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Marechal COMBUSTÍVEIS

Após paralisação dos caminhoneiros, gasolina fica mais cara em Marechal Rondon

Gasolina e etanol estão sendo vendidos a um valor superior ao registrado antes da greve. De acordo com gerentes e proprietários de postos de combustíveis, novos aumentos são esperados para os próximos dias

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Depois de superado o desabastecimento nos postos de combustíveis em Marechal Cândido Rondon, o consumidor agora enfrenta aumento no preço da gasolina e do etanol. Quando os caminhoneiros do Brasil entraram em greve, no dia 21 de maio, o preço médio pago por um litro de gasolina comum era de R$ 4,64, de acordo com o levantamento semanal de preços feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Até ontem (04), o preço médio pago pela gasolina na cidade era de cerca de R$ 4,75, conforme o aplicativo Menor Preço, do Governo do Paraná. O aumento equivale a 2,37%.

A situação do preço do etanol é semelhante. Antes da greve, o litro do combustível era vendido, em média, a R$ 2,96. Ontem, o preço médio estava em R$ 3,09, um aumento equivalente a 4,39%.

Segundo o Sindicombustíveis, sindicato que representa os proprietários de postos de combustível, a variação de preços acontece em decorrência de fatores como aumentos estabelecidos pela Petrobras, o término de promoções sazonais e os custos de cada revendedor. Conforme o sindicato, os postos “têm o menor poder econômico para definir preços”.

“Informações disponíveis no mercado mostram que a Petrobras promoveu alta na refinaria na quinta-feira (31) e também ocorreu elevação do etanol nos últimos dias. O preço do etanol interfere diretamente na gasolina comum, pois por determinação legal a gasolina comum vendida no Brasil leva 27% de etanol da mistura”, informou, em nota, o Sindicombustíveis.

No último sábado (02), a Petrobras anunciou novo aumento da gasolina nas refinarias. A gasolina (tipo A), que custava R$ 1,9671 por litro nas refinarias, foi reajustada para R$ 2,0113, em valor que não inclui os tributos incidentes no combustível. O aumento equivale a 2,25%. Com isso, em menos de dois meses o preço da gasolina já subiu 16% como resultado da política da Petrobras de acompanhar as variações de preços dos combustíveis.

Já o preço do diesel seguirá em R$ 2,0316 o litro nas refinarias até quinta-feira (07), conforme ficou estabelecido pelo programa de subvenção ao combustível anunciado pelo governo, que prevê redução de R$ 0,46 no preço do diesel por 60 dias. Com a redução, o preço do combustível recuou 2,69% na comparação com o início de maio.

O repasse dos preços cobrados nas refinarias para as bombas depende das distribuidoras e dos donos dos postos. Nas últimas semanas, os cortes anunciados pela Petrobras não foram sentidos pelos consumidores, em meio à crise de abastecimento provocada pelos protestos dos caminhoneiros.

 

Efeito imediato

Segundo a gerente do Posto Camilo, na Avenida Rio Grande do Sul, Graciele Gava, os combustíveis (gasolina e etanol) que chegaram logo após o fim da greve já vieram com aumento. “Antes da greve, nós tínhamos um preço e mantivemos ele até o estoque terminar. Fizemos alteração apenas com esse combustível que chegou no sábado e já veio com reajuste no preço”, explica.

Graciele comenta que tanto o etanol quanto a gasolina sofreram um reajuste de R$ 0,10. Antes da greve, o litro de gasolina comum era vendido a R$ 4,69 e hoje é comercializado a R$ 4,79. “Nós repassamos apenas o percentual que vem da distribuidora, porque não recebemos direto da refinaria”, diz, acrescentando: “O valor do diesel, por exemplo, teve redução nas refinarias. Nós dependemos da distribuidora para repassar esse valor para o consumidor, e isso ainda não chegou”.

A gerente ressalta que a oscilação constante nos preços coloca o próprio posto em uma situação delicada. “Às vezes, o cliente não entende e acha que é o posto que está fazendo isso, mas apenas está seguindo uma política de preço da Petrobras. Não temos como fazer diferente. A margem do combustível já é muito pequena, então apenas acompanhamos o preço da distribuidora”, afirma.

