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“Conversas para uma eventual candidatura à reeleição já estão em curso”

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Exatamente hoje (07) estamos a um ano e um mês da eleição municipal de 2012, que acontece em 07 de outubro. Pode parecer muito tempo, mas nos bastidores políticos de Marechal Cândido Rondon as conversas já estão intensas visando definir quem serão as lideranças que devem participar diretamente do processo eleitoral, seja no campo majoritário ou na proporcional.
Ao que tudo indica, a dobradinha do prefeito Moacir Froehlich (PMDB) com o vice-prefeito Silvestre Cottica (PP) deve ser mantida para que ambos possam concorrer à reeleição pelo grupo de situação. Ontem (06), o chefe do Poder Executivo rondonense esteve no Jornal O Presente, ocasião em que concedeu entrevista e falou sobre as eleições, fez uma avaliação do governo municipal e da relação com os partidos políticos da base aliada, comentou sobre obras que estão com o andamento prejudicado devido à transição dos governos estadual e federal e ao período de moratória, dentre outros assuntos.

Confira.

O Presente (OP): Estamos a quase um ano das eleições municipais. O senhor já decidiu se será candidato à reeleição?
Moacir Froehlich (MF): Essa questão pode ser resumida em uma frase tão antiga que vale até hoje: ninguém é candidato sozinho. As candidaturas normalmente se constroem através da conversa, do entendimento e do diálogo. Assim aconteceu quando fui eleito prefeito e já estão em curso conversas para a possibilidade de uma eventual candidatura à reeleição. Penso que depende do nosso conselho político, dos partidos que estão na atual aliança e também depende de concluirmos, se não na integralidade, aproximadamente 70% a 80% do plano de governo para que o grupo e, acima de tudo, a população acreditem na gente para um eventual novo mandato.

OP: Caso seja confirmada a sua candidatura à reeleição, com quais partidos o senhor preferencialmente contará?
MF: Mantivemos durante todo este período os partidos que nos apoiaram na eleição, que além do PMDB e PP tem o PT, PV, PDT e PR. Eventualmente pode se aliar outro partido que hoje está neutro. A própria aliança com o Governo do Estado pode ensejar uma aproximação maior do PSDB com o PMDB local. Não posso falar isso como uma afirmativa, mas o diálogo é bom. O vereador Guido (Herpich) tem apoiado as boas iniciativas do governo e tem estado próximo da gente. Então poderíamos vir a ter um sétimo partido na aliança.

OP: Neste sentido o senhor tem conversado com o novo presidente do PSDB, Dante Tonezer?
MF: Não, isso não aconteceu até porque essa questão é muito recente. Acho que isso precisa ser resolvido primeiro internamente. O grupo do Guido e o grupo do Dante precisam ter um entendimento para que possa ocorrer uma conversa oficial. Se ele (Dante) vier me visitar vou lhe receber, até porque tenho respeito por ele, que foi meu diretor quando eu era secretário de Agricultura.

OP: A exemplo da última eleição, é certo que parte do PSDB vai lhe apoiar?
MF: Creio que sim. Na eleição passada uma boa parte dos filiados do PSDB me apoiou.

OP: Um partido que se fortaleceu durante o período do governo é o PP. Caso seja reconduzida a sua candidatura, pretende-se manter a mesma chapa na majoritária?
MF: Esta é uma conversa que está em curso. Em alguns momentos, deputados federais se manifestaram em eventos públicos dizendo que seria importante para Rondon a manutenção desta aliança. Recentemente, o deputado estadual Ademir Bier também declarou ao Jornal O Presente da legitimidade de uma eventual candidatura de Moacir e Cottica e do PMDB e PP seguirem nesta coligação ocupando os cargos da majoritária. Estou relatando o que tenho escutado. Estou satisfeito com o próprio trabalho do PP e a representação do deputado Dilceu Sperafico é muito importante para o município, pois ele tem trazido muitos recursos para Rondon.

OP: Na última eleição o senhor contou com uma vitória e uma derrota. No governo federal houve a manutenção de Jorge Samek no cargo de diretor da Itaipu, o que foi altamente benéfico, e no governo estadual o seu candidato foi derrotado. Nas atuais circunstâncias, o senhor acredita que a situação que comanda no município está fortalecida?
MF: A situação está muito fortalecida. Nós temos clareza do que queremos e o que já fizemos valeria o mandato se compararmos com períodos anteriores, com base no que fizemos em dois anos e meio em termos de obras e serviços. É um grupo coeso, tanto é verdade que durante o período não produzimos nenhum tipo de escândalo. Mesmo que haja eventuais divergências e necessidade de realinhar as coisas, nunca tivemos publicamente qualquer animosidade de nenhum dos partidos. Tudo o que fizemos até hoje trabalhamos de forma coesa. Vejo o nosso grupo muito fortalecido na administração municipal.

