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Marechal "Lixo bom"

Acan e Cooperagir recolhem 390 toneladas de lixo por mês em Marechal Rondon

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(Foto: O Presente)

Em âmbito nacional, a população brasileira produz 541 mil toneladas/dia de lixo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) Meio Ambiente para 2018. Fruto de um amplo processo de globalização, obsolescência programada e outros fatores, a cada ano essa quantidade aumenta e, consequentemente, mais cuidados são necessários para reverter a situação, com o objetivo de dar um destino correto a esses materiais, gerando menos demandas aos espaços de armazenamento.

Neste sentido, Marechal Cândido Rondon conta atualmente com duas cooperativas que fazem a coleta e reciclagem de “lixo bom” na sede e no interior: a Cooperativa de Agentes Ambientais (Cooperagir) e a Associação de Catadores Amigos da Natureza (Acan). Ambas as associações atuam de maneira organizada na cidade. “Quando iniciamos nossos trabalhos, em 2018, recolhíamos 50 toneladas/mês e hoje esse número quadriplicou. A geração de lixo cresceu significativamente”, evidencia a fundadora e presidente da Acan, Josiane Cleve Oliveira.

Atuando desde 2008, a Cooperagir recolhe cerca de sete toneladas por dia, chegando a aproximadamente 140 toneladas ao mês, segundo informa a coordenadora da cooperativa, Caroline Bunzen. “Desse volume mensal, conseguimos reaproveitar mais de 70%, ou seja, 100 a 110 toneladas. Dentre a quantidade reciclada, temos 35% em papel, 25% em plástico, 20% em vidro, 15% de ferro e 5% de outros materiais ferrosos e metal. Esse é um cálculo realizado tendo como base a média anual”, expõe.

Coordenadora da Cooperagir, Caroline Bunzen: “A cooperativa não é obrigada a recolher materiais que não estejam separados da maneira correta. Contamos com amparo legal” (Foto: O Presente)

 

Já a Acan, que presta serviços ao município desde 2018 e possui uma equipe de 25 pessoas, recolhe em média dez toneladas de lixo por dia. “Chegamos a recolher cerca de 250 toneladas/mês, pois recebemos um quinto disso vindo do Ecoponto. Reciclamos destas em torno de 60 toneladas/mês, compostas por vidro, ferro, plástico e papelão, além de eletrônicos, os quais fazemos a separação peça por peça”, comenta Josiane, acrescentando: “Nós reciclamos apenas parte dos materiais que coletamos por mês, visto que realizamos o trabalho manualmente e não conseguimos cobrir a quantidade total. O lixo se acumula para ser separado no mês seguinte”.

Presidente da Acan, Josiane Cleve Oliveira: “Nós não fazemos milagres. Às vezes, nosso veículo estraga e não temos como buscar os materiais nos bairros. Pedimos aos munícipes que olhem para nossa situação” (Foto: O Presente)

Se a Acan contasse com uma esteira para triagem, estima-se que a cooperativa conseguiria selecionar todo o material recebido, sem gerar acúmulo no barracão (Foto: O Presente)

 

160 TONELADAS RECICLADAS

Ao todo, Cooperagir e Acan recolhem juntas aproximadamente 390 toneladas ao mês e reciclam 160 toneladas, ou seja, 41%. “Caso a Associação tivesse uma esteira para a triagem, conseguiríamos selecionar todo o material que recebemos durante o dia, aumentando a quantidade de reciclados e melhorando a disposição do nosso barracão”, pontua a presidente da Acan.

Os materiais recolhidos e não reciclados são encaminhados para a Inova Ambiental, que opera no município desde 2016. Além de receber os rejeitos da Acan e da Cooperagir, a Inova presta serviços de coleta de lixo orgânico diretamente das residências e empresas e opera o Aterro Sanitário Municipal.

 

LIXO NO ATERRO: NÚMEROS DE 2019

Milton Melo Pereira, encarregado da empresa, menciona que o aterro sanitário recebeu, em média, no ano de 2019, 71.571 toneladas/mês provenientes das cooperativas de catadores e da prefeitura, representando o montante de 858.861 toneladas/ano. Ao todo, reunindo o volume recolhido diretamente das residências, associações e da municipalidade, foram destinados ao aterro como resíduos não reutilizáveis 8.163.375 toneladas em 2019.

Ainda sobre 2019, somando a média de resíduos destinados ao aterro e a quantidade de materiais reciclados, Marechal Rondon produziu, em média, 680.441,25 toneladas por mês e 8.165.295 toneladas durante o ano de lixo gerado, sendo 1.920 tonelada reciclada.

A Acan faz a coleta em 20 localidades: Higienópolis I e II, Augusto I e II, Barcelona, Pôr do Sol, Primavera I e II, Ipê, Conjunto São Mateus, Cipreste, Paraíso, São Francisco, Nova América, São Marcos, Recanto Feliz, parte do Botafogo, Ana Neusa, Margarida e São Roque. Já a Cooperagir, com 45 agentes ambientais, atua no Jardim Marechal, São Lucas, Vila Gaúcha, Boa Vista, parte do Botafogo, Alvorada e o centro, sendo a parte Leste, Oeste e comercial.

