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Marechal

Atenção motoristas: estacionar na ciclofaixa rende multa e cinco pontos na carteira

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Sessenta motoristas se safaram, somente na manhã de ontem (28), de tirar do bolso R$ 195,23 e levar, cada um, cinco pontos na carteira de habilitação.

Apesar de apresentada a todos eles no centro de formação de condutores quando ainda estavam nas aulas teóricas para garantir o direito de dirigir, de já estar sinalizada em todo o prolongamento da Rua Santa Catarina e de anunciada há pelo menos um ano, esses 60 motoristas se somam há muitos outros que ainda não estão familiarizados com a ciclofaixa que, a partir de agora, faz parte do trânsito de Marechal Cândido Rondon.

A novidade – que integra o projeto de revitalização da Avenida Rio Grande do Sul – começou a surgir nas últimas semanas, mas ficou realmente visível nos últimos dias, quando recebeu a pintura indicando que agora as laterais da rua são dedicadas exclusivamente aos ciclistas.

As tintas vermelhas e brancas, porém, parecem não fazer a menor diferença aos condutores de carros e motocicletas, que continuam colocando os veículos paralelos à calçada em todo o prolongamento da rua, desde a Dom João VI, onde a ciclofaixa inicia no centro, até a Rua 25 de Julho, no Senac, onde ela termina.

O mecanismo é uma pista própria destinada à circulação de ciclistas, separada do tráfego comum. Esse tipo de separação não é físico, geralmente apenas feito com uma faixa pintada no chão, tendo no máximo olhos de gato ou tartarugas. A ciclofaixa é indicada para locais onde o trânsito é calmo e é mais barata que a ciclovia, pois usa a própria estrutura da estrada. “Os motoristas já devem se atentar para a sinalização e estacionar fora da ciclofaixa”, alerta o secretário de Segurança e Trânsito, Welyngton Alves da Rosa.

Ele explica que, pelo mecanismo ser uma novidade e pela obra ainda não estar concluída, a Polícia Militar fará um trabalho de orientação neste primeiro momento, não aplicando multas aos condutores que não respeitarem o espaço destinado aos ciclistas. Todavia, a ciclofaixa deve ser respeitada porque assim que a obra for finalizada, a fiscalização será efetiva.

 

Mudanças à vista

Rosa diz que o projeto de revitalização da Avenida Rio Grande do Sul e a implantação da ciclofaixa na Santa Catarina é uma herança da administração passada. “Nós pegamos o projeto em andamento e estamos consertando”, pontua.

Ele menciona que, da forma que foi estabelecido no papel, a Rua Santa Catarina não comporta mais a mão dupla no trecho em que a ciclofaixa foi instalada, já que os veículos deverão estacionar paralelos em ambos os lados da rua. “O trânsito em sentido duplo claramente não será possível por conta do estreitamento da via, que foi drástico. Manter a mão dupla coloca em risco a vida de ciclistas, pedestres e condutores”, avalia.

A ciclofaixa ainda receberá tachões que farão a separação da faixa destinada aos ciclistas e aos veículos. “A partir daí só estaciona na ciclofaixa o motorista que cometer um grande abuso e infração”, menciona.

Prevendo os possíveis problemas de trafegabilidade de veículos, a Segurança e Trânsito junto a Secretaria de Coordenação e Planejamento, que atualmente é responsável pela fiscalização da obra, e a empreiteira que executa o serviço concluíram que a melhor opção é tornar a Rua Santa Catarina uma via de mão única.

“Nas interseções com a Cabral e a Independência, verificamos que para fazer a rotatória o veículo também adentra a ciclofaixa, por isso se mantivermos o projeto original teremos outro problema. Para não perder a obra, vamos manter o projeto, mas mudar o sentido da rua”, afirma o secretário, ressaltando que mudanças no projeto poderiam acarretar na perda da verba destinada para a obra.

 

O que muda?

A delimitadora será a Rua Dom João VI: em direção à Avenida Írio Jacob Welp, a Rua Santa Catarina terá só um sentido – o mesmo que já existe hoje até esquina com a Avenida Maripá. Já da Dom João VI até a Rua 25 de Julho (no Senac), a Rua Santa Catarina terá a direção contrária. “O município não terá despesa para fazer essa mudança. Faremos apenas a colocação de algumas placas de proibido virar e indicativo de contramão. São em torno de 40 a 45 placas em toda a extensão da Santa Catarina”, garante Rosa.

Outra mudança será nas ruas preferenciais. Na interseção com a Independência e a Marechal Deodoro, o secretário adianta que ambas possivelmente voltarão a ser preferenciais. “Há uma reclamação dos moradores da Santa Catarina de que desde que ela foi liberada, entre a Maripá e a Írio Werlp, a rua se tornou uma pista de corrida”, critica. “Para quebrar a velocidade dos veículos, estamos estudando essa possibilidade, mas já posso confirmar que a Santa Catarina não será toda preferencial e receberá a sinalização com faixa de pedestre, placas determinando a velocidade e pare escrito no chão para que os condutores trafeguem com velocidade reduzida”, complementa.

No intervalo entre a Dom João VI e a 25 de Julho também haverá alteração de ruas preferenciais com o mesmo objetivo. “A Cabral, que já tem uma rotatória, é uma delas, e estamos estudando outras que comportam ser preferenciais para quebrar a velocidade da via”, garante Rosa.

Boa parte dos moradores da Rua Santa Catarina aprovam as mudanças, tanto da implantação da ciclofaixa, que vai dar vez aos ciclistas, quanto da mão única, que diminuirá o fluxo de veículos. Eles pedem apenas a implantação de quebra-molas no prolongamento da via, a fim de que os motoristas reduzam ainda mais a velocidade. “Tem alguns que passam de 100 por hora”, comenta um morador. “Só poderia ter aproveitado a obra e ter feito um recape do asfalto”, sugere outro munícipe.

