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Justiça começa a ouvir testemunhas no processo sobre a morte do jogador

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Audiências começam nesta segunda-feira (18), em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Seis pessoas estão presas, suspeitas de envolvimento no caso (Foto: Reprodução)

Justiça dá início, nesta segunda-feira (18), às audiências de instrução do processo que investiga a morte do jogador de futebol Daniel Correa Freitas na 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Sete pessoas são rés na ação: Edison Luiz Brittes Júnior, Cristiana Rodrigues Brittes, Allana Emilly Brittes e outros quatro suspeitos.

A defesa de dois suspeitos chegou a pedir o adiamento das audiências, mas o pedido foi indeferido pela juíza Luciani Martins de Paula.

A expectativa é a de as audiências de instrução continuem até quarta-feira (20).

Primeiro, devem ser ouvidas as testemunhas de acusação. Depois, as de defesa. Em seguida, vêm o interrogatório dos réus e as alegações finais – que é a apresentação dos argumentos finais das partes envolvidas.

Por fim, a juíza decide se os réus enfrentam, ou não, o júri popular.

Hoje (18), devem ser ouvidas 10 testemunhas de acusação. Entre elas, a mãe, a tia e a ex de Daniel.

Daniel, de 24 anos, foi achado morto na Colônia Mergulhão, na zona rural de São José dos Pinhais em 27 de outubro. Ele foi parcialmente degolado e teve o órgão genital mutilado.

Edison Brittes confessou à polícia ter matado o jogador. Ele diz que Daniel Correa tentou estuprar a esposa dele, Cristiana Brittes, em uma festa na residência deles. O evento era em comemoração ao aniversário de 18 anos de Allana Brittes, filha do casal.

Outros quatro suspeitos, convidados da festa, também foram acusados de envolvimento na morte do jogador.

Dos sete réus, uma suspeita é a única ré que não está presa.

 

A festa

Segundo a Polícia Civil e depoimentos de testemunhas, a festa de Allana Brittes começou na noite de 26 de outubro, sexta-feira, na Shed, uma casa noturna no bairro Batel, em Curitiba.

Daniel chegou à capital paranaense naquela noite.

Ele e um amigo foram convidados por Allana para a comemoração e foram para o bar por volta da meia-noite. Edison e Cristiana Brittes também estavam na festa, que tinha mais de 80 convidados e bebida à vontade.

Um vídeo gravado por um convidado mostra o jogador na festa.

A comemoração continuou na manhã seguinte, por volta das 06 horas da manhã, na casa de Edison Brittes, para onde foram 14 pessoas, incluindo Daniel Correa.

Uma testemunha declarou à polícia que todos ficaram no fundo da casa bebendo e conversando, e que, em seguida, Cristiana e Allana Brittes foram dormir. Minutos depois, Daniel Correa saiu da vista do grupo.

Ainda conforme o depoimento de testemunhas, na sequência, o jogador foi flagrado por Edison Brittes deitado na cama de Cristiana Brittes. Momentos antes do flagrante, Daniel Correa mandou fotos para um amigo deitado ao lado dela.

O delegado Amadeu Trevisan, da Polícia Civil de São José dos Pinhais, disse, porém, que não houve tentativa de estupro.

 

O crime

Segundo a polícia e os laudos periciais da Polícia Científica, Daniel Correa começou a ser espancado por Edison Brittes ainda dentro do quarto, por volta das 08 horas.

Três suspeitos, convidados para a comemoração na casa dos Brittes, também agrediram o jogador.

A investigação policial aponta que Daniel Correa estava bastante alcoolizado e não teve como reagir às agressões.

Conforme a Polícia Civil, Edison Brittes, então, colocou o jogador nu no porta-malas para que ele fosse morto fora da casa e dirigiu por cerca de 20 quilômetros até chegar ao matagal onde a vítima foi deixada.

De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), Daniel Correa foi mais uma vez espancado pelos jovens que acompanharam Edison Brittes no banco traseiro do carro.

