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Câncer de pele é uma doença silenciosa; preste atenção nas pintas

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É importante observar alterações nas pintas e manchas do corpo. Entre os tipos de câncer, melanoma é o mais grave, podendo ser fatal

O câncer de pele é silencioso, não tem dor, não tem sintoma. Pode ser descoberto num olhar. Por isso, ser o detetive do próprio corpo é muito importante e pode prevenir consequências maiores da doença.

O câncer de pele é uma lesão que aparece na pele e que tem uma característica de crescimento lenta, sem sintomas, não incomoda, não coça, não dói e pode surgir de diversas formas, às vezes em forma de manchas, cascas ou bolinhas, explica a dermatologista Fabíola Welter Ribeiro.

Segundo ela, como as pessoas não se incomodam com o câncer de pele, ele acaba tendo tempo para crescer, se aprofundando e tomando conta de algumas regiões da pele. Por conta disso, comenta, no momento do tratamento acaba sendo preciso realizar a retirada de uma porção um pouco grande de pele.

 

Melanomas e não melanomas

O câncer de pele é dividido em dois principais tipos. Mais agressivo e letal, o melanoma surge, geralmente, a partir de uma pinta escura. Já os não melanomas, divididos em carcinoma basocelular e espinocelular, costumam aparecer sob a forma de lesões que não cicatrizam. O melanoma é o mais perigoso, enquanto ele cresce no lugar em que aparece, também está enviando células para outras áreas e órgãos do corpo, o que chamamos de metástase. E isso faz com que o melanoma seja fatal, explica a dermatologista.

Os outros dois tipos de câncer – carcinoma basocelular e espinocelular – se desenvolvem mais lentamente no sentido de metástase. Conforme Fabíola, na maioria das vezes, tanto o basocelular quanto o espinocelular crescem localmente, sem afetar outros órgãos. Mas como também é uma lesão que não incomoda, a pessoa acaba deixando muito tempo esse problema na pele, e quando vamos fazer o tratamento, e se tratando de uma lesão operável, acabamos tendo que fazer a retirada de uma grande parte da pele da região afetada, o que causa cicatrizes e problemas estéticos, destaca a dermatologista.

 

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Maioria dos melanomas é do tipo extensivo superficial e apresentam manchas com cores diferentes, bordas irregulares, tamanhos e formatos diversos

 

 

Como diagnosticar?

A lesão maligna de pele geralmente é rósea, avermelhada ou escura; apresenta crescimento lento, mas progressivo. Também pode ter o aspecto de ferida que não cicatriza ou de pintas que crescem devagar, mas que coçam, sangram ou apresentam alterações de cor, consistência e tamanho (geralmente maior que 6 mm). Outras características importantes dessas lesões são a assimetria e as bordas irregulares. Como os cânceres de pele podem apresentar características diversas, a pessoa deve procurar um médico sempre que notar uma lesão nova ou quando uma lesão antiga sofrer algum tipo de modificação, alerta Fabíola.

Ela explica que o diagnóstico leva em conta o aspecto clínico da lesão, sua coloração e forma e o resultado da biópsia dos tecidos da própria lesão e dos que estão ao seu redor. O diagnóstico precoce é muito importante, já que a maioria dos casos detectados no início apresenta bons índices de cura, revela.

 

Tratamento

De acordo com a dermatologista, o tratamento inicial consiste na retirada cirúrgica da lesão e do tecido ao redor. Existem outros tratamentos, como quimioterapia e radioterapia, mas geralmente estes são aplicados em casos de melanoma, por ser um câncer mais agressivo, ou para quando não há a possibilidade de operar o câncer, expõe.

Depois que é feita a retirada da lesão, o acompanhamento médico ao paciente continua por um tempo aproximado de cinco anos, informa Fabíola. Caso não houver reincidência durante este período, a pessoa terá alta deste tratamento, pois o câncer não retornará mais no mesmo local, menciona.

A especialista comenta que não existe medicação oral para tratar o câncer de pele que já foi retirado, apenas acompanhamento médico feito a partir da ida regular ao dermatologista, aliado a cuidados específicos com a pele, observação de novas manchas, pintas ou quaisquer outros sintomas e sinais diferentes na pele.

 

Prevenção e cuidados

Como prevenção, a dermatologista aponta como dica principal a proteção do sol com chapéus, camisetas e protetores, principalmente entre 10 e 16 horas. Ela alerta que o uso do bloqueador solar é essencial também em dias nublados. É recomendado o uso diário do filtro solar, pelo menos a cada duas horas durante a exposição solar. Além disso, é bom lembrar que a partir dos seis meses de idade a criança já pode usar protetor solar, isso irá diminuir a probabilidade dessa pessoa ter câncer de pele no futuro, enaltece.

Outra medida importante, segundo Fabíola, é observar as pintas no corpo. Ela menciona que geralmente as pessoas se preocupam mais com as pintas em alto relevo, sendo que o risco maior de melanoma é por causa das pintas lisas. É importante que haja sempre um acompanhamento, examinando toda a pele, porque o câncer de pele pode aparecer em lugares pouco comuns, como na sola do pé, palmas da mão e ao redor das unhas, avisa.

 

Sol, o grande vilão

A exposição excessiva ao sol é o principal fator de risco para o surgimento de canceres de pele tipo melanoma, que, se descoberto em fase tardia, pode ser fatal. No entanto, além da exposição solar, os cabelos e olhos claros, sardas, história prévia de câncer de pele na família e pintas escuras pelo corpo também são fatores de alerta. Na nossa região, em especial, existe um grande índice de câncer de pele por conta da origem da população, ou seja, há um maior número de pessoas de pele clara e que estão constantemente em contato com a exposição solar, principalmente nas atividades que envolve a agricultura ou pecuária, aponta Fabíola.

