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O Brasil inicia armazenamento de energia com dez anos de atraso – por Dilceu Sperafico

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Foto: Divulgação

O país, pelo que se sabe, arquivou definitivamente a inédita proposta de estocagem de vento, feita há alguns anos, mas pela primeira vez na história, geradora nacional passou a armazenar energia em grande escala, colocando o Brasil na era da “energia 4.0”, advento das chamadas redes elétricas inteligentes.

A iniciativa, vale ressaltar, foi o primeiro passo de empreendimento que chega ao país com pelo menos dez anos de atraso em relação aos avanços semelhantes registrados nos Estados Unidos, Alemanha, Austrália e Japão, entre outros países.

No Brasil, a empresa Alsol Energia Renováveis, do Grupo Algar, de Uberlândia, Minas Gerais, colocou em operação no final de fevereiro bateria recarregável de íon de lítio com capacidade de armazenamento de 1.360 quilowatts ou 1,36 megawatt, de energia solar fotovoltaica.

A energia mantida no equipamento, colocado em contêiner com 12 metros de comprimento e três metros de largura, no início de operação do sistema, foi suficiente para abastecer 170 residências familiares ao longo de um dia inteiro, sem nenhuma recarga.

Conforme especialistas, se a energia coletada durante um dia de sol fosse injetada à rede elétrica somente no horário de pico de consumo, entre as 18 e 21 horas, poderiam ser abastecidas 340 moradias, o dobro das unidades atendimentos em período integral.

Segundo dirigentes da empresa, sistemas como o implantado em Minas Gerais podem aliviar a sobrecarga de energia na rede de distribuição, com benefícios para os consumidores e o meio ambiente, porque muitos geradores movidos a óleo diesel deixam de ser acionados pelas operadoras em momentos cruciais.

Com isso, deverão também cair os valores das contas mensais de luz, pois com a aprovação do sistema até 48% da energia elétrica consumida no país poderão vir de fontes limpas e renováveis até 2040, beneficiando toda a sociedade.

Atualmente, nas contas residenciais de energia, além da luz efetivamente consumida, são incluídas mais de 20 outras taxas, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e despesas com carvão ou óleo diesel repassadas pelas operadoras.

Com a produção de energia a partir do sol e dos ventos haverá economia de pelo menos 15% por mês no preço do quilowatt/hora.

O sistema de Uberlândia faz parte de projeto de pesquisa e desenvolvimento que recebeu investimentos de R$ 22,7 milhões, dos quais R$ 17,5 milhões repassados pela Companhia de Energia Elétrica de Minas Gerais (Cemig), e os restantes R$ 5,2 milhões bancados pela Alsol, idealizadora e executora do empreendimento.

A bateria utilizada foi adquirida na China, já que no Brasil não há tecnologia para a produção de equipamentos com capacidade de armazenamento de energia semelhante.

Já em São Paulo, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Energia) tem três outros projetos semelhantes em andamento, nos quais está investindo R$ 60 milhões.

De acordo com dirigentes da empresa, bateria com capacidade de armazenamento de 1.000 quilowatts ou um megawatt deve ser instalada até dezembro deste ano no parque eólico da CPFL Renováveis, localizado no Rio Grande do Norte.

Outras duas baterias deverão ser instaladas em subestações de energia da companhia em Campinas, São Paulo, também até o final deste ano. Felizmente projetos semelhantes estão em andamento em todo o país.
O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

dilceu.joao@uol.com.br

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