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Disco de vinil se mantém vivo através das gerações; em Marechal Rondon muitos vivem a cultura dos LP’s

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Um desses amantes do vinil é o advogado e professor Roberto Nassar, que possui em seu acervo aproximadamente 1.880 exemplares (Foto: O Presente)

Lançado nos anos 40 por uma empresa alemã, o disco de vinil substituiu os discos de goma-laca de 78 rotações por minutos e foi uma inovação histórica. Ele também é conhecido como Long Play ou, como é carinhosamente chamado, LP.

No Brasil, o vinil foi lançado comercialmente em 1951, porém demorou para superar o disco de 78 rotações por minuto. Atualmente, os LP’s viraram artigos de colecionadores e pessoas que até hoje ainda mantêm viva a cultura do disco de vinil.

Em Marechal Cândido Rondon há muitas pessoas que vivem a cultura dos LP’s, seja como item de coleção ou mantendo os discos em funcionamento, tocando suas belas músicas.

Um desses amantes do vinil é o advogado e professor Roberto Nassar, que possui em seu acervo aproximadamente 1.880 exemplares, coleção essa que vem sendo alimentada ao longos dos seus 65 anos de vida.

Nassar conta que sua paixão pelo vinil iniciou em 1965, por influência de seu pai. “Meu pai é libanês e ele trouxe quando veio para o Brasil vários discos de cantoras libanesas, e ele tocava na nossa vitrola. Eu ficava ouvindo”, conta.

“A partir dos 17 anos, quando me mudei para Curitiba, comecei a me interessar. Foi então que minha coleção iniciou. Inclusive lembro até hoje do primeiro disco que eu comprei, que foi do Geraldo Vandré. Aí vieram os grandes festivais e surgiram Chico Buarque, Caetano Veloso, Gil, Milton Nascimento, então eu fiz coleção de todos esses”, expõe Nassar.

Ele diz que está organizado seu acervo por ordem cronológica e que nessas arrumações cuida com carinho de cada disco. Segundo o professor, sua coleção tem peças em que o valor não pode ser calculado, como, por exemplo, uma coletânea do Elvis Presley e outra dos Beatles.

Roberto Nassar: “O som do vinil é diferente. Quando ele começa a tocar, parece que aproxima a música de você” (Foto: O Presente)

 

GOSTO PELA MÚSICA

Nassar afirma que é amante assumido do vinil e que escuta muitas músicas. “Quando eu vou viajar, gravo alguns discos no pen-drive. Tenho um aparelho que eu consigo fazer isso, então realizo as gravações. Eu realmente gosto de ouvir. Quase todo final de semana pego alguns discos, tiro, dou uma limpada, sento e fico ouvindo. Não são todos os dias, mas tenho esse hábito”, comenta.

O rondonense salienta que é necessário um cuidado especial com os discos para que eles tenham maior vida útil. “Os discos devem ser guardados em pé, nunca deitados, para que não entortem, além de serem armazenados em embalagens plásticas, para que não peguem poeira”, orienta.

Nassar finaliza revelando: “Devo confessar que acho o som do CD muito melhor, mas o som do vinil é diferente. Quando começa a tocar parece que aproxima a música de você. A música te toca de qualquer forma, mesmo um disco que você coloca para tocar, e o som não está muito bom, mas você está ouvindo a música, ela que está te elevando”, enaltece, com alegria, o professor.

Parte da coleção de vinis do advogado e professor Roberto Nassar (Foto: O Presente)

Discos que fazem parte da coleção do rondonense Roberto Nassar (Foto: O Presente)

 

PAIXÃO EM TODAS AS IDADES

Outro rondonense que, além de gostar muito de música, também conserva o gosto por LP’s e CD’s é o jornalista Cristiano Viteck. Com 41 anos, seu gosto pelos discos iniciou aos 12. Em 1990, Viteck comprou seu primeiro disco, o qual ele lembra até hoje: era da banda Megadeth. “Sempre gostei de rock pesado”, menciona. “Então, são 30 anos comprando discos, pois eu nunca parei com essa prática. Claro que no final dos anos 90, até o final dos anos 2000, eu comprava bastante CDs, mas nunca parei de comprar vinil, porque como eu sou colecionador, o material principal de quem coleciona música é o vinil. O CD até hoje é meio deixado de lado, compro pouca coisa, mais alguns itens de coleção mesmo. Para ouvir no dia a dia praticamente eu não compro mais”, relata.

Ele diz que voltou a comprar mais vinil ultimamente, porque há mais lojas se especializando. “O vinil é praticamente tudo importado. No Brasil é um ou outro que é fabricado, geralmente de artistas nacionais. Internacional é tudo importado, e têm lojas que estão se especializando, com preço bom, está compensando a importação, o preço dos fretes é atrativo, mas esse mercado é basicamente pela internet. Hoje, sebos e lojas maiores vendem discos pela internet, senão não se sustentariam”, menciona.

Em seu acervo, o jornalista conta que possui mais de mil CD’s e aproximadamente 350 vinis.

Cristiano Viteck: “São 30 anos comprando discos. Eu nunca parei com essa prática” (Foto: Divulgação)

 

TOCA-DISCOS

Viteck diz que possui o hábito de ouvir vinis, porém, uma das grandes dificuldades está no aparelho para colocar o LP tocar. Ele comenta que é difícil encontrar aparelhos de qualidade no Brasil, onde hoje existem mais peças com teor decorativo. “Eu tenho uma daquelas vitrolinhas, mas ela é quebra galho, é mais um objeto de decoração do que para você apreciar de verdade, e os outros são materiais todos importados, então é muito caro ter um aparelho bom e com qualidade”, pontua o rondonense.

Uma dificuldade avaliada pelo jornalista é a falta de peças para reposição de toca-discos antigos, o que fez com que ele deixasse seu aparelho de lado e usasse sua vitrola de um modelo mais novo.

 

PONTO NEGATIVO

No ponto de vista de Viteck, um ponto negativo na questão do streaming é que a música perdeu o valor. “Antigamente quando você comprava um disco e investia um dinheiro nele, você dava mais valor à música, havia uma seleção. Atualmente a música virou algo banal, e isso se reflete em termos da qualidade da música que é produzida e ouvida hoje em dia. Estamos nos maiores momentos miseráveis de música da história do Brasil”, critica.

 

O Presente

 

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