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Marechal Lavouras asseguradas

95% dos contratos tiveram seguro agrícola acionado em cooperativas rondonenses

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

A quebra da safrinha, cujas estimativas de perda chegam a 60% da produção, além de gerar impactos na cadeia produtiva e no agronegócio como um todo, também refletiu no setor bancário. Considerando que muitos agricultores utilizam financiamentos para o custeio da plantação, grande parte deles teve de acionar as agências seguradoras para resgatar o prejuízo registrado nas lavouras por conta da estiagem e, na sequência, das geadas.

Na Sicredi Aliança PR/SP, conforme o diretor executivo Fernando Fenner, 100% dos cooperados com financiamentos de custeio-safra contavam com cobertura de seguro, via ProAgro ou seguradoras. “Todas as operações de custeio são contratadas com algum tipo de seguro, pois prezamos pela segurança do associado”, expõe.

Segundo ele, a cooperativa não deve lançar novas linhas de crédito para o setor, considerando o fato de lavouras e produtores estarem assegurados. “Não é a primeira vez que acontece uma quebra de safra geral. O seguro cobre a despesa gerada pela estiagem e pela geada. Quando falamos de recursos do Plano Safra, são recursos liberados exclusivamente para uma nova safra. Não se pode usar recursos do Plano Safra 2021/2022 para uma safra do ano que se foi”, explica.

 

SINISTROS POR GEADA SÃO SUPERIORES

Entre os financiamentos do Plano Safra da Sicredi, Fenner aponta que 78% das operações contratadas tiveram acionamento do seguro. “Tivemos 33% de acionamento pelos efeitos da estiagem e 45% em decorrência da geada. Ou seja, a geada impactou mais no acionamento de seguros nesta safrinha”, afirma.

As perdas em uma safra, de acordo com o diretor executivo, geram maior demanda por seguros e financiamentos no próximo ano. “As pessoas que plantam com recursos próprios encaram essas situações de perda generalizada e cogitam financiar na próxima safra, justamente para ter essa cobertura. Um evento como esse atrai uma demanda maior na contratação de seguros para as próximas safras”, aponta.

Diretor executivo do Sicredi Aliança PR/SP, Fernando Fenner: “O seguro vai cobrir o valor entre o que o produtor colher e o necessário para cumprir com o financiamento. Além disso, temos visto os percentuais de inadimplência caírem no último ano. A cooperativa sempre trabalha com menos de 0,6% de inadimplência” (Foto: O Presente)

 

INADIMPLÊNCIA DE 0,6%

Fenner afirma que a quebra da safrinha não interfere nos índices de inadimplência relacionados ao custeio. “O seguro vai cobrir o valor entre o que o produtor colher e o necessário para cumprir com o financiamento. Além disso, temos visto os percentuais de inadimplência caírem no último ano. A cooperativa sempre trabalha com menos de 0,6% de inadimplência”, enumera.

Para ele, a adaptação do fluxo de caixa dos associados aos compromissos financeiros destes fez com que as contas se mantivessem em dia. “A inadimplência dentro da Sicredi diminuiu no último ano, visto que, quando se fala de pandemia, não temos um impacto tão grande no Paraná e em São Paulo. Isso pode ter acontecido por essa ser uma região baseada em um agronegócio forte, comércio organizado e indústrias estruturadas, diferente de outras áreas que têm suas economias puramente industriais”, avalia, emendando que nesse cenário a inadimplência até diminuiu.

 

REFORÇO BANCÁRIO

Como a inadimplência entre os cooperados da Sicredi Aliança PR/SP não aumentou, o diretor executivo acredita que a procura por outros recursos na cooperativa devem ser utilizadas para dar continuidade a planos que dependiam do lucro da safrinha. “Alguns produtores podem buscar recursos para investimentos pontuais. De repente, a partir do que sobrasse da colheita do milho o produtor poderia pensar em comprar um bem, trocar de carro ou arrumar sua casa. Para não parar esses projetos, financiamentos extras podem ser procurados”, considera.

Contudo, ele acredita que, apesar da possibilidade do empréstimo, o produtor deve esperar por outras safras produtivas para sequenciar estes planos. “O produtor da nossa região é bem estruturado e inteligente financeiramente. Eles devem aguardar outra safra para realizar os investimentos pretendidos. Para aqueles que quiserem antecipar, todavia, a cooperativa tem linhas de crédito disponíveis”, assegura.

 

CRÉDITO RÁPIDO

Além das linhas convencionais repassadas para custeio e investimentos agrícolas e pecuários e linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o ano safra 2021/2022, o Sicoob Confiança oferece outra linha de crédito aos produtores rurais. “Contamos com a linha de crédito rápido Agro Easy, sem impacto no limite de financiamento por ano-safra e com recursos da própria Singular, além de taxas reduzidas se comparadas a juros comerciais convencionais”, mencionam ao O Presente o diretor superintendente do Sicoob Confiança, Edison Luiz Dechechi, e o gestor de crédito Leandro Leodir Lunkes.

Eles avaliam que a quebra da safrinha também reflete no comércio, que merece atenção. “Eles são indiretamente acometidos pela frustação da safra e já têm sofrido com os impactos da pandemia. Para tanto, contamos com diversas linhas para auxílio aos imprevistos enfrentados, com destaque às linhas do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe)”, pontuam.

Diretor superintendente do Sicoob Confiança, Edison Luiz Dechechi: “A procura e a preocupação na contratação de seguros têm se intensificado, principalmente por produtores que não costumavam financiar o cultivo, uma vez que plantavam com recursos próprios” (Foto: O Presente)

 

95% DOS SEGUROS ACIONADOS

Dechechi e Lunkes informam que o seguro de grande parte das operações de custeio realizadas na cooperativa ampara os agricultores e controla a inadimplência. “Noventa e cinco por cento de nossos seguros foram acionados devido às perdas causadas pela estiagem e, principalmente, pela geada. Até o momento, os indicadores de inadimplência têm se mantido estáveis e dentro da meta almejada para o período, considerando os impactos climáticos e a pandemia da Covid-19”, relatam, acrescentando: “A inadimplência geral no Sicoob tem se mantido com indicadores próximos de 1%”.

As linhas de crédito com carências diferenciadas, explicam eles, dão “fôlego” financeiro aos cooperados e seus fluxos de caixa, fator que contribui à manutenção da inadimplência em números controlados.

Gestor de crédito do Sicoob Confiança, Leando Leodir Lunkes: “Os comércios são indiretamente acometidos pela frustação de safra e já têm sofrido com os impactos da pandemia. Para tanto, contamos com diversas linhas para auxílio aos imprevistos enfrentados” (Foto: O Presente)

 

PROCURA INTENSIFICADA

Diante de um cenário negativo em termos de produtividade na agricultura, Dechechi e Lunkes consideram que a procura por recursos extras junto às instituições financeiras deve aumentar. “Produtores que há anos não buscavam recursos de financiamento, por possuírem capital próprio, devem procurar por recursos na cooperativa. Mesmo com os bons preços no mercado de grãos, houve frustração na safrinha”, opinam.

A tendência, acrescentam, é que a demanda por seguros também cresça em safras posteriores a esta, cuja quebra deve ser vivenciada. “A procura e a preocupação na contratação de seguros tem se intensificado, principalmente por produtores que não costumavam financiar o cultivo, uma vez que plantavam com recursos próprios”, finalizam.

 

O Presente

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