O Instituto Médico-Legal (IML) constatou que Daniel Correa foi carregado por mais de uma pessoa até o local onde o corpo foi deixada. A faca usada no crime foi jogada em um riacho e não tinha sido encontrada até a última atualização desta reportagem.

Depois do assassinato, Edison Brittes e os três jovens voltaram para a casa da família. Edison Brittes, então, ordenou que todos limpassem os resquícios de sangue que na casa, ainda segundo o relato de testemunhas.

No dia seguinte, Allana Brittes mandou mensagens para as pessoas que estavam na casa para combinar um encontro em um shopping de São José dos Pinhais.

Nesse encontro, segundo a polícia, Edison Brittes combinou uma versão diferente do crime com acusados e testemunhas. A versão dizia que Daniel Correa tinha ido embora mais cedo da festa com vida.

 

Contato com a família de Daniel

Segundo a família de Daniel Correa, Edison e Allana Brittes entraram em contato com a mãe e a tia do jogador dois dias após a morte do jogador.

Questionada pela família onde estaria a vítima, Allana Brittes respondeu que não sabia dele, que não houve briga na casa dela e que o jogador foi embora, sozinho, por volta das 08 horas de sábado.

 

A denúncia

O MP-PR apresentou a denúncia contra os sete investigados no dia 27 de janeiro. Para o promotor João Milton Salles, cinco delas devem responder por homicídio.

O entendimento do MP-PR é que Edison Brittes e três suspeitos devem responder por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.

Segundo o promotor, Cristiana também foi denunciada por homicídio por ter “orientado-os a prosseguirem com o justiçamento do jogador” fora da casa.

Todos foram denunciados por fraude processual por terem limpado a casa na tentativa de esconder as marcas do crime.

Eles também foram denunciados por corrupção de menor porque na casa havia uma adolescente, que foi cooptada para ajudar na limpeza dos vestígios de sangue na casa.

Uma suspeita é a única que não tinha sido indiciada pela polícia. Ela foi acusada de denunciação caluniosa e falso testemunho.

Segundo o promotor, a jovem disse, em depoimento, que uma das pessoas que estava na casa teve papel decisivo no crime, mas o MP-PR afastou essa possibilidade.

A pessoa chegou a ser preso temporariamente durante as investigações e foi indiciado por lesão corporal grave, mas depois teve a prisão revogada.

 

Sete réus

A denúncia foi aceita no dia 28 de novembro. Veja, abaixo, pelo que cada um virou réu:

  • Edison Brittes Júnior – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e coação no curso do processo;
  • Cristiana Brittes – homicídio qualificado por motivo torpe, coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor;
  • Allana Brittes – coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor;
  • Suspeito 1 – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
  • Suspeito 2 – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
  • Suspeito 3 – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e denunciação caluniosa;
  • Suspeito 4 – denunciação caluniosa e falso testemunho.

A defesa da família Brittes disse que está certa de que, nas audiências de instrução e julgamento, a Justiça “finalmente poderá apurar com precisão todos os fatos, trazendo por meio de provas, testemunhas e todo o aparato técnico e forense a realidade daquilo que de fato ocorreu naquele dia”.

A defesa de Evellyn Brisola Perusso disse que vai se manifestar ao longo desta segunda-feira (18).

Em nota, o advogado de um dos suspeitos, Edson Stadler, disse que a defesa “pleiteou inquirições de oito testemunhas, das quais peritos técnicos assistentes. Seja médico-legal, em relação ao “corpo” e ainda quanto à dinâmica dos fatos ocorridos. A pretensão é covalidar a versão do réu Eduardo, descaracterizando a peça inicial acusatória”.

 

Daniel

Daniel Correa Freitas nasceu em Juiz de Fora (MG) e jogou pelo Coritiba, em 2017, quando conheceu a família Brittes.

Ele estava emprestado pelo São Paulo ao São Bento. O jogador foi revelado pelo Cruzeiro e jogou pelo Botafogo e pela Ponte Preta também.

O corpo dele foi velado e enterrado em Conselheiro Lafaiet (MG), cidade onde mora a família.

 

Com G1

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