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O desemprego e as demandas do setor industrial brasileiro – por Dilceu Sperafico

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(Foto: Divulgação)

Mesmo antes da pandemia de Covid-19, com reflexos negativos nos segmentos econômicos, culturais e sociais do país e do mundo, como aumento do desemprego e da miséria, recessão e redução da arrecadação pública, além da morte de centenas de milhares e a contaminação e sofrimento de milhões de seres humanos, os setores produtivos já enfrentavam desafios inesperados.    

Já no início deste ano o setor industrial brasileiro enfrentava verdadeiro paradoxo, pois no país, então com 11,6 milhões de desempregados, metade das fábricas alegava dificuldades para encontrar e contratar mão de obra mais qualificada e indispensável à expansão de suas atividades.

Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado em fevereiro último, apontou que empresas tinham dificuldades para atrair trabalhadores qualificados, de todos os níveis de formação profissional, mas na área da transformação essa carência era ainda maior.

Levantamentos semelhantes, realizados em 2011 e 2013, já haviam constatado que 66% das empresas do setor industrial brasileiro reclamavam de falta de disponibilidade de trabalhadores qualificados e essa dificuldade chamava a atenção diante do elevado número de desempregados existentes em todo o país, com todos eles procurando nova oportunidade para sobreviver e sustentar a família com dignidade.

Conforme especialistas, outro aspecto negativo dos estudos foi que a redução do percentual de fábricas que não encontravam mão de obra qualificada, registrada desde 2011, não podia ser explicada pelo aumento da oferta de profissionais com boa formação, pois era fruto da crise econômica, com recessão registrada em 2015 e 2016, quando a recuperação da economia, sendo muito lenta nos anos seguintes, fazia com que muitas indústrias reduzissem o quadro de funcionários e/ou deixassem de contratar novos empregados.

A reversão do atual quadro dependerá do final da pandemia e recuperação de seus estragos na economia nacional e mundial, permitindo que os setores produtivos voltem a crescer, superando muitos desafios, como a falta de mão de obra mais qualificada, indispensável à inovação dentro das empresas e ganhos competitividade do setor industrial.

Tanto que o último levantamento revelou que 96% das empresas consultadas alegavam dificuldade em contratar operadores qualificados, com 90% delas afirmando que o maior desafio estava em encontrar técnicos capacitados.

Na avaliação da CNI, eram vários os fatores que colaboravam para esse quadro negativo. Entre eles, o fato do Brasil ter nível educacional muito deficiente, tanto que em dezembro do ano passado o último resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes mostrou que o país havia caído no ranking mundial de educação em Matemática e Ciências e ficou estagnado em leitura, pois a formação do Ensino Médio brasileiro era considerada bastante generalista.

Para tentar superar a falta de mão de obra qualificada, 85% das empresas vinham investindo na capacitação de funcionários dentro da própria fábrica e 42% ofereciam algum tipo de treinamento em instituições especializadas.

A última pesquisa da CNI, realizada entre os dias 1º e 11 de outubro de 2019, consultou dirigentes de 1.946 empresas, sendo 794 pequenas, 687 médias e 465 de grande porte, comprovando a importância da formação de profissionais realmente qualificados para a retomada do desenvolvimento.

 

O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

dilceu.joao@uol.com.br

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