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Marechal Conquista

17 de janeiro: construção da sede do BPFron já tem data para começar

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Desde sua instalação, em 2012, a sede do BPFron está em uma estrutura provisória, localizada às margens da PR-467, em Marechal Rondon (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

Ordem de serviço foi emitida na última quinta-feira (02). Obra foi orçada em R$ 32,5 milhões. Construtora terá até 720 dias para concluir a execução do projeto

O Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), com sede em Marechal Cândido Rondon, completa em 2022 dez anos de instalação. Desde o primeiro comandante, o tenente-coronel Erich Osternack, passando pelos demais que estiveram à frente da corporação – coronéis Adauto Nascimento Giraldes Almeida, Cesar Leroy Copper e Saulo de Tarso Sanson Silva -, até chegar ao atual, André Dorecki, todos estiveram envolvidos na conquista para edificação da sede própria da unidade policial.

E a conquista veio. Na última quinta-feira (02) foi emitida a ordem de serviço para a execução da obra, que estará localizada às margens da PR-467, em frente à Unidade de Aves da Lar Cooperativa Agroindustrial, a poucos metros da atual sede, que é provisória.

“Foi um trabalho de continuidade, que começou há quase dez anos quando o tenente-coronel Erich Osternack assumiu o BPFron. É uma obrigação do comandante e brincamos que ele precisa carregar o projeto debaixo do braço para que, ao final, realmente aconteça”, enaltece o atual comandante do Batalhão, tenente-coronel Dorecki.

Em entrevista ao Jornal O Presente, ele revela que a obra já tem data para começar: 17 de janeiro. Confira.

O Presente (OP): O que representa para o Batalhão de Polícia de Fronteira a conquista da sede própria?
André Dorecki (AD): O BPFron completa em 2022 dez anos e essa continuidade do projeto na construção da sede demonstra a confiança que o Governo do Estado, o governo federal e a própria sociedade da região têm nos trabalhos que são desempenhados pela Polícia Militar e, em específico, pelo Batalhão.

OP: Há alguma estimativa de quando a obra deve começar?
AD: Sim. Dia 17 de janeiro a empresa começa os trabalhos, conforme a ordem de serviço que foi assinada pelo secretário estadual da Segurança Pública, junto com o responsável pela construtora. Essa obra tem a previsão de execução em 720 dias, ou seja, praticamente dois anos.

OP: O que contempla esse investimento?
AD: É um investimento do Governo do Estado, junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), de aproximadamente R$ 32,5 milhões. É uma obra muito grande. São cerca de 9,5 mil metros quadrados de área construída e vai contemplar tanto a parte operacional como administrativa do Batalhão. E como o BPFron tem uma característica diferente de outras unidades, é uma instalação que vai servir de suporte também para demais forças que venham a operar na região, como já fazemos hoje, mas será com melhores condições. Hoje recebemos aqui efetivo do Batalhão de Operações Especiais (Bope), com sede em Curitiba, efetivo do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas(BPMOA), vamos receber das Forças Armadas e outros.

OP: Os recursos destinados à obra são de um financiamento feito pelo Governo do Estado junto ao BID. Eles estão garantidos ou o prazo deste financiamento pode expirar e o dinheiro ser devolvido?
AD: Eles estão garantidos, inclusive durante o período de pandemia o próprio BID ofereceu uma extensão do prazo, caso necessário, assim como em várias situações ocorreu essa extensão de prazo. Agora, com a ordem de serviço assinada, o projeto passa para a empresa para execução da obra. Representantes da construtora já estiveram em Marechal Rondon para conversar, inclusive, com o prefeito (Marcio Rauber) a respeito da obra. No início do ano começam os trabalhos, que serão acompanhados pela Paraná Edificações, que é o órgão responsável no Estado pela fiscalização. Acreditamos que seja possível concluir a obra até antes do prazo de dois anos.

OP: Existe a possibilidade de aumento do efetivo com a instalação da nova sede do BPFron?
AD: Existe. Como está em andamento o processo de seleção e ingresso de novos policiais para o Paraná, há uma expectativa de recebermos, dentro deste montante, militares para compor o efetivo do BPFron. Quando tivermos uma estrutura melhor também será um fator que pode aumentar mais a quantidade de policiais que vão trabalhar aqui.

OP: O BPFron tem atuação na parte terrestre, aquática e conta com o Pelotão de Operações com Cães. Há no projeto ampliação para outra atividade?
AD: Temos para início de 2022 a expectativa de recebermos dois lotes de novas viaturas. Com essas viaturas vamos conseguir aumentar o número de equipes trabalhando na rua, tanto na parte terrestre como aquática. Dentro da estrutura do Batalhão que será construída há a previsão de um hangar e um heliponto. Com isso, as aeronaves do Governo do Estado, seja da Polícia Militar ou Polícia Civil, poderão utilizá-lo como apoio às operações aéreas na região.

