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Meteorologistas acreditam que família de tornados atingiu o Rio Grande do Sul

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Foto: Reprodução/Whatsapp

Analisando as imagens dos estragos deixados pelo vendaval na madrugada de terça-feira (12), no Norte do Rio Grande do Sul, meteorologistas da Somar acreditam que pode ter ocorrido uma família de tornados de diferentes velocidades, durações e áreas de atuação. Fotos de três carretas tombadas ao lado da RS-463, rodovia que liga Coxilha a Tapejara, evidenciam o que pode ter sido o mais severo deles: um tornado F2 (caracterizado por velocidades de vento entre 181 e 253 km/h) ou F3 (entre 254 e 332 km/h).

A equipe chegou a cogitar a possibilidade de downburst, quando o vento descendente é tão rápido, que parece “desabar” do interior da nuvem, espalhando rajadas por todos os lados. A meteorologista Maria Clara Sassaki observa que, para tombar e arrastar caminhões de grande peso, acredita-se que houve ventos de 250 km/h ou mais, o que caracterizaria tornado.

A Somar pondera que não há provas decisivas da ocorrência desses fenômenos por falta de dados. Não há estações ou radiossondas perto destas cidades e, em análise de radares meteorológicos da Aeronáutica (que só disponibilizam imagens de chuva, e não de vento), não há imagens claras com a assinatura tornádica (formato específico que identifica o fenômeno).

Embora o Inmet não tenha divulgado qual foi o fenômeno, Rogério Rezende, meteorologista do 8º Distrito de Meteorologia, destaca também as imagens de árvores cortadas em um sentido único, que parecem estar em linha, o que é característico de um tornado. O especialista sustenta que não é possível chegar a uma conclusão oficial a partir das fotos.

Vagner Anabor, professor do curso de  Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), afirma que tempestades severas como as que atingiram o norte do Estado são típicas da climatologia do Rio Grande do Sul. Ele antecede que, durante a primavera, serão mais comuns.

“Da mesma forma como acontecem geadas no inverno, na próxima estação vão ocorrer tempestades severas como ocorreram nesta semana. A gente está a leste da cadeia de montanhas dos Andes e isso provoca perturbações atmosféricas, que, combinadas com esse fluxo de ar quente e úmido que a gente tem da Região Amazônica, dão componentes ideais para a formação de tempestades severas”, explica o professor.

Os temporais da madrugada de terça-feira, que afetaram especialmente o norte do Estado, são consequência da combinação de três fatores: o ar úmido e quente da corrente de jato vindo da Região Amazônica, ventos vindos do Oeste que seguiram em rumos diferentes a dez quilômetros de altura (a chamada difluência) e uma frente fria vinda do Uruguai.

O professor defende que, em razão da frequência desses fenômenos, o Estado deveria ter um centro estadual de meteorologia, inclusive para dar uma resposta em casos como o de terça-feira.

Com Zero Hora/Gaúcha FM

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