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Marechal Realidade rondonense

Atividade física pode ser o “remédio”; proprietários de academias falam dos desafios dos tempos de pandemia

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

Passado o momento de maior impacto na economia rondonense, que foram os dias de fechamento de grande parte do comércio por conta da pandemia do novo coronavírus, o setor de prestação de serviço começa a dar sinais de melhora em Marechal Cândido Rondon.

Exemplo disso acontece nas academias espalhadas pela cidade. Os proprietários destes empreendimentos, apesar de ainda não verem o retorno total dos clientes, estão otimistas e apostam no efeito positivo que um bom condicionamento físico traz em acometidos pela Covid-19.
Segundo especialistas da área de saúde, a prática habitual de qualquer tipo de atividade física leva a um condicionamento físico mais resistente, fator primordial para o aumento da imunidade do organismo.

“Pessoas sedentárias têm a saúde prejudicada, inclusive capacidade cardiorrespiratória reduzida, além de estarem mais propensas à obesidade, que é um dos fatores de risco para o coronavírus”, explica Fabiano Krutli, proprietário da academia de musculação Elite Fitness.

Tiago Pinz, dono da Academia Fênix, concorda e vai além. Para ele, a prática regular de exercícios ajuda também na diminuição de distúrbios emocionais causados pelo isolamento social.

Pinz conta que após o retorno das atividades houve o aumento do número de alunos preocupados em melhorar o condicionamento físico e, com isso, diminuir a chance de agravamento da doença, se porventura for contraída. “Além de reduzir os níveis de infecção, reduz também o nível de ansiedade em nosso corpo, promovendo maior qualidade de vida”, enaltece.

O sócio-proprietário da academia Flex One Flex Mais, Marcel Buth, acredita que o contágio será inevitável para a maioria da população, no entanto, a forma que o organismo reage pode combater melhor o vírus. “Se você está bem preparado, com o sistema cardiovascular legal, isso vai refletir. Caso a pessoa pegue o vírus e tiver complicações, terá uma chance maior”, opina.

Tiago Pinz, proprietário da Academia Fênix: “Apenas os que estão em grupo de risco, crianças e um número muito pequeno não voltou às atividades por questões financeiras” (Foto: Divulgação)

Marcel Buth, proprietário da Academia FlexOne: “Embora a diminuição de alunos chegue a 40% e abril tenha sido o mês mais difícil, não precisar fazer empréstimos financeiros e a melhora no faturamento de maio dá um fôlego extra” (Foto: Divulgação)

 

APRENDER E SE REINVENTAR

Para Buth, a pandemia alertou para a necessidade de estar preparado para novos momentos como esse. “A gente não sabe se isso acontecerá novamente, mas o aprendizado é sempre ter uma reserva de dinheiro para se garantir quando coisas eventuais como essa acontecem”, pontua.

Ele ressalta que o respeito com as medidas de prevenção deve ser de todos para que não seja necessário um novo fechamento do comércio. “Infelizmente a gente não vê isso acontecendo. Tem gente que se cuida muito, mas existe uma parcela da população que não está nem aí, e de repente, precisaremos fechar novamente por causa dessas pessoas que não estão se cuidando”, lamenta.

Na visão de Krutli, a pandemia mostrou que as empresas são mais vulneráveis ao governo do que se imagina, e como a economia de um país pode ser rapidamente abalada. “Ações totalitárias sem respeitar as diferenças e variáveis territoriais podem causar muito prejuízo de um lado como de outro no tocante à saúde e à economia”, afirma.

De acordo com Pinz, embora o aprendizado relacionado à administração financeira tenha sido fundamental, a pandemia revelou a necessidade de cuidar de si e das pessoas próximas. “Trouxe ideia de abraçar mais quem você gosta e cuidar mais da nossa saúde”, salienta.

Segundo ele, a pandemia evidenciou a necessidade das pessoas estarem preparadas e abertas para mudanças. “Precisamos nos reinventar a todo o instante, e quem não aprender nada com essa pandemia será apenas mais um reclamando da vida à espera que as coisas aconteçam”, expõe.

Anne Saccardo e Fabiano Krutli, proprietários da Academia Elite Fitness: “As atividades ainda não voltaram ao normal. Antes atendíamos até meia-noite, agora estamos limitados a receber alunos somente até as 21 horas” (Foto: Divulgação)

 

AULAS ON-LINE

A reinvenção que as circunstâncias impõem está relacionada diretamente à utilização da tecnologia em favor da retomada econômica.

Muitas academias já faziam uso das ferramentas digitais para interagir com os alunos e a pandemia apenas acelerou o processo de interação.

Pinz comenta que já utilizava antes da pandemia e o período de fechamento da academia ajudou para o aprimoramento dessas ferramentas. Ele conta que a ideia sempre foi estreitar ainda mais a relação com os clientes e o resultado foi extremamente positivo. “Passava treino para realizarem em casa, dicas de alimentação e vídeos. Cuidei muito da minha base, cuidei dos meus alunos”, menciona.

O educador físico acredita que o atendimento on-line será o futuro não só para o setor de academias, mas para o comércio em geral. “Tudo passou por uma evolução digital muito rápida e o profissional que não souber se reinventar, não estiver por dentro das tendências e não conhecer o seu aluno, cada vez mais será excluído do mercado de trabalho”, prevê.

Na opinião de Krutli, até o fim do ano a situação econômica no setor deve se estabilizar. “Porém, não é possível definir um valor exato de tempo, haja vista a instabilidade política acerca do assunto”, entende.

