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Marechal Presépios ou Papai Noel

Alegria, união, fé, perdão. Você sabe qual o real sentido do Natal?

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Foto: Leme Comunicação

 

Celebrado há mais de 1,6 mil anos no dia 25 de dezembro, data que faz referência ao nascimento de Jesus Cristo, o Natal é tempo de alegria, união das famílias e amigos, perseverança, fé, perdão, mas principalmente reflexão.

Mesmo estando relacionado a uma data cristã, o Natal é amplamente comemorado por muitos não-cristãos em todo o mundo. Costumes populares típicos do feriado incluem a troca de presentes e cartões, a ceia, músicas natalinas, festas de igreja e a exibição de decorações diferentes, incluindo as árvores de Natal, pisca-piscas e guirlandas. Além disso, o Papai Noel é uma figura mitológica popular em muitos países, associada com os presentes para crianças.

É por conta desta tradição que, com o passar dos anos, o Natal tornou-se peça-chave para o aumento da atividade econômica, sendo um acontecimento significativo de vendas para os varejistas e empresas.

Pelas crianças desde cedo serem estimuladas a ter seu pedido atendido pelo Papai Noel, por meio daqueles que dão vida ao personagem ou escrevendo cartinhas ao bom velhinho, muito se questiona se as pessoas ainda têm o conhecimento do real sentido do Natal.

A consultora em gestão de pessoas e relacionamento humano Marta Schumacher pontua que o aspecto econômico da data é de extrema importância para alavancar as vendas, já que estimula e instiga as pessoas a consumirem bens, presenteando-se mutuamente. “Não deixa de ser uma forma de acarinhar, de demonstrar afeto. No entanto, se ficarmos apenas com esse aspecto esquecemos do aniversariante e para que Ele veio ao mundo”, enaltece.

Na visão da profissional, se a cada ano as pessoas se descuidarem mais sobre o que motiva os acontecimentos natalinos, todos estarão sempre na mesma correria: limpar ou reformar a casa, fazer planos para o ano novo, fazer lista de compras, andar por shoppings lotados, lojas e mercados abarrotados, sendo atingidos por propagandas de todos os lados: no celular, na televisão, no outdoor. “Tudo para ‘preparar’ a chegada do Natal e do Ano Novo. No noticiário ouvimos estatísticas e comparativos: ‘como serão as vendas do comércio esse ano em relação ao ano anterior’ – e logo em seguida vem: ‘a porcentagem de vendas será maior ainda neste ano’. Todas incutindo nas pessoas a vontade de gastar, comprar, desejar e adquirir. As mensagens publicitárias são muito bem elaboradas. Todas carregadas de emoção, sentimentalismo em relação ao sentimento mais nobre: o amor”, avalia.

No aspecto comercial da data, Marta comenta que cultiva-se a ideia de família, união, perdão, renovação da esperança para o ano que chega, a partilha, ao bem e a paz. Entretanto, tais mensagens convergem para o mesmo lugar: o consumo. “As propagandas são vinculadas aos principais valores humanos e evidenciam-se estes nessa época do ano. Não há nada errado com isso, desde que não nos percamos do verdadeiro sentido que tem o Natal cristão”, assinala.

 

Reflexão

A consultora em gestão de pessoas e relacionamento humano ressalta que é quase impossível não se perguntar, parar e refletir em algumas questões como: até que ponto vale a pena tudo isso? Até que ponto vale a pena apostar sonhos, sorrisos e felicidade em um objeto material? Vale a pena apostar cada centavo do bolso em presentes enormes e chamativos, os da tendência, da moda, do recém-lançado? Isso é o que representa o espírito de Natal, de amor e união? Vale a pena o sentimento de angústia e preocupação de não ter dinheiro para pagar as contas logo depois que tudo passa? Vale a pena criar problemas financeiros para si mesmo por alguns minutos de euforia?

“Enquanto para muitas pessoas dezembro chega com esperança e animação por conta do planejamento das festas em família e da troca de presentes, para a maioria da população o Natal passou a significar um momento de tristeza e até depressão”, lembra. “Como a mídia passa a imagem e a mensagem de que o Natal significa banquete em família e árvore de Natal rodeada de presentes, para aqueles que não têm as condições necessárias para criar esse cenário acabam por deixar que o desânimo e a desesperança vençam. E aí se perde o verdadeiro sentido do Natal”, opina Marta.

Neste aspecto, os menos afortunados podem refletir da seguinte forma: “ora, se eu não tenho dinheiro para comprar presentes dignos para a minha família, por que é que vou celebrar o Natal”? “E, aos poucos, vamos deixando para lá para que serve o Natal das famílias e, mais uma vez, o intuito da celebração dessa época do ano, puramente comercial e mercadológica, acaba por encobrir o que realmente importa: o amor, o perdão, a reconciliação, a revisão das atitudes erradas e principalmente em cada um ter com quem partilhar, a sua família. Independente da sua forma, tamanho ou conceito”, enfatiza.

