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Marechal Agricultura

Apesar da chuva, quebra no milho safrinha deve ser de 50% na região

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Em algumas áreas perdas podem chegar a 60%; na região beira Lago de Itaipu dano tende a ser menor. Geada pode trazer efeitos ainda piores (Foto: Joni Lang/OP)

Apesar do grande volume de chuva registrado há uma semana, o qual oscilou entre 134 e 276 milímetros em Marechal Cândido Rondon e municípios da microrregião, conforme dados da Agrícola Horizonte, a estimativa de quebra no milho safrinha se mantém na faixa de 50%. Isso porque, além da estiagem severa observada até alguns dias atrás, o resultado da safrinha já estava comprometido devido ao atraso no cultivo da safra de verão.

O engenheiro agrônomo Cristiano da Cunha, da Agrícola Horizonte, ressalta que a quebra de 50% está consolidada, sendo que a chuva registrada na última semana serviu apenas para impedir um rendimento ainda menor. “Porém, se tiver geada a quebra pode aumentar”, frisa.

 

RECEIO DE GEADA

De acordo com o agricultor rondonense Luiz Hollmann, que cultiva 30 alqueires com milho safrinha na sua propriedade e em áreas arrendadas na Linha Guavirá, a quebra na lavoura plantada por ele tende a variar de 50% a 60%. “Plantei a lavoura com milho entre os dias 10 e 25 de fevereiro, então a colheita está prevista para meados de julho”, conta.

No ano passado, ele diz que colheu em média 300 sacas de milho safrinha por alqueire, mas a previsão para esta safra de inverno é de 100 a 120 sacas. “Ou seja, uma quebra de produtividade de 50% a 60%”, aponta. “Não fiz seguro, mas o preço bom pode diminuir a perda e fazer com que consigamos cobrir os custos de produção”, expõe Hollmann, emendando que, “como agora a cultura entra na fase que define os grãos, se tiver geada a quebra vai ser muito maior”.

 

Produtor rural Luiz Hollmann: “Ano passado colhemos em média 300 sacas de milho safrinha por alqueire, mas a previsão para esta safra de inverno é de 100 a 120 sacas, ou seja, quebra de produtividade de 50% a 60%. Não fiz seguro, mas o preço bom pode diminuir a perda e fazer com que consigamos cobrir os custos de produção” (Foto: Joni Lang/OP)

 

ENCHIMENTO DE GRÃOS

Conforme Cunha, a chuva expressiva do último dia 22 apenas impede que haja evolução ainda menor em termos de produtividade, uma vez que já vinha sendo prospectada uma quebra de até 65% na safrinha na região. “Os 50% de quebra não têm mais como serem amenizados, isso vai acontecer. Contudo, o volume significativo de chuva ajuda no enchimento de grãos dessas áreas semeadas no início de fevereiro. Muito melhor para as regiões onde o plantio ocorreu no início de março. Essas lavouras têm chance de registrar potencial produtivo um pouco melhor, que é a região beira Lago de Itaipu, nos distritos de Iguiporã e Bom Jardim, assim como nos municípios de Pato Bragado e Entre Rios do Oeste”, destaca.

 

REGIÕES MAIS AFETADAS

O engenheiro agrônomo alerta que outras regiões serão mais afetadas. “No meu ponto de vista, a região de Marechal Rondon, principalmente sentido a Quatro Pontes, Novo Três Passos e de São Cristóvão até Margarida será mais afetada pela seca. Os 50% de fato não vão mudar, isso está certo. O que pode é não aumentar”, lamenta.

Ele diz que os institutos de meteorologia não apontam previsão de geada, mas, caso o fenômeno seja registrado nos próximos 45 dias, o dano pode ser irreparável às lavouras. “A geada faz com que o milho que está na fase de início de enchimento de grãos seque totalmente e não chegue a encher o grão. Eu diria que se isso acontecer nós vamos para perdas de 70% a 80% nas lavouras. Como não tem previsão, vamos acreditar que essas lavouras vão se salvar de danos por geada”, projeta.

 

COBRIR CUSTOS

Cunha pondera que o preço do milho, cuja saca estava na última quinta-feira (28) cotada a R$ 41, deve ter seu valor diluído em meio às despesas. “De nada adianta nós termos excelentes preços se o produtor não tem nada para colher. Estimo que em uma média a região deve colher mais ou menos 120 a 130 sacas por alqueire, quando o custo de produção varia em torno de 100 sacas por alqueire neste preço do milho atual. Com o custo dos insumos, operacionais de plantio, colheita, depreciação de máquinas se o agricultor fizer de 120 a 130 sacas por alqueire ele praticamente cobre os custos e sobra pouco”, calcula.

“Claro que o preço é importante, pois se estivesse a R$ 30 a saca ficaria muito abaixo do que o agricultor precisa para cobrir o custo. Mas é lógico que a rentabilidade seria muito boa se tivéssemos uma safrinha cheia como aconteceu nos anos anteriores de colher 240, 250 e em algumas áreas até 300 sacas por alqueire”, emenda.

 

Engenheiro agrônomo Cristiano da Cunha: “Os 50% de quebra não têm mais como serem amenizados. Melhor para as lavouras onde o plantio ocorreu no início de março, que têm chance de registrar potencial produtivo um pouco melhor” (Foto: Joni Lang/OP)

 

OCUPAÇÃO

Da área cultivada em Marechal Rondon, o engenheiro agrônomo avalia que em torno de 90% está ocupada por milho safrinha, 5% com trigo e o restante recebe forrageiras de inverno, como aveia, nabo e gramíneas que servem de alimento aos animais. “Em relação ao milho não há mais o que fazer. Temos que aguardar essas plantas terminarem o ciclo e encherem os grãos. Nas áreas de trigo e aveia é importante monitorar para que haja controle de pragas e doenças. O agricultor já está atento a isso”, expõe.

O profissional pontua que, embora a área seja pequena, neste ano o trigo voltou para a região. “Ano passado não tínhamos 5% da área cultivada com trigo e nesse ano já temos. Os preços do trigo são muito bons (R$ 63 a saca ontem) e como as lavouras estão no início do desenvolvimento, há expectativa de boa produtividade. Quem sabe o agricultor comece a enxergar o trigo como uma boa opção para cultivar no inverno, pelo menos para dividir os riscos entre trigo e milho para que seja possível uma receita boa”, enaltece.

 

CULTIVO NA REGIÃO

Na área de abrangência do Departamento de Economia Rural (Deral) de Toledo, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), em torno de 480 mil hectares estão cultivados, dois quais 419 mil com milho safrinha, 49 mil com trigo e o restante com mandioca, aveia grão e outras.

“Ano passado eram 445 mil hectares com milho safrinha, então a previsão de quebra se deve à estiagem e também à diminuição da área cultivada”, comenta a engenheira agrônoma Jean Ferrarini, do Deral de Toledo.

Segundo ela, ao passo em que no ano passado foram colhidas 3,2 milhões de toneladas de milho safrinha, a previsão inicial para este ano era de 2,3 milhões, contudo, atualmente está na casa de 1,8 milhão. “Isso representa previsão de quebra de cerca de 40% em média. A perda é concretizada, mas se não chovesse seria pior para o milho. Se tiver geada vai comprometer ainda mais o milho safrinha, mas por ora não há nenhuma previsão”, comenta.

 

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