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Marechal Ecossistema de inovação

Após dois anos de atividades, Incubadora Santos Dumont tem futuro indefinido

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(Foto: O Presente)

Desde que foi inaugurada em Marechal Cândido Rondon, em 2017, a Incubadora Santos Dumont tem contribuído para o ecossistema de inovação do município. Contudo, mesmo depois de dois anos de atividades expressivas, o futuro da filial do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) é uma incógnita.

Conforme afirma o ex-presidente da Associação Comercial (Acimacar) e atual 2º vice-presidente, Gerson Froehner, a incubadora rondonense representa um sonho antigo da entidade empresarial. “Em nossa cidade muitos empreendedores se submetiam aos processos de incubação de suas empresas no PTI em Foz do Iguaçu, e chamando a atenção dos dirigentes daquela época ao comprometimento visto aqui, foi possível trazer essa ramificação do PTI para cá”, rememora.

O analista de negócio da Incubadora Santos Dumont, Geovani Luís Fincke, explica que o foco da filial rondonense é o agronegócio. “Como existem muitas cooperativas agroindustriais no município, o foco da incubadora acaba sendo o agronegócio”, reforça.

À frente da incubadora desde que ela foi inaugurada, Fincke avalia positivamente esses dois anos de atividades. “O povo rondonense não conhecia o PTI e nem esta extensão dele. Está sendo um processo lento, mas vê-se que aos poucos a população e os empreendedores percebem os recursos que nós temos a oferecer para os projetos incubados. Nosso papel é trabalhar com a ideia das pessoas e transformá-la em uma empresa rentável”, ressalta.

Prova disso é a Rondotec Tecnologia, incubada há cerca de um ano e meio fisicamente na filial em Marechal Rondon. Ralf Drechsler, proprietário da empresa, garante que existem muitas vantagens em ser uma empresa incubada, envolvendo desde a conexão criada com outras empresas, ao espaço físico fornecido e as capacitações ofertadas. “O auxílio é tamanho que se pode notar uma evolução dentro da empresa. Nós já crescemos em termos de produção, gestão e até mesmo na maturação das ideias dos nossos produtos. Estamos presentes em quase 20 Estados do Brasil e, em breve, pretendemos selar contratos com multinacionais. Então, com certeza tem sido muito bom para nós fazermos parte dessa estrutura”, salienta.

Segundo Drechsler, o ano de 2020 promete ser ainda mais produtivo, haja vista que a empresa foi graduada pelo Parque Tecnológico de Itaipu. “Agora, não somos mais um projeto incubado, mas, sim, uma empresa graduada e parceira do PTI. Nós continuamos instalados aqui, mas agora o nosso foco é a venda, nos consolidar no mercado”, enaltece.

Atualmente, a Prefeitura de Marechal Rondon arca com os custos de aluguel da estrutura da incubadora, instalada na Avenida Rio Grande do Sul, ao lado do Sesi.

 

Ralf Drechsler, proprietário da Rondotec Tecnologia, empresa incubada fisicamente há um ano e meio: “Crescemos em termos de produção, gestão e maturação de ideias. Estamos presentes em quase 20 Estados do Brasil e, em breve, pretendemos selar contratos com multinacionais” (Foto: O Presente)

 

EM NÚMEROS

Ao todo, já foram abertos dois editais na filial rondonense e, através deles, 54 startups passaram pelo processo de pré-incubação, dentre as quais seis foram aprovadas. No ano de 2019 não foi aberto edital para incubação de novas empresas.

“Uma das empresas que estava incubada na nossa unidade passou por problemas internos e foi desvinculada do projeto. Assim, temos cinco empresas na nossa filial, duas fisicamente, com a já incubada Rondotec Tecnologia e a Organi, ainda em processo de instalação, e outras três de maneira remota, i.eng, Embio e I.PRO”, menciona Fincke.

