percepção diferente daquela que as estatísticas sobre violência apresentam. A maioria, por exemplo, acredita que o ambiente doméstico é o mais seguro para crianças e adolescentes. Porém, somente em 2015 foram registradas 80.437 denúncias de violências no espaço familiar.

 

Baixa confiança em instituições públicas e privadas

Outro aspecto apontado pela pesquisa diz respeito à confiança da população nas instituições que existem para proteger seus filhos. 59% dos brasileiros dizem que os governos não estão dispostos a tomar medidas suficientes para acabar com a violência contra crianças e adolescentes e 60% pensam que os governos não têm os meios para enfrentar a violência, independente das leis.

“A baixa confiança das pessoas nas instituições que existem para proteger seus filhos é preocupante”, diz Karina. “Assim como a maioria dos entrevistados, compreendemos que surge a necessidade de investimentos e esforços de uma rede de instituições para que as crianças estejam protegidas”, explica.

De acordo com a especialista, esse cenário só mudará a partir de uma abordagem multidisciplinar e intersetorial que inclua a colaboração de organizações religiosas, famílias, mídia e até empresas, na proteção das crianças contra a violência.

 

Causas da violência

O alcoolismo e abuso de drogas (65%) ficou com o topo do ranking, logo após o abuso por pessoas que foram vítimas (55%), seguido de crime organizado (54%), falta de conhecimento (53%), pobreza (52%), crianças ferindo outras crianças (34%), atitudes e práticas culturais (29%), grupos terroristas e extremistas (15%) e, por fim, abuso pelas Forças Armadas (14%).

Ainda segundo a pesquisa, acredita-se que as crianças são mais propensas ao risco de violência quando estão fora da casa. Outros espaços públicos são os mais arriscados (52%) que a própria casa (21%), a escola (13%), o transporte público (6%) e os espaços religiosos (3%).

A pesquisa avaliou a opinião de 5.826 pessoas em espanhol e português nos seguintes países: Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua e Peru, por meio dos questionários online, e em El Salvador por telefone. No Brasil, foram entrevistados 505 brasileiros com mais de 16 anos de idade.

 

Com informações Gazeta do Povo

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