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Marechal Queda nos atendimentos

Após ter procura reduzida pela metade, salões de beleza de Marechal Rondon enfrentam novo fechamento

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Empresários do ramo relatam dificuldades e dizem que queda no número de atendimentos está relacionada à baixa nos rendimentos dos clientes e ao receio dos impactos econômicos gerados pela pandemia de Covid-19 (Foto: O Presente)

Esta matéria foi produzida pela reportagem de O Presente antes da divulgação do novo decreto estadual, que determinou, entre outras medidas, o fechamento dos salões de beleza desde quarta-feira (1°) por um período de 14 dias, prorrogáveis por mais sete.

 

Com o início da pandemia de Covid-19, muitos serviços que antes estavam intimamente ligados ao cotidiano de muitas pessoas foram deixados de lado e em muitos casos até mesmo passaram a ser considerados supérfluos. É o caso dos salões de beleza. O que antes era corriqueiro, como fazer as unhas semanalmente, reparar o corte de cabelo com frequência, marcar um penteado ou uma maquiagem, de repente tornaram-se hábitos adiados por uma semana, um mês ou até mesmo para quando tudo voltar ao normal.

Em Marechal Cândido Rondon, muitos profissionais deste ramo viram o faturamento cair drasticamente, ao passo que os casos de coronavírus avançavam.

A proprietária do PathyBit Salão, Patrícia Bitencourt, conta que o que mais afetou a sua empresa foi a suspensão dos eventos. “Oferecemos muitos serviços, mas nosso carro-chefe são os trabalhos de sobrancelha, maquiagem e penteados. Se for comparar, tivemos cerca de 80% dos nossos serviços encerrados”, lamenta a empresária, que ficou com seu empreendimento fechado por duas semanas. “Tenho perspectiva de equilibrar as finanças, fundo de reserva, contas e rotina de trabalho em quatro anos”, projeta.

Conforme Patrícia, a realização de um evento envolve muito mais do que somente o grande dia. “Não é só maquiagem e cabelo no fim de semana. Durante a semana há uma pré-preparação, ou seja, as clientes fazem sobrancelha, corte de cabelo, química. Sempre tínhamos uma grande agenda, agora não temos essa movimentação”, pontua.

Patrícia Bitencourt, proprietária do PathyBit Salão: “Tenho perspectiva de equilibrar as finanças, fundo de reserva, contas e rotina de trabalho em quatro anos” (Foto: Divulgação)

 

AGENDA

Nos meses de junho, julho e agosto dos outros anos, expõe a profissional, já aconteciam vendas de pacotes para o ano seguinte. “Se estivéssemos em condições normais, acredito que já teria vendido de 15 a 20 pacotes para eventos. Contudo, até o momento, só fechei um evento para 2021”, comenta, acrescentando: “Nesse período de três meses, se não estivéssemos passando por essa pandemia, eu teria uma perspectiva de trabalho para o ano que vem e praticamente fecharia a agenda anual. Agora não tenho expectativa nenhuma. Os agendamentos para este ano estão fechados, mas não se sabe quando acontecerão”.

Alguns veem os serviços de beleza e estética como supérfluos, mas há quem garanta que os cuidados consigo mesma traz benefícios para a saúde, tanto física como mental (Foto: O Presente)

 

ESTÉTICA E SAÚDE

Em relação à procura de clientes por outros serviços, além dos voltados para eventos, Patrícia diz que muitos não estão indo ao salão devido a certas dificuldades financeiras. “Assim como eu, muitos tiveram redução nos ganhos e acabaram cortando esse tipo de serviço, que veem como supérfluo. Isso está embutido nas pessoas que enxergam beleza e não saúde. Contudo, bato nessa tecla de que cuidar do aspecto físico envolve, sim, a questão emocional, saúde física e mental”, opina.

A empresária ressalta que poucas pessoas deixaram de ir ao salão por medo de contaminação de Covid-19 ou por serem do grupo de risco. “O motivo se encontra na situação financeira”, afirma.

Ivanir Monster, proprietária do Salão da Ivanir: “Mesmo com a retomada das atividades, a queda no movimento chega a 50%, porque as pessoas estão com medo” (Foto: Sandro Mesquita/OP) 

 

40 DIAS DE AFASTAMENTO PARCIAL

No Salão da Ivanir, mesmo quando houve a permissão de retomada por decreto, algumas funcionárias ficaram sem trabalhar pelo dobro do tempo. “Ficamos sem atender por 20 dias, mas algumas prestadoras de serviço se afastaram por 40 dias por serem do grupo de risco. Mesmo com a retomada das atividades, a queda no movimento chega a 50%, porque as pessoas estão com medo”, menciona Ivanir Monster, proprietária do estabelecimento.

O movimento aos sábados, aponta Ivanir, é quase inexistente. “Os eventos não acontecem mais. Antes, tínhamos muitos penteados e maquiagens nesse dia, o que não acontece mais”, lamenta.
Clarice Cavali, manicure no Salão da Iva, calcula que perdeu cerca de R$ 1,5 mil no período em que ficou sem atividades. “Não há expectativas para recuperação. É preciso deixar as coisas se recuperarem e voltarem ao normal. Mesmo agora na retomada meus atendimentos caíram 40%”, relata.