Froehner, que esteve presente na avaliação das bancas, lembra que recebeu comentários extremamente positivos por parte dos avaliadores. “Segundo o que conversei com eles, o nível das ideias que surgem em Marechal Rondon é bastante interessante e as startups são muito promissoras de receber investimentos”, expõe.

Analista de negócio da Incubadora Santos Dumont, Geovani Luís Fincke: “O que sabemos por ora é que a região será valorizada, dando prioridade ao negócio. Temos que esperar por volta da segunda quinzena de janeiro para sabermos mais informações sobre o futuro da unidade” (Foto: O Presente)

 

IGUASSU IT

Atualmente, a Incubadora Santos Dumont abriga a Associação de Empresas de Tecnologia e Inovação do Oeste do Paraná (Iguassu IT). Conforme o diretor-executivo da Associação, Marcelo Weçolovis, desde os primeiros sinais de que o PTI teria uma ramificação em Marechal Rondon a entidade já apresentava intenções de se alocar no local e fazer parte da parceira que surgia. “A Iguassu IT disponibiliza internet e telefone, além de palestrantes. Por exemplo, se a incubadora precisa de uma palestra sobre tecnologia, a Iguassu vai atrás dos profissionais certos para falarem sobre o assunto. Além disso, nós também auxiliamos na organização de viagens técnicas”, informa.

Weçolovis afirma que a localização estratégica do município rondonense também contribuiu para que a parceria fosse efetivada. “A Associação nasceu em Cascavel e logo migrou para a Associação Comercial de Medianeira. Trazer a nossa estrutura física para Marechal Rondon foi estratégico, pois aqui estamos mais centralizados na região Oeste do Paraná”, pontua.

Diretor-executivo da Iguassu IT, Marcelo Weçolovis: “Trazer a nossa estrutura física para Marechal Rondon, junto à incubadora, foi estratégico, pois aqui estamos mais centralizados no Oeste do Paraná” (Foto: O Presente)

 

IMPORTÂNCIA

Para Froehner, a Incubadora Santos Dumont é importante porque a partir dela é possível dar vazão e direcionamento às ideias e aos projetos locais que possuem potencial para crescer no mercado. “A metodologia por eles utilizada instiga o empreendedor a pensar e validar a sua ideia. Se for para errar, deve ser o mais rápido possível para que se possa retomar e receber o auxílio preciso para encontrar o caminho certo. Outra vantagem para o município vem da inovação inerente ao PTI. É preciso haver inovação e esse ecossistema pode gerar a modificação nos negócios locais por meio de ideias diferenciadas. Não é questão de preconceito com o convencional, mas, sim, uma possibilidade a mais de atrair dinheiro de investidores para Marechal Rondon”, destaca.

Ex-presidente da Acimacar e atual 2º vice-presidente, Gerson Froehner: “Não podemos perder tudo o que existe lá. É um núcleo muito importante para a região” (Foto: O Presente)

 

FUTURO

Entremeio às trocas de diretoria da Itaipu e, consequentemente, do Parque Tecnológico, mudou-se o foco da gestão da binacional, resultando em corte de custos e afetando iniciativas e projetos na região. Como a filial rondonense da Incubadora Santos Dumont é uma ramificação do PTI existe a possibilidade do projeto ser revisto e encerrado.

“A nova diretoria veio com um projeto focado no negócio. Avalia que o PTI deve ser autossustentável, sem depender da Itaipu como mantenedora. Para isso foi criado um cargo de diretor de negócios que ainda não assumiu sua função. O que sabemos por ora é que a região será valorizada, dando prioridade ao negócio. Temos que esperar por volta da segunda quinzena de janeiro para sabermos mais informações sobre o futuro da unidade”, diz Fincke.

Froehner não descarta a possibilidade de, em caso da Itaipu encerrar o projeto, entidades municipais assumirem a gestão da incubadora. “Não podemos perder tudo o que já há lá. É um núcleo muito importante para a região. Ainda é possível que a Itaipu deixe de estar à frente da incubadora e se torne uma parceira, mas são somente suposições”, encerra.

 

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