“Sabemos que é difícil, mas precisamos da colaboração de todos para poder manter as portas abertas”, diz o comunicado em uma academia, sobre o uso obrigatório da máscara de proteção (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES

As aulas em academias foram suspensas no dia 18 de março, sob determinação do primeiro decreto municipal, e retomadas no dia 11 de abril com restrições no horário de funcionamento, que passou as ser das 09 às 17 horas. Dez dias depois um novo decreto estendeu o horário de atendimento, que praticamente voltou ao habitual, das 06 às 21 horas.

Com o espaço fechado por quase de um mês, Krutli diz que as atividades ainda não voltaram ao normal devido às restrições nos horários de funcionamento. “Antes atendíamos até meia-noite, agora estamos limitados a receber alunos somente até as 21 horas”, compara.

Para o empresário, ainda existe um pouco de insegurança dos clientes por conta do medo de contaminação, mas o retorno gradativo anima o setor. “Ainda há muitos clientes receosos que relataram que retornarão posteriormente”, comenta.

Pinz relata que na sua academia a maioria dos alunos voltou assim que a reabertura foi autorizada e apenas uma pequena parcela ainda não retornou. “Apenas os que estão em grupo de risco, crianças e um número muito pequeno não voltou às atividades por questões financeiras”, compartilha.

Ele menciona que os dias de suspensão total das aulas afetou o orçamento da empresa e causou muita apreensão e dúvidas em relação ao tempo de fechamento. “Foram algumas semanas em que não tivemos entradas, e isso num primeiro momento nos assustou, mas, com o passar do tempo, as ações que desenvolvemos ajudaram a suprir essas necessidades”, aponta.

Aparelhos de uso coletivo nas academias devem ser higienizados com álcool toda vez que forem utilizados (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

QUEDA NO FATURAMENTO

Embora a economia esteja se restabelecendo paulatinamente, os reflexos negativos gerados no comércio e na prestação de serviço em geral ainda são sentidos no segmento.

Empresários viram assustados o faturamento despencar. Segundo Krutli, a queda chegou a aproximadamente 50% e o resultado foram demissões e a necessidade de buscar outros meios para arcar com as despesas da empresa. “Possuíamos uma reserva de emergência para momentos como este, a qual foi utilizada”, conta.

Pinz expõe que devido à redução da carga horária foi necessário dar férias a alguns colaboradores. “Continuamos com os estagiários, mas dois profissionais, por livre e espontânea vontade, optaram pela saída e seguiram outra linha de trabalho”, relata.

Já na academia Flex One, segundo o sócio-proprietário, embora a diminuição de alunos chegue a 40% e abril tenha sido o mês mais difícil, ele comemora o fato de não precisar fazer empréstimos financeiros e a melhora no faturamento no mês de maio, o que dá fôlego extra para a empresa. “Academia tem o gasto fixo e não precisa de capital de giro e nem investimento mensal”, salienta.

Pessoas mais jovens são os principais frequentadores de academias (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

ADAPTAÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO

Assim como o comércio em geral precisou se adequar às normas sanitárias estipuladas nos decretos, as academias seguiram a mesma linha e muitas mudanças foram necessárias após a reabertura das portas.

Entre as adequações está a utilização de álcool gel, instalação de barreiras com água sanitária para a higienização de calçados na entrada dos estabelecimentos, aferição de temperatura, uso de máscaras de proteção e o controle do número de pessoas por metro quadrado. Tudo isso precisa ser seguido à risca, sob pena de punição por parte dos órgãos competentes.

Krutli informa que, além dessas medidas de prevenção, na sua academia outros cuidados também foram priorizados. “Colocamos cartazes informativos nos espaços, passamos a interromper o uso do ar-condicionado e o arejamento constante de todo ambiente, dentre outras medidas”, detalha.

A disponibilização de álcool gel e recipiente com água sanitária para higienização na entrada dos estabelecimentos são algumas das exigências do decreto municipal (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

MÁSCARAS

Elas são desconfortáveis, apertam, machucam a orelha e em alguns momentos dificultam a respiração, mas, talvez seja a medida mais eficaz para não ser contaminado pelo novo coronavírus.

O desconforto causado pela máscara de proteção é quase unanimidade em qualquer situação e seu uso pode ser mais difícil durante as atividades físicas, quando o ritmo cardíaco aumenta e deixa a respiração ofegante.

No entanto, apesar de muitas pessoas não se sentirem à vontade com a máscara, o uso dela é fundamental, principalmente em ambientes fechados.

Conforme Buth, além de todos os cuidados com a higienização na entrada e nos aparelhos após o uso de cada aluno e a disponibilização de álcool em todos os espaços da academia, há uma preocupação sobre o uso da máscara. “A gente está cuidando bastante a questão da máscara, porque a tendência é que durante o exercício o aluno tire-a, mas estamos bem atentos para que isso não ocorra”, ressalta, acrescentando: “No começo eles tinham o costume de ir na esteira e puxar ela para baixo, por que realmente a máscara abafa muito durante o exercício”.

O empresário enaltece que foi preciso fazer um trabalho de conscientização com professores e alunos. “Não adianta nada o aluno estar com a máscara e em determinado momento retirá-la, porque vai contaminar o ambiente onde ele está”, enfatiza.

E, segundo ele, a iniciativa deu certo e os alunos passaram a respeitar o uso de máscara. “Continuamos policiando o uso, mas hoje o pessoal está cuidando realmente”, garante.

 

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