Clarice Cavali, manicure no Salão da Iva: “Não há expectativas para recuperação. É preciso deixar as coisas se recuperarem e voltarem ao normal. Mesmo agora na retomada meus atendimentos caíram 40%” (Fotos: Divulgação)

 

 

UMA GRANDE LACUNA

O Salão Preference também passou 20 dias de portas fechadas. “Em março, o faturamento reduziu 50%. Em maio tivemos uma melhora, atingindo 80% do movimento normal, pois muitas pessoas tinham ficado isoladas e houve necessidade de mudar o visual. Todavia, agora, no mês de junho, infelizmente, o faturamento caiu novamente: as pessoas puseram a mão no freio na nossa área”, enaltece Cirlei Neubeker Nascimento Silva, proprietária do espaço.

Os serviços com maior valor agregado, comenta Cirlei, não têm demanda nesse momento. “As pessoas fazem apenas serviços básicos”, expõe, emendando que uma grande fatia do faturamento do salão era proveniente da preparação para eventos: “Deixam uma grande lacuna tanto na agenda como nos ganhos”.

Cirlei Neubeker Nascimento Silva, proprietária do Salão Preference: “Em maio tivemos uma melhora, atingindo 80% do movimento normal, pois muitas pessoas tinham ficado isoladas e houve necessidade de mudar o visual. Contudo, agora, no mês de junho, infelizmente, o faturamento caiu novamente” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

EMPRESA ASSEGURADA

A proprietária da Oficina do Cabelo, Elsi Arnhold, diz que faz parte da faixa etária de risco e que por conta disso reduziu seu turno de trabalho, a fim de minimizar a probabilidade de contaminação por coronavírus. “Trabalhamos em nove pessoas e dessas sou a única do grupo de risco. Então, procuro sempre atender pela manhã, quando o salão acabou de ser esterilizado. O resto do pessoal vem à tarde e às vezes alternamos”, detalha.

De acordo com a cabeleireira, seu estabelecimento por sorte encontrava-se bem amparado financeiramente quando a pandemia chegou. “Estávamos em uma fase tranquila, tínhamos caixa e um fluxo de giro que conseguiu nos manter. Como a procura está sendo por serviços básicos e necessários, eu também não precisei comprar muitas mercadorias, então o estoque consegue nos manter”, compartilha, ampliando: “O movimento diminuiu para mais de 40%, mas, mesmo assim, a empresa não precisou recorrer a financiamentos”.

Elsi Arnhold, proprietária da Oficina do Cabelo: “O movimento diminuiu para mais de 40%, mas, mesmo assim, a empresa não precisou recorrer a financiamentos” (Foto: Divulgação)

 

FUNCIONÁRIOS

Uma característica presente na dinâmica dos trabalhos em salões de beleza é a de vários profissionais autônomos em um mesmo espaço, sem haver contratos trabalhistas entre proprietários e prestadores de serviços. A maioria possui CNPJ próprio, ou seja, é um microempreendedor individual e realiza parceria com o dono do estabelecimento.

Estes microempreendedores, em sua maioria, se enquadraram como aptos a receber o auxílio emergencial ofertado pelo governo federal e com isso puderam amenizar os prejuízos do tempo sem trabalhar e da posterior diminuição da procura por atendimentos.

“Cada funcionário tem seu próprio MEI, ou seja, não há necessariamente vínculo empregatício com o dono do espaço. Toda a minha equipe tem a sua própria empresa e aqueles que se encaixaram nos requisitos conseguiram o benefício do governo”, enfatiza Elsi.

Com a impossibilidade de realizar eventos, serviços de maquiagem e penteado não possuem demanda (Foto: O Presente)

 

CUIDADOS REDOBRADOS

Após as publicações de decretos com várias determinações visando prevenir e conter o contágio de Covid-19, todos os estabelecimentos tiveram que tomar cuidados redobrados para atender e ao mesmo tempo proteger clientes e colaboradores. Com esterilização constante dos materiais ou até mesmo usando alternativas descartáveis, máscaras, luvas, aventais, álcool gel e soluções sanitizantes, os salões de beleza seguem à risca as recomendações dos governos e autoridades sanitárias. “É de praxe realizarmos atendimentos individualizados e os itens de proteção e a constante higienização sempre foi um hábito, agora reforçado”, destaca Patrícia.

A organização com os horários ficou mais rigorosa que nunca e os encaixes quase não acontecem mais para evitar a aglomeração de pessoas. “Nunca atendemos sem horário marcado e agora evitamos encaixe para não haver tumulto. Estamos organizando os horários com intervalo como uma forma de se precaver. Sentimos nos clientes também o comprometimento e o cuidado”, observa Elsi.

 

Esta matéria foi produzida pela reportagem de O Presente antes da divulgação do novo decreto estadual, que determinou, entre outras medidas, o fechamento dos salões de beleza desde quarta-feira (1°) por um período de 14 dias, prorrogáveis por mais sete.

 

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