OP: Na época da instalação do BPFron houve lideranças que defenderam que a unidade policial fosse sediada em Foz do Iguaçu. O senhor vê Marechal Rondon como o município mais estratégico? E essa construção acaba de vez com qualquer especulação sobre eventual mudança da sede do Batalhão?
AD: Marechal Rondon é realmente um município estratégico. No final de 2019 fizemos a instalação do nosso Pelotão Cobra – Corpo de Operações de Busca e Repressão Aquática – em Entre Rios do Oeste, na estrutura da antiga Base Náutica, que nos foi cedida pela Itaipu Binacional. Para nós é importante Marechal, porque tem essa proximidade com o Lago de Itaipu e com essas outras instalações. O município está de certa forma em uma boa localização em relação a toda faixa de fronteira do Estado, abrange 139 municípios. Atuamos de Querência do Norte até Palmas. Hoje temos instalação nessas duas estruturas, além de Guaíra, onde também está em construção a nova Companhia ao lado do aeroporto. Ela deve ficar pronta em dois anos, a partir de um projeto do Governo do Estado, Prefeitura de Guaíra e Itaipu. Nós temos ainda a 3ª Companhia, inaugurada ano passado e com uma estrutura excepcional em Santo Antônio do Sudoeste, na fronteira com a Argentina e divisa com o Estado de Santa Catarina. No início deste ano abrimos uma base em Umuarama, pois contamos com um projeto junto ao Comando que, havendo a sinalização positiva, pretendemos criar lá a nossa 4ª Companhia, de tal forma que estamos ampliando o nosso raio de atuação. Dentro deste planejamento estamos trabalhando com ampliação da nossa atuação em Foz do Iguaçu e Cascavel. Existe a possibilidade no futuro de criarmos uma instalação mais adequada nestes dois grandes municípios da região, sendo que hoje já operamos lá, mas junto com equipes da Polícia Federal, Nepom (Núcleo Especial de Polícia Marítima) e Receita Federal.

OP: O BPFron foi criado para atuar na linha de fronteira. Por que desta ampliação para atuar em outros municípios?
AD: Verificamos que nossa linha de fronteira é muito grande e há pontos de passagem de ilícitos. Só no Lago de Itapu são mais de 300 portos clandestinos, além daqueles que ainda não foram identificados. Fora as passagens oficiais, como a Ponte Ayrton Senna, a Ponte da Amizade e a ponte em Porto Camargo, na divisa com Mato Grosso do Sul, constatamos que existem inúmeros locais de passagem e há necessidade de criarmos uma segunda malha de proteção. Essa malha estamos fazendo principalmente na região de Umuarama, Cascavel e saindo de Foz do Iguaçu. A ideia é cada vez mais apertar o cerco em relação aos ilícitos que tentam entrar no território brasileiro por meio do Paraná.

OP: E isso tem dado certo?
AD: Tem e os resultados falam por si. No ano passado mais do que dobramos a quantidade de drogas apreendidas por parte do Batalhão. A média do BPFron, até 2019, era em torno de 18 toneladas. Ano passado fechamos em 37 toneladas e, neste ano, já passamos de 42 toneladas. Isso demonstra que a estratégia que a Polícia Militar traçou vem dando certo. Esperamos que esses números só diminuam quando realmente diminuir a demanda dentro do Estado, a procura por esse tipo de ilícito, senão a tendência é que cada vez os números aumentem. A Polícia Militar faz sua obrigação de tentar inibir que esses ilícitos entrem no nosso território e já observamos algumas mudanças de postura.

OP: Como quais, por exemplo?
AD: Principalmente nos municípios lindeiros, notamos que aquela subcultura que existia de que as pessoas dependiam do contrabando para sua subsistência é uma falácia. O que observamos hoje é que muitas pessoas que estavam trabalhando nessa linha de ilícitos, hoje, estão buscando o trabalho formal, inclusive tendo suas garantias trabalhistas. Temos vários relatos disso.

OP: Muitas pessoas da região não enxergavam o contrabando como um crime. O senhor acha que isso está mudando?
AD: Sim. Desde 2019, o BPFron e a Polícia Federal são os precursores do Programa Vigia (Programa Nacional de Segurança nas Fronteiras e Divisas) e da Operação Hórus (que integra várias forças de segurança) do Ministério da Justiça. Somos o embrião de onde nasceram práticas que já vinham ocorrendo de trabalho integrado. Esse trabalho vem demonstrando, por meio do setor de inteligência e dos números, que o contrabando está diretamente ligado ao tráfico de drogas, tráfico de armas e das quadrilhas de crime organizado. É um crime que gera muito dinheiro, o qual gera investimento para outros crimes mais violentos. Poderíamos citar outros casos, porque quando se fala em contrabando as pessoas pensam em cigarro. No entanto, há um número elevadíssimo de apreensão de agrotóxicos. O agrotóxico é uma droga invisível, porque as pessoas não sabem, mas muitas vezes estão consumindo dentro de casa. São produtos que não passaram por nenhum tipo de fiscalização sanitária e que os índices de toxicidade estão muito acima do que é permitido no Brasil. Por esses e outros fatos é que o BPFron e todas as outras forças de segurança que atuam na região têm tolerância zero contra qualquer tipo de material contrabandeado, adulterado, assim como tráfico de armas e de drogas, bem como de animais e pessoas. Isso movimenta uma máquina que é conhecida como crime organizado.

Comandante do BPFron, tenente-coronel André Dorecki: “Como o BPFron tem uma característica diferente de outras unidades, é uma instalação que vai servir de suporte também para demais forças que venham a operar na região” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

Por Maria Cristina Kunzler/O Presente

 

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