Quando há demanda normal de mercado, Graciele menciona que o posto recebe gasolina e etanol três vezes por semana e declara que mesmo antes da greve o realinhamento nos preços dos combustíveis era constante, conforme repassado pela distribuidora.

Agora, a gerente aguarda a chegada de novas cargas de combustíveis, previstas para hoje (05), para saber o preço que será repassado e se haverá ou não mais um reajuste. “Geralmente quando se tem reajuste, é sempre nessa faixa de oito a dez centavos. Antes da greve nós vínhamos tentando manter e não repassar o reajuste para o consumidor, mas chega uma hora que não conseguimos segurar e somos obrigados a repassar. Quando aumenta dois a cinco centavos uma vez ao mês, nós seguramos o reajuste a não passamos para o consumidor, mas toda semana o combustível vindo com reajuste se torna difícil, já que nós também temos custos e somos obrigados a repassar”, esclarece Graciele.

 

Setor instável

Para os próximos dias, a perspectiva da gerente do Posto Camilo não é otimista. Graciele acredita que os combustíveis terão ainda mais aumento. “De algum lugar vai ser preciso tirar e isso vai pesar no etanol e na gasolina”, declara.

Como os combustíveis que chegaram no posto já vieram com reajuste, ela espera que essa semana não sejam novamente ajustados. “Se isso acontecer, vamos precisar repassar para o consumidor”, lamenta, emendando: “Acredito que até o fim do ano esse setor vai estar bem instável . O problema ficou para os postos de combustíveis”.

 

Reflexo negativo

No Posto Panorama, também no centro da cidade, o reflexo da paralisação foi, até o momento, de R$ 0,05 no preço da gasolina. O reajuste foi repassado ao posto na última sexta-feira (1º) e o litro da gasolina está sendo vendido a R$ 4,75. Antes da greve, até o dia 21, o valor era de R$ 4,68. “Provavelmente as cargas que vamos receber a partir de hoje vão vir com mais reajustes, porém ainda não sei informar o percentual”, salienta a proprietária do posto, Mirta Steinmacher.

Segundo ela, o etanol teve o preço reajustado ainda durante o período de paralisação. Hoje, o litro do etanol é comercializado a R$ 3,07, no entanto, antes da greve, dentro de 14 dias ele aumentou de R$ 2,89 para R$ 2,99. “É difícil prever alguma coisa, mas ao que tudo indica os combustíveis ainda sofrerão reajustes maiores”, expõe a proprietária.

Mirta afirma ainda que o reflexo da paralisação não foi positivo. “O movimento teve adesão da população em geral, justamente para tentar fortalecer, mas acredito que perdemos a oportunidade de realmente reivindicar alguma coisa na hora certa. E o que aconteceu foi que a paralisação se estendeu demais, as pessoas perderam o foco, e só o que baixou realmente foi o diesel”, salienta.

O posto de Mirta está desde ontem vendendo o diesel com o valor já reajustado. “A companhia não repassou os 46 centavos. Está sendo repassado um valor menor, mas não o total. Até agora foram R$ 0,39”, diz.

Na visão da proprietária, o consumidor que utiliza diesel estará mais contente pelos próximos 60 dias. “Depois disso não sabemos o que vai acontecer. O etanol já estava sendo comercializado nessa faixa de preço e a gasolina as pessoas esperavam que fosse chegar aos R$ 5, então por enquanto estão aceitando, mas vemos que a vantagem para um é desvantagem para população em geral”, finaliza.

 

Preços abusivos

O Departamento Estadual de Proteção e Defesa ao Consumidor (Procon-PR) está acompanhando a alta nos preços da gasolina e do etanol. Os comerciantes que praticarem preços abusivos poderão ser multados entre R$ 600 e R$ 8 milhões. A diretoria do Procon-PR esclarece que essa multa será cobrada caso o dono do posto tenha elevado o preço sobre o produto que ele já tinha em estoque.

Para que o consumidor não seja vítima, a orientação é para que solicite a nota fiscal, com o nome do estabelecimento, valor cobrado e endereço. No site do Procon (http://www.procon.pr.gov.br/modules/conteudo/denunciaPosto .php) o consumidor pode fazer a denúncia.

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