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Marechal Mais seguro

Acidentes com ciclistas reduzem 20% em dez anos em Marechal Rondon

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Maior número de ocorrências foi registrado em 2013, com 189 acidentes. Já 2018 foi o ano mais seguro, com 101 atendimentos. Subcomandante dos Bombeiros e presidente da ARC destacam que ciclistas e condutores de veículos estão mais conscientes (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Atenção, conscientização, senso de responsabilidade, melhorias na mobilidade urbana e adoção de novos comportamentos se tornaram sinônimos de segurança, gerando um dado positivo em se tratando do trânsito em Marechal Cândido Rondon. Isso porque os acidentes envolvendo ciclistas reduziram 20% nos últimos dez anos, de 2010 a 2019, conforme dados do Corpo de Bombeiros de Marechal Rondon.

De 145 ocorrências que mobilizaram equipes do Siate no ano de 2010, os acidentes envolvendo bicicletas baixaram para 116 no ano passado. O ano de “auge” foi em 2013, com 189 ocorrências, enquanto o mais tranquilo foi registrado em 2018, com 101 acidentes.

 

AMPLIAÇÃO

O subcomandante do Corpo de Bombeiros, tenente Lucas Schlögl, diz que embora não existam dados apurados para verificar quais as condições exatas para a diminuição de 20% nos acidentes com ciclistas, a redução está ligada à utilização das ciclovias e ampliação das mesmas. “Podemos fazer inferência em relação à ciclovia que o pessoal começou a usar e ela garante mais segurança nesse meio de transporte”, frisa.

Por outro lado, Schlögl observa sazonalidade na análise de um ano para o outro, haja vista que é constatada variação entre os períodos. “Observo que muitas vezes as bicicletas andam na contramão, inclusive utilizando a ciclovia na contramão. Isso oferece certo risco, porque quando os motoristas vão fazer a passagem das vias eles sempre olham para o lado que vem o veículo. Se a bicicleta estiver vindo na contramão, muitas vezes o outro condutor não enxerga”, pontua, acrescentando: “Uma das nossas orientações é que sempre se procure andar na mão correta, no sentido do fluxo do trânsito, e não na contramão”.

 

Subcomandante do Corpo de Bombeiros, tenente Lucas Schlögl: “Os ciclistas devem estar sempre visíveis no trânsito, tomando cuidado para perceber se o motorista os enxerga, evitando colisões” (Foto: Joni Lang/OP)

 

Conforme ele, outra situação prejudicial é usar o celular enquanto está andando de bicicleta. “Você observa o pessoal andando e digitando alguma coisa, ou então olhando. Isso tira atenção e pode ser um fator de risco para ocasionar acidentes. Outro comportamento de risco é o transporte de pessoas no guidão, o que reduz a visibilidade e o controle de quem está pilotando”, alerta o subcomandante.

 

COMUNS

Segundo o tenente, colisão e queda são os acidentes mais comuns envolvendo ciclistas, principalmente em cruzamentos, sejam elas entre bicicletas, ou ainda com motocicletas e automóveis, podendo resultar em vítimas gravemente feridas. “Normalmente a bicicleta tem velocidade reduzida, porém é difícil ver ciclistas usando equipamentos de segurança. Quando ocorre algum acidente, dependendo do jeito que a pessoa cai, pode ocasionar lesões na cabeça, consideradas bem graves”, enaltece.

Ele menciona que outro ponto relevante a ser observado diz respeito à visibilidade das bicicletas. “Muitas vezes em períodos noturnos ou quando começa a ficar claro, a gente tem um ponto de visibilidade reduzida. A bicicleta já é um meio de locomoção menor do que os outros e possui alertas menos atrativos ao olho. Por exemplo, algumas bicicletas têm luz intermitente atrás, aí você consegue enxergar bem, mas outras não possuem e você precisa chegar muito perto para ver que se trata de uma bicicleta. Às vezes o ciclista está no ponto cego do veículo e o motorista não o vê. Observo que o ciclista deve estar sempre visível no trânsito, tomando cuidado para perceber se o motorista o enxerga, evitando colisões”, evidencia.