OP: Desde o início do governo o senhor tem recebido críticas acentuadas e ataques inclusive de alguns opositores. O senhor entende que a oposição hoje está unida ou vem dividida para as próximas eleições?
MF: Tenho ouvido que são vários pré-candidatos na oposição. Se estará unido ou não, eu não tenho como afirmar, pois é um trabalho que está sendo feito no outro grupo. Quanto às críticas, elas são pontuais e as figuras que criticam são conhecidas, o povo de Marechal Rondon também conhece há décadas. São os inconformados com relação a seus interesses pessoais, ou seja, quando seus interesses pessoais não são atendidos, são críticos.

OP: O senhor acredita que é mais difícil disputar uma eleição hoje contra um adversário tradicional ou contra alguém que era do seu grupo na eleição passada, como, por exemplo, é o caso do vereador Ítalo Fumagali?
MF: Em tese sempre é melhor enfrentar quem é adversário histórico. O tal do fogo-amigo como dizem é sempre ruim. Isto porque é uma pessoa que conhece os nossos pensamentos, os nossos pontos fracos e fortes. Contudo, não é o caso do Fumagali. Fomos vereadores na mesma legislatura, eu fui secretário de Agricultura quando ele foi secretário de Saúde por um curto período e teve suas diferenças com o então prefeito Ademir Bier.

OP: Com o Fumagali na disputa, o senhor acredita que a eleição ficará mais acirrada?
MF: Não tenho como saber. Me amparo tão somente em pesquisas populares que auferem a satisfação da população e na força do meu trabalho. Absolutamente não saberia responder esta questão. Se ele for candidato, vamos enfrentá-lo e trabalhar para ganhar a eleição.

OP: No que o senhor acredita que a aproximação do PMDB com o governo de Beto Richa pode facilitar um eventual processo de reeleição?
MF: Não tendo um governador que venha na sua seara com candidato de oposição debaixo do braço já é uma grande coisa. Lógico que também tem que saber como este líder está junto com a população como um todo e se consegue transferir apoio político. A priori penso que é sempre bom não ter um líder maior que venha com um candidato para uma campanha política dentro de seu município. O que posso dizer hoje é que torço pelo governo do Beto Richa tal qual foi o governo de seu pai, José Richa, que foi um homem honrado e com capacidade empreendedora. Espero que o Beto tenha esse legado e consiga fazer um ótimo governo. O Elio (Rusch) já é da base aliada e o Ademir Bier aderiu ao governo junto com a bancada do PMDB mais recentemente. Mesmo que isso gere um desconforto no diretório estadual ou até mesmo que o (Roberto) Requião e o (Orlando) Pessuti não concordem integralmente com essa decisão, no fundo todos precisam entender que isso é bom para o Paraná. E se é bom para o Paraná é bom para Marechal Cândido Rondon.

OP: Como e onde o seu governo é diferente dos anteriores a ponto de acreditar que o eleitor vai lhe confiar eventualmente um segundo mandato?
MF: É um governo comprometido com as questões do município e não tenho dúvida ao afirmar isso. O Cottica e eu viemos para fazer a coisa certa e estamos lutando bravamente para recuperar o tempo perdido. Tenho dito publicamente e reafirmo que Marechal Cândido Rondon continuou crescendo nesta última década por força da sua gente, das empresas e da capacidade de organização das cerca de 300 entidades. Isso é algo extraordinário e que fez com que o município andasse por si só. No entanto, a parte do Poder Público ficou para trás: o ir e vir, os contornos da cidade, o pavimento urbano, o trânsito, a pavimentação no interior, dentre outros. Na área da saúde eu e o Cottica estamos enfrentando um problema que é antigo no município. Não posso julgar os hospitais particulares que eventualmente deixaram de fazer o atendimento pelo SUS, pois tiveram seus motivos e suas razões. O que posso julgar são aqueles que o fizeram com motivação política e que no momento em que mais o município precisava deixaram de atender aquilo que é obrigação do governo federal. Estamos arcando integralmente, mas vamos definitivamente resolver esta questão ao ter o hospital do município. Na hora que ele estiver adequado às exigências atuais do SUS, passaremos a receber o que o hospital que se descredenciou recentemente recebia, o que dá cerca de R$ 2 milhões por ano. Com esse recurso poderíamos fazer mais 15 quilômetros de pedra irregular no interior do município se tivéssemos este dinheiro que hoje estamos deixando de receber do governo federal e integralmente estamos arcando com nosso orçamento na saúde. Na educação recuperamos totalmente a autoestima dos nossos profissionais ao fazer um plano de cargos e salários, reforma e recuperação das escolas, ampliação de 700 vagas para crianças no maternal e berçário sem até então ter construído creche. Compramos área e definitivamente agora vamos ter a rede de esgoto em funcionamento; estamos construindo o aterro sanitário; investimos R$ 2 milhões para compra de área para implantação de laboratórios da Unioeste; no Condomínio de Agroenergia da Linha Ajuricaba a prefeitura está investindo R$ 1 milhão que poderíamos utilizar em outra área, mas estamos acreditando no futuro do município. A história mostra que os grandes líderes foram os que empreenderam e olharam para frente.

