O inverno astronômico termina apenas no dia 22 de setembro às 16h21, mas o chamado período da primavera climática tem início agora no dia 1º porque compreende o trimestre que vai de setembro a novembro. Setembro é, assim, um mês que marca a transição para a primavera e traz junto um aumento da temperatura.
De acordo com a análise da MetSul Meteorologia, setembro em 2021 deve ser marcado por temperatura acima da média histórica em todo o Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, os desvios positivos devem ser menores à medida que as massas de ar frio devem atuar mais no Estado do que no Paraná, tomando os dois extremos da região.
A MetSul não espera um elevado número de dias muito frio em setembro, apesar de que vai fazer frio em alguns dias. A primeira semana do mês tem marcas mais agradáveis com tendência de elevação gradual da temperatura. Já a segunda semana pode ter ingresso de uma massa de ar frio.
Na segunda metade do mês existe a possibilidade de uma segunda massa de ar frio de maior intensidade e, com isso, a preocupação sobre um episódio de geada tardia que poderia trazer danos em lavouras do Sul do Brasil, particularmente do Rio Grande do Sul.
O Pacífico em processo de resfriamento que pode levar a um novo episódio de La Niña agrava o risco de que ocorram episódios de geada tardia no fim do inverno e na primavera, tem alertado a MetSul.
É importante enfatizar que dias de calor, alguns de calor intenso, são muito comuns no mês de setembro e já houve ano em que a temperatura atingiu marcas perto dos 40ºC.
No Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil, a tendência é de temperatura acima da média agora em setembro. Exceção para algumas áreas mais a Leste do Sudeste que sofrerão a influência da alta do Atlântico com temperatura menor e instabilidade mais recorrente.
CLIMA FAVORECE MAIS CHUVA EM SETEMBRO
E a chuva? A MetSul projeta uma grande variabilidade das precipitações em setembro no Sul do Brasil. O modelo climático norte-americano CFS projeta um mês de chuva abaixo da média em quase todo o Sul do Brasil, mas não cremos neste cenário.
A MetSul trabalha com a perspectiva de que a chuva não será tão escassa como indicado pelo modelo e muitas áreas podem até encerrar o mês com precipitação próxima ou acima da média no Sul do país, especialmente entre o Rio Grande do Sul – mais a Metade Norte – e Santa Catarina.
O modelo CFS projeta para setembro chuva perto da média na maior parte do Centro-Oeste e do Sudeste, inclusive com algumas áreas acima da média. O prognóstico está em linha com o pensamento da MetSul de que a chuva deve começar a voltar para a maior parte das duas regiões dentro do período climatológico normal e sem o atraso do ano passado. O modelo europeu, inclusive, diferentemente do norte-americano CFS, projeta uma área de chuva acima da média entre o Mato Grosso e o Sudeste do Brasil.
A chuva no Brasil Central gradualmente deve começar a voltar de forma mais isolada na primeira metade de setembro, mas aumenta mais na segunda metade do mês. Setembro, entretanto, ainda não é um mês chuvoso na região que desesperadamente necessita de água pela gravíssima crise energética que ameaça trazer cortes de luz no último trimestre do ano.
Como é um mês de transição da estação seca para a temporada chuvosa, os acumulados tendem a aumentar significativamente mesmo no Centro do Brasil durante o mês de outubro com o pico das precipitações no auge do verão.
MÊS COSTUMA TER TEMPORAIS
Setembro, como mês da primavera climática, tende a ter um aumento dos episódios de tempo severo no Sul do Brasil. O risco é principalmente agravado com incursões tardias de ar frio à medida que a presença de ar quente se torna mais comum sobre o Sul do país com o fim do inverno. O encontro de massas de ar gera as tempestades severas, sobretudo na chegada de frentes frias.
Em anos de Pacífico esfriando, como é o caso de 2021, o risco de granizo é aumentado a partir de dados históricos analisados pela MetSul que identificou a tendência. O mesmo ocorre na primavera com vendavais que, quando ocorrem, tendem a ser mais intensos, a despeito de não necessariamente se tornarem mais frequentes.
Alguns dos piores e mais destrutivos tornados no Sul do Brasil durante meses da primavera ocorreram justamente em anos em que o Pacífico Equatorial estava sob La Niña ou tinha temperatura oceânica abaixo da média mesmo sem configuração do fenômeno.
Por fim, setembro é um mês com maior propensão para a formação de ciclones extratropicais no Atlântico Sul, nas latitudes médias do continente, especialmente nos litorais da Argentina e Uruguai, uma vez que se torna mais frequente o encontro de massas de ar quente e frio na região.
Com MetSul