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Setor contesta razões sanitárias para embargo à exportação de frango

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A confirmação de que a UE (União Europeia) descredenciou 20 frigoríficos brasileiros a exportar carne de frango para o bloco econômico formado por 28 países causou indignação entre os produtores e entidades do setor. Parte das lideranças estava reunida na quinta-feira (19) no Fórum dos Presidentes de Cooperativas do Paraná, promovido pelo Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), em Campo Mourão.

A UE não divulgou a lista, mas o G1, portal de notícias da Rede Globo, afirmou ter tido acesso a ela. Dos 20 frigoríficos, 12 são da BRF, três deles no Paraná: de Toledo, Francisco Beltrão e Carambeí. Do Estado, ainda estão na relação a Avenorte, de Cianorte, e as cooperativas Lar (Matelândia), Coopavel (Cascavel), Copagril (Marechal Cândido Rondon) e Copacol (Cafelândia).

A medida da UE foi tomada depois da detecção de deficiências no sistema de controle do Brasil sobre esses frigoríficos. A restrição será aplicada 15 dias depois da publicação no Diário Oficial da UE, o que ainda não ocorreu.

Por meio de nota, o Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná) lamentou “as consequências inevitáveis” para a saúde financeira do setor, mas a assessoria da entidade esclareceu que a entidade preferiu aguardar a divulgação “da lista oficial pela autoridade sanitária da UE com o nome dos frigoríficos para mensurar reflexos exatos”.

Sindiavipar, ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Mapa (Ministério da Agricultura), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária) e Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná) classificaram, em coro, a decisão do bloco europeu como sendo “uma medida protecionista que não se ampara em questões sanitárias”. Nesse aspecto, o Sindiavipar explicou ainda que “não há risco de saúde pública proveniente do produto, já que a carne de frango é cozida antes do consumo, eliminando a presença de possíveis bactérias”.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o governo federal vai abrir painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) para recorrer da medida. “Nossa reclamação é que a Comunidade Europeia diz que é uma questão de saúde, mas se o Brasil pagar uma tarifa de 1.024 euros por tonelada e mandar tudo como carne in natura, entra sem nenhum problema. Então não é uma questão de saúde. E é isso que nós vamos reclamar na OMC”, explicou, segundo nota do Ministério da Agricultura.

Na avaliação do presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, o esforço de agora em diante é de contestar a UE junto a OMC e buscar novos mercados que se somem aos 120 países que já consomem a carne de frango brasileira. “Impossível todos nós estarmos fazendo errado, há tanto tempo. Conhecemos a maioria dos produtores desde a primeira geração e são famílias que já estão na terceira geração produzindo com qualidade e ganhando mercado, haja vista a competitividade que conquistamos e que não seria assim se o produto fosse ruim”, ressaltou. Ricken também lamentou o “ambiente de desconfiança” criado. “A forma precipitada e arrogante do início da Operação Carne Fraca favoreceu isso, infelizmente.”

Nesse sentido, a superintendente de relações internacionais da CNA, Lígia Dutra, avalia que uma das falhas do País nessa questão é “comunicar mal” suas ações. “Recentemente países como França e Bélgica tiveram problemas sanitários gravíssimos em suas exportações, mas corrigiram. E o embargo de hoje é fruto de uma auditoria ocorrida na metade de 2017”, compara. Isso somado ao claro interesse da UE em criar barreiras favorece o embargo. “No agro a UE não é competitiva, somente criativa em encontrar barreiras disfarçadas de regras sanitárias. É uma prática recorrente mesmo agora, quando negociam um acordo de livre comércio com o Brasil”, observa.

Segundo ela, os requisitos sanitários das duas cotas de exportação mostram o protecionismo velado que o bloco tenta impor à carne de frango brasileira. “In natura, são dois tipos de salmonella avaliados, já na cota com 2% de sal, a UE exige 2,6 mil tipos de salmonella, mostrando que a preocupação não é com saúde, uma vez que os dois produtos são aceitos”, informa.

De acordo com informações da ABPA, também confirmadas por Blairo Maggi, as unidades afetadas pelo embargo respondem por cerca de 30% a 35% da produção de frangos exportada para a União Europeia.

Com informações Folha de Londrina e Agência Brasil

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