De acordo com o secretário de Segurança e Trânsito, as intervenções na Santa Catarina serão feitas após a obra ser entregue à prefeitura pela empreiteira que executa a obra. “Não temos previsão de quando isso vai acontecer, mas já estamos verificando quantidade de placas, estudando quais ruas se tornarão preferenciais para, assim que a obra for liberada, logo colocarmos as mudanças em prática”, comenta.

 

Avenidas também terão mudanças

As mudanças na Rua Santa Catarina foram definidas em reunião do Conselho Executivo de Trânsito (Coetran) na última semana, que também estabeleceu intervenções na Avenida Maripá e na Rio Grande do Sul.

O conselho referenda as decisões que o município toma em relação ao trânsito rondonense e, obrigatoriamente, tudo que acarretar mudanças precisa, antes, passar pela avaliação do conselho.

Segundo Rosa, na Avenida Maripá, o conselho aprovou a retirada de árvores localizadas nos canteiros centrais dos retornos. “Já há pedidos na secretaria para a retirada dessas árvores e há situações de acidentes que ocorreram nesses pontos e a pessoa envolvida alegou falta de visibilidade do veículo que estava vindo no sentido contrário por conta da árvore”, garante.

O artigo 84 do Código de Trânsito Brasileiro proíbe a aposição de elementos que prejudiquem a visibilidade da sinalização viária e a segurança do trânsito, desde placas de propaganda, inscrições, sinais luminosos, mobiliário até vegetação. “Quando as árvores foram plantadas naqueles locais, obviamente não foi pensado que elas prejudicariam a visão e poderiam ser a causa de um acidente”, menciona. Como a normativa está estabelecida no CTB, e houve aprovação do Coetran, aponta Rosa, não há necessidade de audiência pública para o corte das árvores. Além disso, segundo o secretário, a supressão das plantas é mínima, entre dez e 15 árvores. “Também será espaçada, ou seja, não será em sequência, mas no meio de várias outras árvores”, expõe.

Rosa diz que se fosse qualquer outro objeto que estivesse prejudicando a visão dos motoristas, como placas, tapumes ou até postes de iluminação, também seriam retirados para melhorar a trafegabilidade e a segurança dos motoristas. “Ouvimos o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar que garantiram ser necessária a retirada para a segurança dos motoristas e, mesmo estando estabelecido no CTB, passará pelo conselho específico da Secretaria de Agricultura para que fique claro que foi uma atitude planejada”, ressalta.

Para que não haja transtorno aos motoristas e moradores, os cortes serão feitos aos fins de semana.

 

Sem retorno

Outra intervenção estabelecida na reunião do Coetran foi a supressão definitiva dos retornos localizados no meio das quadras no prolongamento da Avenida Rio Grande do Sul.

O secretário explica que o próprio CTB proíbe retornos nos meios das quadras pelo risco que trazem aos condutores, tanto é que a parte que está recebendo a revitalização já conta com retornos extinguidos, como em frente ao Hotel Fenícia. “Aquele retorno estava há 50 metros de uma rotatória e já havia causado acidentes. Com a eliminação, além de ter mais segurança, o fluxo de carros é facilitado”, pontua Rosa.

De acordo com o gestor da pasta de Segurança e Trânsito, retornos fora de interseções de ruas tornam-se pontos de acidentes, por isso, o objetivo das alterações é diminuir as estatísticas de colisões e preservar vidas. “Os acidentes ocorrem na maioria das vezes nas interseções e nos retornos. Como não podemos pensar em fechar as interseções porque faltam rotatórias para que o trênsito flua de maneira mais tranquila, vamos fechar os retornos de forma definitiva neste primeiro momento e pensar no trânsito de Marechal Rondon daqui para frente, já que a tendência é de que a frota de veículos sempre aumente”, enaltece.

Diferente dos retornos da Avenida Maripá, onde o veículo sai da pista de rolamento para fazer o retorno, na Rio Grande do Sul o carro fica na faixa, abrindo a janela para colisões traseiras e frontais. “A supressão vai ser gradativa, mas definitiva. Faremos o meio-fio e o plantio de grama com o objetivo de que os veículos utilizem as rotatórias para fazer retornos em segurança”, esclarece.

 

Mais rotatórias

Rosa comenta que a equipe técnica da secretaria estuda a possibilidade de implantar mais duas rotatórias no intervalo entre as avenidas Maripá e Írio Welp, permitindo um fluxo de veículos com mais tranquilidade com a velocidade pautada no trecho. “Mas ainda é preciso que os condutores rondonenses entendam como utilizar as rotatórias: a preferência é de quem está girando. Esse dispositivo de sinalização permite quatro veículos circulando juntos, desde que haja consenso. Todos têm que parar, nenhum é preferencial, apenas aquele que está fazendo a rotatória”, ensina.

Para conscientizar os motoristas, o secretário afirma que a sinalização nas rotatórias será reforçada, por meio de mecanismos de redução de velocidade, como tartarugas e tachões, que façam com que o veículo passe pela rotatória a 20 quilômetros por hora. “É preciso lembrar que nas rotatórias temos faixas de pedestre, então, além do fluxo de carros, há pedestres e os condutores precisam redobrar a atenção”, frisa. “Estamos em contato com a PM para que ela também faça um trabalho ostensivo nesses pontos com radares, a fim de notificar motoristas que excedem a velocidade. Muitas rotatórias estão sinalizadas com placas estabelecendo a velocidade máxima conferida ao trecho, lombadas, faixas de pedestre e os motoristas não obedecem, então não é questão de sinalização, é questão de respeito”, critica.

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