OP: O senhor acredita que durante a campanha eleitoral a população vai perceber claramente que o seu governo tem diferenças fundamentais com relação aos anteriores que foram rejeitados pela comunidade?
MF: Não tenho dúvida disso. Quando formos fazer um raio-x do governo e do que outros vão propor, vai ficar evidente que as propostas dos outros candidatos são aquilo que já estamos fazendo.

OP: O senhor já reclamou publicamente da dificuldade que é governar um município durante a transição do governo estadual e federal. Quais obras serão prejudicadas com esse bloqueio de recursos que se criou?
MF: Essa é uma bandeira que assumi publicamente no Conselho dos Lindeiros e através de uma moção na Amop. Já falei para os deputados (Moacir) Micheletto e o Sperafico e ontem (segunda-feira, 05) em Toledo reforcei junto aos deputados federais e para o senador Sérgio Souza, que em algum momento se manifestou em favor da unificação das eleições. Não tem como a situação permanecer como está por uma questão de legalidade e de otimizar energias. Dos quatro anos conseguimos pactuar convênios e parcerias em dois anos, pois os outros dois anos são de entressafra administrativa e de obras, que não permitem que sejam formadas parcerias nestes períodos. E mais as moratórias que todos os governantes se permitem ao direito de fazer até para implementar os seus projetos e seus programas. Estamos há exatamente um ano nesta situação. Em setembro do ano passado estávamos prometendo obras que até hoje não iniciaram. Isso que faz gerar a desconfiança da população em relação à classe política.

OP: Pelo visto o senhor está bem constrangido com relação a isso, já que existe uma série de obras que foi nocauteada.
MF: Com certeza. Pavimentações no interior tinham a sinalização de emendas parlamentares, mas tivemos que parar os trâmites. Tínhamos licitado e começado a obra com a contrapartida do município, mas não pudemos seguir, a obra parou e a população nos questiona. O governo Dilma está em um forte contingenciamento orçamentário e estamos numa situação de desconforto, porque não sabemos em quais projetos devemos centrar os nossos recursos. Estamos definindo o orçamento do ano que vem, mas ainda não sabemos o que será liberado. Trinta por cento do tempo do prefeito é para alterar o orçamento e analisar ilegalidades que posso estar produzindo. No ritmo que estamos tocando é muito complicado. Se não unificar as eleições, vai haver muito prefeito com problemas na Justiça, com bens indisponíveis, vão ficar inelegíveis por conta desse desarranjo da agenda eleitoral que nos impede de trabalhar. Isso é muito sério. As lideranças políticas brasileiras precisam resolver isso logo.

OP: O senhor recebeu do seu antecessor um frigorífico de suínos em andamento. A obra foi paralisada poucos meses depois que assumiu o governo, cujo motivo foi uma crise internacional. Em que situação se encontra este projeto? Qual é a sua posição em relação ao empreendimento? Pretende continuar mantendo os incentivos para que possa um dia funcionar?
MF: Eu e o Cottica tivemos uma longa conversa com o Eduardo Ramalho no gabinete. Ele expôs a dificuldade e disse ao final que gostaria muito de concluir o projeto, mas confessou a sua dificuldade. Eu lhe disse que já havia sido procurado por empresas que têm interesse em de repente negociar o que está feito e saber do município qual é a posição da prefeitura em relação aos recursos que foram aportados, alguns a fundo perdido e outros de financiamento que já deveria começar a ser amortizado. Perguntei ao Ramalho se ele poderia me dar uma autorização para fazer a negociação com terceiros, pois a construção é de sua propriedade. O jurídico dele deve avaliar com a nossa assessoria jurídica um termo que pode ser bom para as partes.

OP: O senhor é a favor do frigorífico de suínos?
MF: Sempre fui. Enquanto candidato, eu e o Cottica estivemos reunidos com o Ramalho no escritório dele em Marechal Rondon e ele colocou o entusiasmo pelo projeto e pedimos que ele colocasse o frigorífico para funcionar. Se ele vier hoje nos dizer que dará continuidade ao projeto e que vai instalar os equipamentos, no tempo em que ajusta as máquinas e coloca em funcionamento o empreendimento, garanto aqui que a prefeitura faz a sua contrapartida, que é edificar a pavimentação e meios-fios.

