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Marechal Entrevista ao O Presente

Aulas remotas iniciam segunda-feira na Unioeste: “experiência vai gerar riqueza de aprendizados”, diz diretor do campus rondonense

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Com limite de 20% da carga horária de cada curso, colegiados se organizam para nova modalidade. Segundo diretor do campus rondonense, acadêmicos podem escolher participar ou não, tendo apoio da universidade caso não tenham meios tecnológicos para acessar as atividades (Foto: O Presente)

A partir de segunda-feira (17), a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), por meio da resolução nº 074/2020 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), dará início às aulas remotas com validade no calendário letivo de 2020. De acordo com a normativa, os acadêmicos podem optar por cursar ou não as disciplinas de maneira virtual, sem prejuízos à sua graduação.

“A partir da normatização do Cepe, cada campus terá a sua dinâmica de trabalho devido às suas características e cursos específicos. Na segunda-feira (10) tivemos no campus rondonense uma reunião com os diretores de centro e todos os coordenadores de curso para discutir como seriam desenvolvidas as aulas remotas”, comenta o diretor do campus da Unioeste em Marechal Cândido Rondon, Davi Schreiner. Segundo ele, a oferta do ensino remoto de cada curso de graduação pode chegar ao limite de 20% da carga horária total, conforme previsto no Projeto Político Pedagógico (PPP). “Cada colegiado de curso decide quais disciplinas serão ofertadas aos alunos e por quais professores. Em alguns cursos, dois professores ministrarão a mesma disciplina, ampliando as possibilidades”, explica.

Diretor do campus rondonense da Unioeste, Davi Schreiner: “Vamos começar as aulas remotas dia 17, mas pode ser que não com 100% das disciplinas sendo ministradas. Assim como nas aulas presenciais, as primeiras semanas serão de adaptação” (Foto: O Presente)

 

DISCIPLINAS

Uma discussão bastante presente após a pandemia e a suspensão das atividades acadêmicas é a transformação das aulas presenciais em aulas virtuais, questionando a qualidade de ensino tida em ambas modalidades. Para Schreiner, isso não se encaixa no contexto da Unioeste rondonense. “Nós não temos aulas a distância e nem utilizamos essa expressão para se referir a essa nova modalidade. Teremos aulas, em sua grande maioria, sincrônicas e interativas, nas quais professores e alunos dialogam. Não é somente o professor expondo o conteúdo, há a presença do estudante apontando, questionando e problematizando, em uma troca muito importante para o processo de ensino”, considera.

As aulas remotas acontecerão no mesmo turno presencial, com horários definidos para começar e terminar. “A resolução prevê a possibilidade de aulas assíncronas, mas creio que a maioria das nossas serão síncronas. Mesmo assim, elas serão gravadas, podem ser editadas pelo professor, desde que não se modifique o conteúdo, e serão disponibilizadas no prazo de 24 horas. A plataforma institucional utilizada será o Microsoft Teams, a partir da qual haverá um chat para conversas e chamadas de vídeo, bem como para o envio de materiais. Os professores terão à sua disposição estruturas para digitalizar materiais didáticos para encaminhar aos estudantes”, detalha Schreiner.

 

PRAZOS

Ele salienta que mesmo o dia 17 de agosto sendo a data prevista para iniciar a modalidade remota, deve-se considerar a dinâmica de cada colegiado. “Boa parte dos professores não foram formados com essas metodologias e estão aprendendo, assim como os alunos. A Unioeste garante suporte técnico e treinamentos aos usuários da plataforma. Assim, vamos começar as aulas remotas nessa data, mas pode ser que não com 100% das disciplinas sendo ministradas. Bem como nas aulas presenciais, as primeiras semanas são de adaptação, é preciso que os alunos saibam usar a plataforma e também se organizem em outros aspectos. No colegiado de Agronomia e em alguns outros, por exemplo, os alunos solicitaram dias para se organizar em relação à moradia, pois alguns deles desestruturaram suas moradias, voltaram a morar com os pais, começaram a trabalhar etc. Esse período de adaptação pode ir até 30 de agosto, acredito que a partir daí todas as disciplinas remotas acontecerão”, projeta.

