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Trabalho favorece inclusão de pessoas com deficiência intelectual

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Carina Ribeiro/OP
Auxiliar de ensaque Ademar Fussiger garante que gosta de trabalhar e não pretende se afastar da função

 

A inclusão de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho tem favorecido cada vez mais a sua inclusão social, além de proporcionar a valorização de suas capacidades.
Neste ano, novamente as Apaes promovem a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, iniciada no domingo (21) e que segue até o próximo dia 28. O tema é “A pessoa com deficiência quebra a cultura da indiferença. Tenha coragem de ser diferente”.
Muito mais do que reconhecer e aceitar as pessoas com deficiência intelectual, o objetivo da campanha é combater a indiferença social. A proposta consiste em plantar discussões que visem combater as adversidades e a discriminação e que cultivem o respeito à diversidade.
Em Marechal Cândido Rondon, a direção da Escola de Educação Especial Pequeno Lar reconhece que vem avançando na luta referente aos direitos das pessoas com deficiência, principalmente por meio da capacitação e encaminhamento de alunos para inserção no mercado de trabalho.
Conforme Ivone Ricardi, hoje várias empresas da cidade admitiram e estão admitindo funcionários, os quais possuem deficiência intelectual e que foram alunos desta escola.
Eles passaram por um processo de preparação para estarem se enquadrando nas empresas de forma eficaz, o que para o aluno é uma forma de sentir-se valorizado e auto realizando-se profissionalmente. “Em qualquer área de atividade as pessoas deficientes podem trabalhar. Basta dar-lhes as condições necessárias e acreditar em suas potencialidades”, enfatiza.

 

 

Gradação
A gerente de Recursos Humanos da Agrícola Horizonte, Clair Hofstaetter, conta que a experiência de contratação de pessoas especiais tem sido positiva. Atualmente, a empresa possui todas as vagas preenchidas, atendendo à cota prevista em lei. “São dez pessoas com necessidades especiais, o que inclui deficiência física”, menciona.
A contratação é realizada mediante avaliação profissional médica e de assistente social para atestar a aptidão para a função, o que favorece o sucesso da contratação. “Já tivemos trabalhando quatro pessoas com deficiência intelectual e nunca tivemos problema”, relata Clair.
Um dos contratados é Ademar Fussiger, que está na empresa desde 2006 e que ao longo dos anos até mesmo conquistou uma gradação de função. “Ele começou como embalador de farinha, hoje é auxiliar de ensaque”, expõe a gerente.

Crescimento
Do ponto de vista de Clair, tanto o contratado como o quadro funcional conquistam crescimento pessoal e profissional a partir da convivência com pessoas especiais no ambiente de trabalho. “Os colaboradores aprendem como lidar com as diversidades, cresce a aceitação e o respeito às diferenças”, constata.
Antes da inserção do novo contratado, a assistente social prepara os demais funcionários. “Desta forma, a integração tem sido facilitada”, garante.
A inclusão de especiais no banco de talentos do Grupo Horizonte tem possibilitado ainda uma nova visão empresarial. “Não é a pessoa que tem que se adaptar à nossa empresa, mas a empresa é que se adapta a ela e desta forma temos tido êxito nesse processo”, destaca.
Ademar garante que o trabalho lhe agrada, além do contato com os companheiros de setor. “Eu gosto muito de trabalhar, os colegas ajudam, conversam”, afirma, ressaltando que se sente realizado com a oportunidade.

Iniciativa
A abertura do estabelecimento comercial para pessoas com deficiência intelectual tem sido uma experiência positiva também para a Cooperativa Agroindustrial Copagril. Pelo menos duas pessoas estão trabalhando no supermercado da Copagril, além de outras com necessidades especiais físicas. “Hoje a cota do supermercado está preenchida”, garante o gerente Gilmar Zanatta.
Segundo ele, a contratação de especiais tem se mostrado viável e frutífera. “Eles se adaptaram muito bem ao ambiente de trabalho. Cumprem horários, não faltam e não falham em serviço. Para nós, a experiência tem até mesmo superado as expectativas”, declara.
A satisfação do gerente com os resultados está pautada no desempenho dos contratados. Ele relata que eles demonstram interesse e iniciativa. “A gente nem precisa pedir para fazer as coisas, por isso tem sido muito bom. Vemos que eles precisam ter essa oportunidade para poder expressar suas habilidades”, observa.
Uma das funcionárias é Cristiane Sauer, que trabalha no supermercado desde maio do ano passado fazendo a reposição de produtos nas gôndolas do setor de higiene pessoal. Aos 25 anos, ela conta que este é o seu primeiro emprego e que está gostando muito. “No começo foi um pouco difícil, mas depois me acostumei. Agora venho sempre trabalhar de bicicleta. Gosto do que faço e também de conversar com os colegas de trabalho”, relata.
Antes de entrar para esse concorrido mercado, Cristiane frequentava a Apae e conta que foi preparada para trabalhar. “A gente aprendeu várias coisas como fazer crochê, cozinhar e sempre me diziam que um dia eu me daria bem para trabalhar e foi o que aconteceu”, expõe.
A Copagril informa que ainda dispõe de vagas em vários setores da cooperativa, sendo que são oferecidas todas as condições que eles precisam para se adaptar.

Remuneração
O supermercado Rimmava também tem favorecido a inclusão de especiais por meio da oportunidade de trabalho. Na empresa, o empacotador Daniel Senger só tem boas referências. “A experiência está sendo muito boa, exerce a função adequadamente, cumpre horários, disciplinado, não tem problemas de relacionamento com colegas ou clientes”, garante Hanna Camila Ruzza.
Na visão da empresa, o fato de poder trabalhar e ter a própria renda também é importante para as pessoas com deficiência intelectual. “Representa independência. O fato de estar produzindo e todo final de mês receber sua remuneração e saber que foi pelo seu esforço deve ser reconfortante e ajuda nos relacionamentos familiares e com as outras pessoas”, acredita.
Hanna acredita que o processo de inclusão deles no mercado de trabalho ainda é um pouco lento, mas gradativo. “O grande problema de acesso ao mercado é o preconceito e a visão distorcida sobre as pessoas com alguma deficiência. Estas pessoas podem trabalhar em qualquer área se tiverem acesso à qualificação. Dando-lhes condições necessárias, com toda certeza mostrarão sua potencialidade”, conclui.

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