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Geral Covid-19

Rondonense que mora na Itália relata como está sendo viver em um país dominado pelo coronavírus

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(Foto: Divulgação)

A Covid-19 está presente em grande parte dos países do mundo, mudando a rotina de famílias, empresas e o estilo de vida das pessoas. Um dos países que foi altamente atingido pelo novo coronavírus foi a Itália, que até a semana passada era considerada o epicentro da doença no mundo, tendo em vista o número de pessoas infectadas com o vírus e os óbitos decorrentes dele. Atualmente o país com mais mortes pela doença é os Estados Unidos.

Na quinta-feira (16) a Itália registrava 525 mortes por Covid-19. Segundo a Agência de Proteção Civil, desde o início do surto da doença no país, em 02 de fevereiro, 22.170 pessoas já morram em decorrência do coronavírus. O número de casos confirmados no país, até o momento, é de 168.941.

Os moradores da Itália estão vendo de perto o estrago causado pelo vírus, o que mudou drasticamente suas rotinas e estilos de vida. O rondonense Gilson Carlos Pacheco Junior mora na Itália, na cidade de Parma, desde 2005. Parma possui atualmente cerca de 194 mil habitantes. Gilson atua como pastor de uma Igreja Evangélica Assembleia de Deus na Itália e trabalha em uma empresa de alimentos. Em entrevista ao O Presente, ele relatou como está sendo passar por uma pandemia em um dos países com um dos maiores números de infectados do mundo.

 

ISOLAMENTO SOCIAL

Junior conta que na Itália tudo está fechado desde o dia 08 de março, sendo mantidos abertos apenas supermercados, farmácias e algumas empresas alimentícias. “A questão do isolamento social está sendo muito difícil. É muito rigoroso. Se você sair de sua casa em uma situação maior de 200 metros e não tiver em mãos o certificado de que você não tem a doença ou de que esteja andando ao médico, trabalho, farmácia ou supermercado, a multa pode chegar de R$ 1,5 mil a R$ 15 mil, ou seja, parte de 300 euros a 3 mil euros”, relata.

Ele diz que observa-se que no país há muitas pessoas doentes e com ansiedade pelo fato de estarem fechadas em casa. “Contudo, sobre a questão do isolamento, não posso afirmar que essa seja a melhor maneira de agir. Estamos obedecendo as leis do país e mesmo assim o contágio tem aumentado todos os dias”, pontua.

A opinião de Junior sobre a doença no Brasil é de que “o vírus tem chegado aí de uma forma mais leve, principalmente em regiões onde o clima é quente, mas é muito arriscado. Quando chegou aqui todos diziam que era apenas um resfriado e que iria passar. A Itália é um país com pessoas de idade e está sendo um massacre”, enfatiza.

 

ESTRUTURA HOSPITALAR

Outro ponto observado pelo rondonense é de que na cidade onde ele mora, Parma, a infraestrutura hospitalar é de ótima qualidade e a comunidade unida está conseguindo vencer. “Temos vários hospitais e até mesmo hotéis sendo transformados em hospitais para atender a todos”, menciona.

“Quero ressaltar o que ouvi de um médico aqui da Itália, que disse que todos que morreram contagiados com esse vírus tinham uma ou mais patologias clínicas. Tivemos casos de amigos contaminados, uma colega de trabalho que ficou mais de 20 dias no hospital e graças a Deus retornou a sua casa curada”, comenta Junior.

A Itália ainda não atingiu o ápice da doença, mas Junior acha que isso não está longe de acontecer. “O decreto é de continuarmos fechados até o dia 03 de maio, quando será feita uma nova avaliação. Todavia, creio que só voltará ao normal no final de maio e começo de junho. A Itália em nenhum momento pensou na situação financeira, pois o governo está buscando auxiliar as empresas, os trabalhadores com ajudas financeiras. Pensou primeiramente em livrar a população de todo esse mal”, enaltece.

 

“SÃO NECESSÁRIAS PROVIDÊNCIAS DRÁSTICAS”

Junior avalia que o Brasil é mais ou menos 20 vezes maior que a Itália, e ele vê que ações que foram tomadas lá não devem ser repetidas aqui, fechando tudo. “Entretanto, são necessárias providências drásticas, pois é um risco permanente como está, sem tomar precauções. Não se pode fechar tudo, mas também não deve-se deixar tudo aberto. A situação não é como aparentemente tem se mostrado”, avalia. “A situação financeira na Itália será avaliada somente quando tudo terminar, não tem faltado comida e o governo está trabalhando para suprir as necessidades. Apesar de algumas diferenças políticas, todos estão buscando o melhor para o país”, acrescenta.

Nas filas dos mercados, a população está respeitando a distância de segurança (Foto: Divulgação)

 

APRENDIZADO

O rondonense considera que aprendeu muito com a situação vivida por lá. “Tenho aprendido com toda essa situação e, sendo um brasileiro vivendo em outro país altamente atingido pela pandemia, a minha oração é para que o vírus chegue ao Brasil não com tanta agressividade como chegou aqui na Itália, mas o Brasil precisa levar a sério essa situação. Tenho alertado os meus familiares que moram em Marechal Cândido Rondon para que se cuidem, principalmente os mais idosos ou que têm algum tipo de doença respiratória. Uma vez que você pegou o vírus, você fica em isolamento e não tem mais ninguém por você, a não ser os médicos e enfermeiros. Pessoas estão sendo cremadas e os parentes não os podem ver, porque estão fechados em suas casas. É muito triste”, destaca.

 

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