 

Exageros

Apesar de considerar a necessidade da direção comercial do Natal para a movimentação da economia, o pastor Alfredo Bischoff, da Congregação Luterana Alvorada de Marechal Cândido Rondon, observa que a compra de alimentos para a ceia ou de presentes para a troca com familiares e amigos depende muito de uma grande prudência. “É necessário que as pessoas saibam ser consumidoras e não consumistas. Quando consumistas, influenciadas principalmente pelas propagandas, as pessoas tendem a ter o desejo de determinada coisa e não a necessidade. Essa situação que ela coloca-se, de precisar algo que não é de necessidade, coloca-a e um estado emocional ansioso e até mesmo de angústia”, observa o pastor.

Além dos prejuízos para o consumidor, que tem uma satisfação momentânea e uma frustração posterior ao adquirir algo desnecessário, Bischoff salienta o prejuízo desse comportamento para os próprios empresários, quando as pessoas compram, porém, endividam-se e não conseguem arcar com suas dívidas. “Um gasto feito sem planejamento no Natal pode levar muitas pessoas a passar boa parte do ano correndo atrás do prejuízo e se arrependendo por terem comprado demais”, frisa.

Outro aspecto negativo do “ser consumista” nesta época do ano está, na visão do pastor, nos exageros, especialmente de álcool, drogas e até mesmo de alimentos. “As festividades são importantes para celebrarmos em união, mas há muitas pessoas que neste clima festivo exageram nesses aspectos e acabam prejudicando toda sua personalidade, capacidade reflexiva, de administrar a vida e causam prejuízos para si e para o próximo. Poderíamos colocar esse aspecto de consumismo e de excessos como um espírito ‘anti-natalino’”, qualifica.

Marta orienta para que cada um planeje suas compras, modere e respeite os limites de seu bolso. “Cuide de si mesmo e quem puder adote a solidariedade e cultive bons sentimentos. É preciso lembrar de reformar primeiro seu coração, renovar-se no propósito de viver o bem, o amor, a esperança e a vida com muita autenticidade”, diz. “Vamos prezar por um Natal mais consciente, maduro, freado de exageros. Ao invés de presentes caros, talvez fazer um presente com as suas próprias mãos, envolva-se em algum projeto importante e faça alguém feliz. Mas, principalmente, cultive os bons sentimentos. Jamais esqueça que há muitas outras coisas boas e que valem a pena viver nesse período do que apenas trocas e apostas mercadológicas. Se for para praticar o consumo, prefira o consumo de amor, paz, alegria, prosperidade, união, família, perdão, carinho, compaixão, respeito e solidariedade com o próximo. Esse consumo, sim, é o verdadeiro espírito do Natal”, conclui a consultora.

 

O que é o Natal?

No aspecto mais profundo da religiosidade, Bischoff considera que talvez seja difícil falar em termos profundos o que realmente é o Natal. “Aparentemente é o nascimento de uma criança, mas é o nascimento de uma criança muito especial. Quem nasce nesse dia é o criador do Universo, aquele que existe fora do tempo. Ele existe, Ele é, desde todos os períodos, desde antes de qualquer coisa, Ele é Deus. Ele cria todo o Universo e no Natal se torna tão humilde que se faz criatura. Jesus abriu mão da natureza para se tornar outra coisa. Deus se torna gente. É algo tão profundo que nenhuma mente consegue compreender suficientemente”, qualifica o pastor.

Ele diz que a grande questão acerca do nascimento de Jesus está no motivo pelo qual isso aconteceu. Segundo o rondonense, é justamente para nos tornar divinos e eternos. “Ele vem para os resgatar, paga na cruz nossos pecados e quando Jesus ressuscita, não foi por Ele, porque Ele venceu a morte. Ele faz isso por nós. Ele destrói a morte por nós. Nos livra da morte. Quem tem Jesus no coração, ao morrer, não morre, mas é transferido daqui para a vida plena. E quando nós paramos para pensar nesses aspectos, nós vemos que o Natal é algo muito mais profundo do que pensamos”, destaca.

Se quisermos viver o Natal em toda sua profundidade, evidencia Bischoff, é claro que podemos trocar presentes, estar em família e em união. “Mas precisamos fazer essa reflexão, participar da vida da igreja, onde é apresentado o evangelho. Lembrar que Jesus veio por amor, que Ele deixou o infinitamente bom para se entregar à nossa vida e assim nos fazer felizes eternamente. Essa é a essência do Natal”, conclui o pastor.

 

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