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Descarte irregular coloca em risco vida de catadores de Rondon

Publicado

em

Maria Cristina Kunzler
Para evitar acidentes de trabalho envolvendo material hospitalar como seringas, a Cooperagir fornece aos catadores luvas para fazer a separação
do lixo

 

Trabalhar como catador de material reciclável, seja fazendo a recolha nas ruas de Marechal Cândido Rondon ou a separação na usinagem de reciclagem, não é uma tarefa nada fácil. Contudo, a situação se torna ainda mais difícil quando os agentes ambientais esbarram na falta de apoio da comunidade, que, em sua maioria, ainda não tem consciência de como fazer a destinação correta do lixo.
Na segunda-feira (22), o vereador Valdemir José Sonda fez uso da tribuna na sessão da Câmara para falar sobre o assunto. Ele informou que recebeu alguns testemunhos que indicam que aparece com certa frequência durante o processo de seleção, em meio aos materiais recolhidos pelos catadores, resíduos de serviços da saúde, como seringas e torniquetes, dentre outros.
Em contato com a coordenadora da Cooperativa de Agentes Ambientais (Cooperagir), Margarete Closs, a mesma confirmou a informação. Entretanto, ela ressaltou que se trata de pouca quantidade e que acredita ser material originário de pessoas que precisam utilizar com frequência seringa, como é o caso de diabéticos, e de pessoas com dependência química. “Antigamente eram encontradas mais seringas”, afirma.
Devido às leis ambientais, há alguns anos empresas da área de saúde, como farmácias e laboratórios, bem como hospitais, precisaram se adequar quanto ao lixo hospitalar. Para isso, o segmento se uniu para contratar uma empresa que fica responsável por fazer a devida coleta e dá a destinação correta para o material. O mesmo ocorre com clínicas veterinárias. Desde então, a Cooperagir constatou na prática a diminuição do volume de lixo hospitalar em meio aos materiais recicláveis. “Não podemos dizer que não encontramos mais nada, mas houve uma significativa redução”, informa a rondonense.
Para evitar acidentes de trabalho, a cooperativa disponibiliza luvas para os catadores. Mesmo assim, já houve alguns casos em que agentes ambientais se machucaram com agulhas. “A maioria dos agentes já tem a consciência da importância de utilizar luvas. Quando o estoque está terminando já providenciamos a compra de novas luvas em grande quantidade. Só não usa quem realmente não quer, mas todos têm à disposição”, declara a coordenadora.

 

 

De acordo com Margareth, a orientação é que pessoas que precisam utilizar seringas façam a devolução do material em unidades de saúde ou farmácias. Proprietários de animais que aplicam vacinas em casa também podem devolver a seringa em clínicas veterinárias, aponta. Com isso, evita-se descartar o objeto no lixo comum. “O ideal seria se os profissionais ligados à área de saúde e veterinária já orientassem os pacientes e clientes, respectivamente, para fazer a devolução do lixo como seringa para que seja dada a correta destinação do material”, afirma.

Situação preocupante
A reportagem do Jornal O Presente esteve ontem (23) na usina de reciclagem e descobriu que o problema é ainda pior. Além de seringas, soros e mangueiras hospitalares, descobriu-se que é comum encontrar em meio a sacolas plásticas embalagens de agrotóxicos sendo descartadas irregularmente, sendo que em alguns casos as mesmas não estão vazias. Por falta de conhecimento sobre o perigo, muitos catadores têm contato direto com o material sem nenhum tipo de precaução e uso de equipamento de proteção. Com isso, além do grau de contaminação do meio ambiente, corre-se o risco dos trabalhadores sofrerem algum tipo de intoxicação.
De acordo com o presidente da Cooperagir, Afonso Benites Arce, as embalagens são guardadas e entregues durante as campanhas de recolhimento que ocorre no município. “A cooperativa existe há cerca de três anos e seis meses e neste período já foram realizadas campanhas sobre a separação do lixo seco e molhado, mas é difícil conscientizar as pessoas”, lamenta. Segundo ele, são encontradas também fraldas descartáveis, restos de papel higiênico e de comida em meio aos materiais recicláveis.

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