 

SEPARAÇÃO INCORRETA

Caroline ressalta que parte dos rejeitos encaminhados ao aterro, tanto pela Cooperagir como pela Acan, poderia ser reciclada. “A população não faz a separação da maneira correta. Há muito lixo orgânico misturado. Por mais que sejam realizadas campanhas, ainda não atingimos a conscientização e as pessoas acabam destinando tudo misturado para ‘se livrar’ daquilo o mais rápido possível. Em caso de roupas e calçados, se estiverem em bom estado, podem ser destinados ao Provopar (Programa do Voluntariado Paranaense) para doação ou, se não estiver em boas condições, podem ser levadas até o Ecoponto, onde também se condicionam entulhos e similares”, orienta, enaltecendo que o “lixo ruim” gera riscos à saúde dos agentes ambientais.

Josiane, contudo, afirma que tem visto melhorias pontuais na separação de lixo por parte da comunidade. “Desde quando começamos, em 2018, percebemos que mais residências estão aderindo à separação correta, todavia, ainda há muito a ser melhorado”, pontua.

 

“NÃO FAZEMOS MILAGRES”

Tanto Josiane quanto Caroline dizem que frequentemente observam reclamações nas redes sociais a respeito da coleta de lixo reciclável. “A cooperativa não é obrigada a recolher materiais que não estejam separados da maneira correta. Contamos com o amparo legal da lei municipal nº 4819/2015 e da lei nacional nº 12305/2010, da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, frisa a coordenadora da Cooperagir.

Recentemente, revela, um trabalhador se machucou durante o expediente devido a um vidro quebrado acondicionado da maneira errada. “Isso mostra o perigo que tais atitudes ocasionam aos agentes”, enfatiza.

A presidente da Acan, por sua vez, explica que algumas vezes o recolhimento não é feito devido a problemas técnicos. “Temos alguma dificuldade na logística em alguns momentos, visto que a associação conta somente com um caminhão para a recolha em toda a sua área de atuação. Nós não fazemos milagres. Às vezes nosso veículo estraga e não temos como buscar os materiais nos bairros. Pedimos aos munícipes que olhem para a nossa situação. Fazemos o trabalho manualmente, sem mordomia, chegando até a precariedade em alguns momentos, mas, ainda assim, boa vontade não nos falta”, destaca.

 

MELHORIAS

A Cooperagir está com melhorias em andamento em sua unidade. “Por meio de um convênio entre prefeitura e Itaipu, estamos reformando nosso barracão. Foram investidos R$ 500 mil e a nova estrutura passará dos 1,1 mil metros quadrados. Atualmente, a equipe está trocando o telhado e estima-se que até meados de março aconteça a inauguração”, projeta Caroline. “Todas as etapas acontecerão em um só lugar, trazendo muito mais agilidade e comodidade aos agentes ambientais. Além disso, pensando no bem-estar, conseguimos recentemente um ônibus para trazer o pessoal para trabalhar”, amplia.

Na segunda quinzena de dezembro, o prefeito Marcio Rauber assinou convênios que totalizam R$ 700 mil em recursos liberados pela Águas Paraná e que serão destinados à Acan e à Cooperagir. Serão adquiridos caminhões e equipamentos, além da construção de um novo espaço. “A prefeitura está com o projeto encaminhado para a construção de uma nova unidade para nós, da Acan, além de outro caminhão que facilitará o nosso trabalho. Precisamos viabilizar o nosso trabalho e, em virtude disso, estaremos mais equipados futuramente, com esteiras para a seleção e outros benefícios”, salienta a presidente da Associação Catadores Amigos da Natureza, acrescentando que o local ocupado por eles hoje será transformado em um ecoponto para depósito e posterior encaminhamento.

Atualmente, barracão da Cooperagir está sendo reformado: espaço terá 1,1 mil metros quadrados (Foto: O Presente)

Em breve, triagem da Cooperagir acontecerá no novo barracão para maior comodidade e praticidade (Foto: O Presente)

 

SEPARAÇÃO

A separação do lixo deve começar dentro de casa, colocando em recipientes diferentes o lixo orgânico e os materiais recicláveis, como vidros, papéis, plásticos, metais e ferrosos. Os recicláveis devem ser lavados e secos para que aconteça a destinação correta. Por fim, cabe ao munícipe dispor o lixo orgânico e o lixo reciclável em lugares diferentes no dia da coleta em sua residência, para que seja fácil o reconhecimento dos catadores. Caso sua comunidade tenha sido beneficiada com o saco de ráfia, utilize-o para melhor identificação. Vale lembrar que a cooperativa não tem a obrigatoriedade de recolher materiais com a separação feita de maneira incorreta.

Televisores sendo desmontados na Acan; as peças são separadas e comercializadas, assim como os materiais (Foto: O Presente)

 

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