A dermatologista revela que o câncer de pele mais comum na região, assim como em todo país, é o basocelular e o espinocelular. Segundo ela, ambos têm relação direta com a exposição solar. O melanoma é o câncer menos frequente, até porque não está tão relacionado à exposição solar, informa.

O carcinoma basocelular é o mais frequente tanto na população jovem quanto em indivíduos acima de 60 anos. Aparece geralmente em áreas expostas ao sol, como nariz, testa, lábios, orelhas, pescoço, dorço de mão, antebraços, braços, colo, rosto e couro cabeludo, expõe a dermartologista.

 

Tanto a exposição ao sol acumulada ao longo da vida quanto os episódios ocasionais de exposição intensa (que em geral provocam queimaduras) contribuem para provocar os danos que podem resultar em um carcinoma basocelular

 

 

Incidência maior

Alguns estudos apontam que até os 18 anos as pessoas já tomaram todo o sol necessário para desenvolver algum tipo de carcinoma mais tardiamente, então o câncer de pele que alguém tem hoje pode ser consequência do sol que tomou há muito tempo, diz Fabíola.

Em pessoas com mais de 30 anos, a profissional explica que há uma probabilidade maior de encontrar um câncer de pele, já casos de carcinomas em pessoas mais jovens são mais raros de serem diagnosticados. Eu, por exemplo, ao longo dos dez anos que trabalho com dermatologia, encontrei aproximadamente uns 15 casos de câncer de pele em pessoas com menos de 30 anos, comenta.

As pessoas acima de 50 ou 60 anos, que normalmente são atendidas pela especialista, já tiveram seu primeiro câncer de pele e estão na segunda ou terceira lesão, por isso, Fabíola afirma que o câncer de pele não é hereditário. Ela menciona que o que é herdado é o tipo de pele e, dependendo do nível de exposição solar, pode acarretar em um tipo de carcinoma.

 

Realidade de quem sente na pele

A rondonense Celia Madalina Almeida, de 45 anos, estava aguardando na fila de espera há quase dois anos para realizar sua primeira consulta com um dermatologista pelo sistema público de saúde. A angústia da espera terminou no último sábado (08), quando ela finalmente foi atendida por um dermatologista na Unidade de Saúde 24 Horas, durante o mutirão de atendimentos realizados por profissionais especializados da Uopeccan de Cascavel.

Celia sofre de um tipo de dermatite de contato, que se caracteriza por ser uma reação inflamatória na pele decorrente da exposição a um agente capaz de causar irritação ou alergia. No caso da rondonense, a irritabilidade na pele é decorrente do uso de produtos químicos, como produtos de limpeza. Após manusear tais produtos, Celia conta que a pele de suas mãos começa a descamar e algumas vezes a expelir água com sangue. Mesmo usando luvas, afeta igual e isso é algo que atrapalha muito, principalmente no dia a dia, ainda mais que sou uma pessoa que gosta de limpeza, lamenta.

A rondonense relata que já havia ido uma vez ao dermatologista, logo no início do problema, porém não adiantou. Passado algum tempo, resolvi procurar um clínico geral que, então, me encaminhou novamente para uma consulta com um dermatologista. Desta vez espero que resolva, declara.

Dermatologista ou oncologista?

Uma dúvida comum entre muitas pessoas é se quem realiza o tratamento de câncer de pele é o profissional dermatologista ou o oncologista. Sobre isso, Fabíola explica que o especialista que trata câncer de pele é o dermatologista com o auxílio do cirurgião oncológico, responsável, principalmente, pela retirada cirúrgica da lesão. O primeiro profissional a ser procurado é o dermatologista, que, ao examinar, conseguirá detectar o câncer de pele. Após a detecção, iremos orientar o melhor tratamento. Na maioria das vezes, precisamos encaminhar para o cirurgião oncológico para que haja um tratamento adequado, esclarece. Em casos de melanoma, por exemplo, que será preciso realizar uma quimioterapia, o dermatologista encaminhará o paciente para um cirurgião oncológico, complementa.

 

Recomendações

– Faça um autoexame de pele regularmente e observe se há alguma mancha, lesão, ferida, sinal ou pinta nova ou que apresente alguma modificação. Não se esqueça de examinar também a palma das mãos, os vãos entre os dedos, a sola dos pés e o couro cabeludo;

 

– Evite a exposição excessiva ao sol, principalmente entre 10 e 15 horas. Use filtro solar com proteção adequada ao seu tipo de pele, além de chapéu e roupas para se proteger;

 

– Evite as queimaduras de sol, principalmente durante a infância e a adolescência, fase em que as pessoas   costumam expor-se mais ao sol;

 

– Não exagere na exposição dentro das câmaras de bronzeamento artificial, porque elas também emitem raios ultravioleta;

 

– Procure um médico dermatologista com regularidade, se você tem pele muito clara, que fica vermelha facilmente quando exposta ao sol, e/ou histórico de câncer de pele na família.

 

Fila zerada

A Secretaria de Saúde de Marechal Cândido Rondon conseguiu zerar a fila de atendimentos em dermatologia. Na última sexta-feira (07) e sábado (08), especialistas em Dermatologia e Oncologia da Uopeccan de Cascavel realizaram atendimentos na Unidade de Saúde 24 Horas a fim de diagnosticar precocemente a doença e encaminhar o paciente para tratamento.

Segundo a secretária de Saúde, Marciane Specht, haviam 185 pacientes com problemas de pele na fila de espera aguardando a primeira consulta. Em contrapartida, o número de pessoas atendidas aumentou. Ao todo, 119 pessoas foram atendidas na especialidade de Oncologia e 105 em Dermatologia, extinguindo, assim, a fila de espera.

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