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Marechal Inadimplência

5,9 mil rondonenses estão no SPC

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Foto ilustrativa

 

Um a cada cinco consumidores do comércio de Marechal Cândido Rondon está inscrito no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Do total dos 28.092 habitantes do município que compõem o grupo da população economicamente ativa (PEA), que é aquela inserida no mercado de trabalho e que tem acesso ao crédito, 20,76% está inadimplente.

De acordo com os números do SPC levantados até a última sexta-feira (23), disponibilizados pela Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon (Acimacar), são 5.829 CPFs inscritos na ferramenta de proteção ao crédito, registrados 13.137 vezes. Isso significa que R$ 5.365.803 estão perdidos no comércio rondonense. “Este valor é bastante considerável quando pensamos que todo valor perdido na inadimplência é ruim. Se conseguíssemos diminuir esses R$ 5 milhões, ainda seria um valor alto porque é um recurso que deixa de fomentar o desenvolvimento”, diz o vice-presidente de Informações Cadastrais e Proteção ao Crédito da Acimacar, Eduardo Berndt.

Ele compara, por exemplo, que hoje com R$ 100 mil já há possibilidade de abrir uma pequena empresa no varejo rondonense. Neste sentido, o valor acumulado de inadimplência no município significa que deixaram de existir 50 pequenas empresas em Marechal Rondon. “Foram descapitalizados 50 empreendimentos que poderiam estar fomentando outras empresas ou melhores preços, o crescimento de mais empresas, mais clientes e mais empregos”, pontua.

Por ainda existir uma parcela dos empresários que não inclui os clientes inadimplentes no serviço de proteção ao crédito, Berndt assinala que o recurso perdido no comércio local, sem dúvida, é ainda maior. “Hoje o ticket médio das dívidas do consumidor corresponde a R$ 444,78, o que não é um valor muito alto. Dentro das próprias empresas é possível de o consumidor realizar uma negociação para resolver essa situação ou por meio de campanhas específicas, como a promovida pela Acimacar atualmente que objetiva limpar o nome das pessoas que estão na inadimplência”, menciona.

 

Ferramenta de educação financeira

Ao contrário do que alguns consumidores e até mesmo empresários pensam, o SPC não é um cobrador, mas, sim, um cadastro de informações comerciais negativas de consumidores.

Conforme Berndt, a ferramenta serve para que durante a concessão de crédito o sistema do SPC seja acessado e o empresário verifique se o cliente está ou não inadimplente. “Quando há um engajamento do empresário no sentido de utilizar o sistema como ferramenta de segurança para acesso ao crédito, ele torna-se um meio indireto de cobrança, pois quando uma pessoa tem o crédito negado, na maior parte dos casos, sua prioridade passará a ser resolver essa situação e quem ganha são as três partes: a empresa que vai receber a dívida, a outra empresa que vai fazer a venda e o consumidor, que vai passar a ter o nome limpo novamente”, detalha.

Ele também descreve o SPC como uma ferramenta de educação financeira, diferente do “vilão” visto por muitos. “Todos já passaram ou podem passar por situações que o dificultem pagar suas dívidas e o coloquem para refletir sobre suas maneiras de consumo, então esta é uma forma mais forçada de você aprender a lidar com o crédito”, menciona.

De acordo com Berndt, atualmente o SPC é a única ferramenta formal de educação financeira e proteção ao crédito, funcionando como um sinal de alerta ao consumidor. “Quando ele vai tomar crédito e é informado que está inadimplente, um sinal vermelho começa a piscar em sua frente e ele aprende a buscar formas para resolver essa situação, especialmente os novos crediaristas, permitindo ao mercado ter bons consumidores de crédito que sempre terão essa possibilidade de adquirir bens, produtos e serviços”, salienta.

 

Relação de confiança

Se todos os dias você vai à padaria e o dono do estabelecimento marca a quantidade de pães que você compra em um caderno, para que você pague ao fim do mês, esta pode ser considerada uma política de crédito.

Segundo Berndt, em qualquer forma de concessão de crédito, seja da mais simples, como anotar em um caderno, até a mais complexa, está estabelecida uma relação de confiança entre vendedor e consumidor. “A partir do momento que a empresa vende algo a prazo, ela está cedendo algo, líquido e certo, de forma antecipada para o consumidor, ou seja, a pessoa terá o benefício imediato mediante o futuro e, diferente de uma instituição financeira, a empresa cede seu capital em forma de produto”, comenta Berndt, destacando que é importante ter o entendimento de que a concessão de crédito é uma negociação e, mais do que isso, uma relação de confiança.

Baseado em imprevistos, históricos ou nas possibilidades futuras de não cumprimento do pagamento, as empresas têm nas ferramentas de proteção ao crédito as formas de se assegurar.  “Existem empresas mais flexíveis e acessíveis, porém outras sofreram mais com a inadimplência e por isso são mais restritas e exigentes. Algumas empresas têm a concessão de crédito baseada na extrema confiança, por isso adotam o modelo de anotar no caderno, outras já atuam com cartão próprio, cartão de crédito, boleto bancário, crédito próprio da empresa, entre outros”, descreve.

 

Benefício

Na visão do vice-presidente de Informações Cadastrais e Proteção ao Crédito da Acimacar, as empresas ainda precisam profissionalizar a concessão de crédito e o setor de cobrança. “Mas esta é uma característica de municípios pequenos”, relata.

Muitos consumidores ainda não admitem que se façam muitas perguntas ou solicitem documentos para atualização cadastral, por exemplo. “Entretanto, essas mesmas pessoas, quando em cidades maiores, se submetem à política de crédito, mas por que não admitimos isso em nossa cidade?” questiona.

Ele exemplifica com as instituições financeiras, que fazem uma série de exigências com base em sua política de crédito para a concessão do crédito. “Se o consumidor se submete à política da instituição financeira, ele também deve se submeter à do varejo porque o empresário depende da garantia para ter o recebimento do recurso e consequente desenvolvimento de sua empresa”, salienta.

Para o consumidor, ressalta Berndt, ter o nome limpo e o acesso ao crédito permitido garante o aproveitamento de oportunidades. “Mesmo que, em um primeiro momento, você não pense em se utilizar disso, daqui a cinco meses a sua geladeira pode estragar e você pode precisar comprar uma nova no prazo. Daqui um ano, você pode precisar financiar um carro. Em cinco anos, você pode ter a oportunidade de comprar uma casa”, enaltece. “Em cinco anos, que é o tempo em que a informação fica visível no sistema, é um período consideravelmente longo para considerar que ter o nome sujo não será um entrave, por isso, o quanto antes você resolver pagar isso de forma planejada melhor, para que você tenha o acesso ao crédito sempre à disposição”, frisa.

Além desses benefícios, tanto para consumidor quanto para o empresário, o vice-presidente de Informações Cadastrais e Proteção ao Crédito da Acimacar destaca que as empresas têm grande interesse em venda a prazo, seja para somar ao faturamento mensal em épocas de baixas vendas, para agregar ao trabalhar o estoque ou fazer oferta de produtos. “É uma ferramenta para instigar o consumo na empresa e na prática quem mais ganha é o consumidor”, enfatiza.

 

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