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Marechal

A sede do conhecimento

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Semear hoje com a expectativa de colher bons frutos no futuro. É com base nesta filosofia, somada à ânsia de que a comunidade se mantenha fiel à casa de Deus, que a igreja mantém viva há anos acultura da catequese – período de formação voltado aos sacramentos, especialmente à Primeira Eucaristia e à Crisma.

Somente na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, conhecida como a Matriz Católica de Marechal Cândido Rondon, são aproximadamente 500 crianças que realizam a caminhada de cinco anos em encontros semanais da catequese, nos quais recebem os conhecimentos sobre a religião católica. “Além da matriz, também trabalhamos com as capelas que pertencem à Paróquia Sagrado Coração de Jesus, que são seis, totalizando cerca de 700 catequizandos”, declara a coordenadora da catequese na paróquia, Roseli Dinnebier.

 

Missão

Na Matriz Sagrado Coração de Jesus e nas seis capelas, são 70 catequistas que atuam voluntariamente para repassar o conhecimento da palavra de Deus às crianças. Roseli explica que para atuar como catequista as voluntárias passam por uma formação em nível de diocese, que aqui acontece pela Diocese de Toledo. “Também há uma formação que se chama Grecat, que é um grupo de reflexão de catequistas em que a cada dois meses uma equipe diocesana vem passar conteúdos, informações e tudo que é necessário para a catequista ter uma base sólida dentro da religião católica”, menciona.

Além disso, também há um Grupo de Catequese que se reúne na paróquia para a formação de catequistas, bem como o grupo Catequese e Família, encontros que as próprias catequistas preparam com base em um material disponibilizado pela diocese. “Este material é trabalhado junto com os pais e eles vão aprofundando o sentido da religião em si”, conta.

Para Roseli, que antes de coordenar os trabalhos da catequese já atuou como catequista, executar a tarefa de forma voluntária é uma missão, um chamado que vem para que as catequistas se prontifiquem a participar de reuniões, formações e tudo o que a igreja proporciona. “Tudo tem uma base, um fundamento, e elas conseguem a partir daí uma vivência de religião para transmitir ao catequizando. Tendo essa base, essa estrutura que a igreja proporciona, cada vez mais os catequizandos também terão sede de buscar, aprofundar esse conhecimento”, aponta.

 

Caminhada

Quando completam três anos de caminhada, os catequizandos recebem pela primeira vez o sacramento da Eucaristia. A Primeira

Eucaristia acontece todos os anos para cerca de 120 catequizandos quando recebem pela primeira vez o corpo e sangue de cristo sob a forma de pão e vinho. “Após mais dois anos de caminhada, esses catequizandos estão preparados para o Crisma, que reúne também os jovens da capela na matriz, em uma celebração que conta com a presença do Bispo”, destaca Roseli.

A Crisma também acontece para cerca de 120 catequizandos e, segundo a doutrina da Igreja Católica, é um sacramento em que o fiel recebe, através da ação do Bispo, uma unção com o Crisma (óleo de oliveira).Trata-se de um rito em que o Bispo impõe as mãos sobre os confirmandos, invocando o Espírito Santo, e os unge com óleo de oliveira.

 

De geração em geração

A coordenadora da catequese comenta que muitos daqueles que hoje são pais de catequizandos já passaram pela caminhada da catequese, ou seja, o hábito de participar da igreja e a religiosidade perpetua nas famílias de geração em geração. “Participando dos encontros, eles entendem o significado do Sinal da Cruz, da Santa Missa, como ler a bíblia, as orações católicas e que Cristo é Presença Real na Eucaristia. A catequese os impulsiona para que tenham uma vida de cristãos autênticos”, avalia Roseli.

Hoje, até mesmo a didática da catequese tem feito com que as próprias crianças incentivem a família a participar da igreja e cultuar o hábito de ir à missa toda semana. Além da bíblia, um dos materiais utilizados nos encontros para orientar as atividades de modo a torná-las mais eficientes é um álbum litúrgico. “A cada final de semana temos uma caminhada de evangelho, que pega o tempo da liturgia católica e nesse álbum, sobre aquele evangelho, terão algumas perguntas e um espaço para colar uma figurinha que os catequizandos recebem na missa. Eles estão aprendendo junto com isso, por isso pedimos a participação na missa”, expõe.

A atividade, diz, não é uma forma de obrigar as crianças a participarem da missa, mas, sim, de aprenderem junto ao evangelho, já que eles fazem a catequese para entender a missa, o que significa estar na presença de Deus. “Os pequenos, principalmente, insistem para que os pais venham participar da missa, porque eles querem vir, não porque se sentem na obrigação. É um chamado que eles têm, e também uma forma de incentivar a família a participar da igreja”, pontua.

Roseli ressalta que em função desta forma didática, há vários testemunhos de pais que salientaram que quando não participam da missa, sentem falta, tendo em vista que a casa de Deus é um local de paz, harmonia e que preenche um vazio existencial. “A maioria dessas crianças vem aos encontros porque realmente gosta e não por uma imposição da família. Elas sentem a necessidade pela busca por Deus, pelo preenchimento de um vazio inenarrável, realmente gostam dessa caminhada”, complementa.

 

Desafios

Para o padre Solano Tambosi, pároco da Comunidade Sagrado Coração de Jesus, atualmente, as redes sociais e os envolvimentos afetivos ocupam um lugar central na vida dos jovens, entretanto, muitos daqueles que deixaram o grupo da paróquia depois da Crisma continuam a dar um testemunho de fé como cristãos, muitas vezes em ambientes em que não é nada fácil assumir o Evangelho. “Pelo fato de muitos deixarem de pertencer a um grupo paroquial não significa que deixem de ser cristãos comprometidos no mundo”, garante.

Segundo ele, é um grande desafio a pastoral pós-Crisma. “É necessário que o adolescente sinta que faz parte de uma comunidade viva, onde encontra espaço para exercitar o dom da fé e tenha respostas de sentido para a sua vida, e é por isso que o incentivo para que se envolvam na Igreja é tão forte”, enaltece, acrescentando: “É importante ajudar os jovens a ler o mundo e desafiá-los para o compromisso cristão nos espaços que frequentam, afinal, um bom cristão é certamente um bom cidadão”.

Solano salienta que, infelizmente, pouco se reza em família e raros são os pais que ensinam a doutrina básica para os filhos. No entanto, a Igreja não desanima e não se desespera, pois ela sabe que Jesus ressuscitado caminha com ela para salvar a humanidade. “O papa tem pedido uma Igreja de qualidade mais que de quantidade. A Igreja é como a pequena colher de fermento que leveda toda a massa. Frágil e potente como um grão de mostarda”, conclui.

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