OP: O senhor tem uma relação de muita proximidade e até de cumplicidade política com o ex-deputado federal Werner Wanderer, que ao longo da história sempre foi um dos grandes adversários do PMDB de Rondon. Hoje ele é muito lembrado em conversas políticas para eventualmente ser seu candidato a vice-prefeito, como já pretendia na eleição passada, ou até mesmo ser candidato a prefeito caso o senhor abrisse mão da disputa. Existe algum fundamento nisso?
MF: O Werner é um excelente parceiro. Mesmo como adversário político sempre existiu um respeito entre nós e é uma pessoa que aprendi a conhecer. Este respeito facilitou a aproximação. As razões porque ele se aproximou do PMDB e do Moacir já são de conhecimento público, mas quero confessar que ao andar com ele na campanha e em Brasília nos ministérios conheci uma grande figura política. Marechal Cândido Rondon deve muito ao Werner. Se alguém não quis dar este reconhecimento no passado, inclusive gente do PMDB, eu peço escusas, porque ele é uma grande figura sim. É um grande parceiro e sempre se coloca à disposição do grupo. Ultimamente não temos falado especificamente da questão da candidatura. Ele tinha um interesse e talvez ainda o tenha que é no Parlamento do Mercosul, a partir do qual poderia ajudar toda essa região. Não saberia dizer mais do que isso.

OP: O senhor é hoje um político privilegiado, pois conta com dois deputados estaduais da base aliada do governo Beto Richa e tem dois deputados federais do governo Dilma. Como o seu governo consegue lidar com as vaidades políticas da sua representação e em algum momento elas mais ajudam ou mais atrapalham?
MF: Elas mais ajudam. Em relação a vaidades é papel do líder administrar interesses políticos. Quem se dispõe a ser uma liderança na comunidade vai ter que ter a capacidade. É minha vez de fazê-lo e preciso logicamente ser claro e transparente de que não protejo um em detrimento de outro. Na campanha dos deputados federais, por exemplo, pedimos votos para os dois preferenciais (Micheletto e Sperafico) e o PT votou nos candidatos do seu partido, pois respeitamos a orientação partidária. Na questão estadual é algo mais recente e que precisa realmente ser trabalhada. Os líderes lidam com isso com mais tranquilidade, mas a questão é da militância, que está acostumada em me ver em fotos com o Ademir Bier e de repente apareço com o Elio Rusch. É um impacto e a explicação é uma só: é pelo bem do povo de Marechal Cândido Rondon. Não faço isso com interesse pessoal e sempre houve um respeito entre mim e o Elio.

OP: O senhor está em um momento de otimismo ou pessimismo pelas condições que se apresentam hoje no seu governo com a eventual possibilidade de reeleição?
MF: Estou muito otimista e muito animado. Sou trabalhador, um dos primeiros a chegar e um dos últimos a sair do paço municipal. Estou em débito com o atendimento externo e reconheço isso, mas está para acontecer uma abertura da agenda para visitas a empresas, amigos e correligionários. Toda mudança que o Tribunal de Contas impôs aos municípios foi muito feroz e estamos trabalhando muito, como é o caso dos cargos comissionados. Aproveito a oportunidade para dizer que isso foi uma imposição do Tribunal de Contas de que não pode haver o Retide (Regime por tempo integral e dedicação exclusiva) e tão pouco pagamento por grau de instrução, sendo que é uma lei municipal de 1966. Coube a mim e ao Cottica resolver isso em tempo recorde, até porque fomos notificados na época da festa do município (em julho). Realinhamos a tabela que agora é fixa. Antes tínhamos uma base e poderia haver acréscimo de até 125% sobre o salário. Hoje é um valor só.

OP: Então não houve aumento de salário, apenas uma legalização?
MF: Exatamente. Fizemos a toque de caixa, mandamos a mensagem junto com os efetivos até porque tínhamos pressa porque era uma imposição do Tribunal de Contas. Corrigimos uma série de questões inclusive envolvendo funcionários efetivos e tudo isso me dá otimismo. Estou muito feliz porque quero ajudar o meu município. Quero reafirmar para a população rondonense: eu e o Cottica viemos para fazer a coisa certa; não viemos para produzir desvios e ilegalidades. Se tiver alguma coisa acontecendo a população está autorizada a comunicar ao prefeito. Tendo o fato vou tomar medidas e já mostrei que não tenho medo de fazer ajustes quando necessários.

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