 

REPRESENTATIVO

Schlögl ressalta que Marechal Rondon é uma cidade que possui número representativo de bicicletas por habitante e que os cidadãos têm hábito de andar de bicicleta, de utilizá-la como meio de locomoção. “Um dos motivos pode ser pelo preço do combustível e pela opção de métodos mais saudáveis de locomoção. A maioria dos ciclistas possui consciência de como deve se portar no trânsito de maneira correta e segura, procurando sempre usar a ciclovia. Poucos ciclistas ainda têm comportamentos incompatíveis com o trânsito, como uso de celulares e outros meios eletrônicos e transporte irregular de pessoas. De maneira geral, há um número alto de acidentes com bicicletas, mas isso também se deve ao grande número de bicicletas que existem no município”, avalia o subcomandante.

 

Meio de locomoção é bastante difundido no município, contribuindo para desafogar o trânsito (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

RESPEITO

No entendimento do presidente da Associação Rondonense de Ciclismo (ARC), Paulo Rodrigo Coppetti, a redução de 20% no número de acidentes nesses dez anos, segundo dados oficiais dos Bombeiros, mostra que as pessoas estão mais conscientes e cuidadosas. “Ciclistas respeitam carros, os veículos respeitam ciclistas, talvez pelos eventos de cicloturismo, pois o aumento no número de participantes fez as pessoas tomarem consciência do uso de equipamentos e dos cuidados no trânsito, sobre onde e como andar”, opina.

No que tange à comparação de 2010 para 2013, quando houve acréscimo de 145 para 189 acidentes com ciclistas, Coppetti analisa que está relacionado ao aumento do número de ciclistas no município e pelo fato de as pessoas pedalarem mais. “Temos cicloturismo e outros eventos, bicicletas melhores, há competidores e atletas usando vias urbanas para treino. Acredito que isso pode ter contribuído ao aumento”, expõe.

Ele analisa que colisões e quedas são os acidentes mais comuns com ciclistas porque não há tanto espaço para pedalar. “Divide a ciclovia e a via que vai é a mesma via que vem. O ideal é que sejam mais espaçosas ou que tenham mais ciclovias”, menciona.

Para o presidente da ARC, o ciclista rondonense está mais cuidadoso e consciente quando se analisa anos anteriores, pois utiliza capacete. “Hoje muita gente pedala 30, 40 quilômetros e vai ao interior ou à outra cidade, então essa prática deixa automaticamente a pessoa mais cuidadosa”, acredita.

 

Presidente da Associação Rondonense de Ciclismo, Paulo Rodrigo Coppetti: “O ideal é que as ciclovias sejam mais espaçosas ou que sejam em maior número” (Foto: Divulgação)

 

CIDADE AMIGA DA BICICLETA

Coppetti lembra que ao lado de União da Vitória e Paranaguá, Marechal Rondon é considerada Cidade Amiga da Bicicleta no Paraná. “Acredito que temos ao menos uma bicicleta por habitante, então o uso deste meio de transporte é reflexo de que aqui apreciamos as bicicletas. O uso é positivo, porque desafoga o trânsito, que flui melhor, deixa a mobilidade urbana mais limpa, tranquila e diminui o fluxo de carros”, aponta.

 

EFEITO DA PANDEMIA

Se o coronavírus trouxe alerta em vários setores, também tornou mais pessoas adeptas da bicicleta. “Dois mil e vinte está sendo um ano diferente para todo mundo. No começo nem de ‘bike’ podia andar, mas depois foi um dos primeiros esportes que se começou a praticar. O coronavírus interferiu em todas as atividades, na bicicleta também. Futebol e outros esportes não podiam ser praticados, então as pessoas começaram a usar as ‘bikes’ para se exercitar. Prejudicou no começo, mas depois o pessoal entendeu que andar de bicicleta não contaminava, claro que tomando os devidos cuidados. Entendemos que foi um dos primeiros esportes a ser praticado quando começou a normalizar e dar brecha para andar na rua com mais normalidade. Essa foi uma das vantagens”, comenta.

 

* Dados fornecidos pelo Corpo de Bombeiros. (Foto: Arte/OP)

REIVINDICAÇÕES

De acordo com o presidente da ARC, representantes da entidade pretendem se reunir com o prefeito, o secretário de Mobilidade Urbana e vereadores para fazer reivindicações em nome da classe. “Pretendemos solicitar a ampliação de ciclovias, bem como ter ao menos um acostamento para andar nas rodovias de Marechal a Margarida, até Porto Mendes ou Nova Santa Rosa. Vamos apresentar esta ideia para melhorar o trânsito e aumentar a quantidade de pessoas adeptas das ‘bikes’”, enfatiza.

 

(Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

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