Geral Artigo/opinião
Desenvolvimento regional e os desafios do cooperativismo – por Urbano Mertz
As grandes cooperativas que atuam na mesorregião Oeste do Paraná, composta pelas regiões de Toledo, Cascavel e Campo Mourão, constituem a força motriz do desenvolvimento socioeconômico regional.
Os relatórios financeiros das cooperativas agropecuárias referentes ao exercício de 2019 refletem esta força e permitem vislumbrar possibilidades sobre o seu papel no futuro da agropecuária regional.
No balanço final do exercício de 2019, o faturamento das oito maiores cooperativas singulares e de duas centrais que atuam nesta região foi de R$ 43,6 bilhões, o que representa mais de 50% do faturamento de todas as cooperativas agropecuárias do Estado.
Estas cooperativas atuam principalmente na comercialização de produtos primários, principalmente soja e milho, mas, nos últimos anos, elas têm se especializado na agroindustrialização, com destaque na produção de carne de frango e de suínos, laticínios, óleo de soja, margarina, farelos, rações e, mais recentemente, os pescados.
As cooperativas da mesorregião são formadas, em sua maioria, por pequenos e médios agricultores familiares e somaram, ao fim de 2019, 90.020 associados. As sobras distribuídas a estes associados naquele exercício foram em torno de R$ 575 milhões.
Também é importante destacar o impacto econômico e social da geração de empregos do sistema cooperativista. Em dezembro de 2019 as cooperativas agropecuárias, e suas centrais, empregavam 64.170 funcionários.
O grande salto na geração de empregos foi, sem dúvida, a agroindustrialização, com destaque na implantação de abatedouros de frangos e de suínos. A oferta de empregos atraiu trabalhadores, inclusive de outros países, mudando a paisagem humana em muitos municípios.
A avicultura tem sido o setor de maior crescimento nos últimos anos. Atualmente, o abate diário de aves das cooperativas da mesorregião gira em torno de 2.110.000 cabeças. O incremento da capacidade de abate deste setor deve-se à construção de novos frigoríficos e à aquisição de plantas de outras empresas pelas cooperativas.
Esta poderosa estrutura cooperativista, atuando com visão empresarial, tem um papel fundamental na manutenção da agricultura familiar na região. Estes agricultores sustentam e fortalecem as suas cooperativas, e devem também crescer na mesma medida.
Cabe, ainda, às cooperativas um importante papel na valorização dos jovens e a sua permanência na agricultura, bem como a gradativa inserção de mulheres e jovens em comitês, conselhos e outras funções das cooperativas.
O processo sucessório das gestões também é um desafio que se coloca à maioria das diretorias, uma vez que as seis maiores cooperativas que atuam na região mantêm a mesma direção há mais de 20 anos.
Outro grande desafio, que também é das cooperativas, é a sustentabilidade ambiental dos sistemas de produção, isto é, a manutenção da produtividade dos solos e a disponibilidade de água, com qualidade e em quantidade, para o uso das próximas gerações de agricultores.
Urbano Mertz é engenheiro agrônomo do IDR-Paraná e presidente do Conselho de Desenvolvimento Agropecuário de Marechal Cândido Rondon
urbano@idr.pr.gov.br