 

MATRÍCULAS

Após a definição dos últimos detalhes, haverá definição das disciplinas ofertadas para cada curso e os alunos que optarem pelas aulas remotas terão de se matricular via Academus. “A matrícula do aluno nas disciplinas presenciais permanece. Com essa excepcionalidade de aulas remotas, o aluno precisa se inscrever separadamente”, orienta o diretor do campus rondonense, emendando que as disciplinas cursadas remotamente serão equivalentes à disciplina que consta no PPP.

 

GARANTIA

O ensino remoto, contudo, é facultativo aos estudantes. “A resolução diz que os alunos não são obrigados a se inscrever e está garantido que ele poderá cursar a disciplina presencialmente quando possível. Todos estamos trabalhando em um processo diferente de ensino e temos que entender as situações que se colocam na realidade de cada aluno e professor. Vamos iniciar as aulas remotas, mas ninguém vai ficar para trás, este é um compromisso do professor e da universidade”, frisa Schreiner.

 

AUXÍLIO AOS ACADÊMICOS

Os alunos que têm interesse em participar das disciplinas remotas e que não possuem condições de acessar à plataforma, a universidade prestará auxílio. “A pesquisa feita para levantamento de dados foi muito ampla e hoje é provável que teremos outros dados, mas não consigo estimar ainda quantos alunos precisarão dos kits tecnológicos. Por meio das matrículas e conversa com os professores vamos saber quantos precisarão desse apoio”, menciona o diretor de campus, pontuando que em Marechal Rondon todos os cursos de graduação da Unioeste aderiram ao sistema de aulas remota.

Alguns professores utilizarão as estruturas da universidade para ministrar suas aulas. “Há uma discussão hipotética sobre oferecer o campus para alunos que residam no município rondonense e não possuem internet. Claro, isso exige muitos protocolos de segurança e o campus já tem um acontecendo, haja vista que muitos projetos continuaram ocorrendo presencialmente e com os devidos cuidados”, menciona Schreiner, acrescentando: “Se for necessário, podemos instalar computadores nas salas, com o distanciamento recomendado. Acredito que será o suficiente para atender os casos, porque a maioria tem acesso a instrumentos de informática”.

Além disso, o Cepe se compromete a avaliar constantemente a modalidade remota e sugerir aprimoramentos. “A cada 60 dias vai haver uma avaliação de como estão indo as atividades. Não estamos preocupados em simplesmente dar aulas, estamos preocupados com a qualidade. Vamos ver a aceitação dos estudantes e verificar onde é possível melhorar e o faremos”, enfatiza.

 

INSTRUMENTOS TECNOLÓGICOS

O diretor do campus rondonense reforça que a Unioeste possui desde 2016 a resolução de que 20% das aulas, se previstas no PPP, podem utilizar ferramentas tecnológicas, aulas ou atividades remotas. “As pessoas falam que a tecnologia está vindo, mas quem conhece aula presencial sabe que nela também se utilizam tecnologias da informática, softwares, vídeos, programas, sites e outros mecanismos digitais. O ensino presencial não é permeado simplesmente por conteúdo, é permeado pelo conteúdo e trabalhado a partir de instrumentos tecnológicos”, exemplifica.

Desse modo, a aparente distância entre essas duas modalidades não é tão grande, avalia. “Algumas dimensões da aula presencial o ensino remoto não consegue contemplar, mas mesmo a interação pode ser incentivada. A experiência com aulas remotas é nova, mas vai gerar uma riqueza de aprendizados”, entende Schreiner.

 

RETOMADA CUIDADOSA

Para ele, a retomada das atividades é positiva, porque está sendo pensada e organizada de forma cuidadosa. “Provavelmente, escolas de todos os níveis serão as últimas instituições a terem atividades presenciais. Acompanhamos desde o início da pandemia a possibilidade de retornarmos presencialmente, contudo não é possível. Quem sabe, em breve, poderemos voltar com atividades mistas, presenciais e remotas”, destaca.

Sem menosprezar as dimensões do coronavírus, o diretor do campus rondonense considera que as aulas remotas podem servir como um apoio para os estudantes que quiserem participar, haja vista que são opcionais. “Depois de muitas discussões, a universidade elaborou uma proposta muito boa, não agrada a todos certamente, mas professores e estudantes estão conscientes do potencial. A pandemia afetou a todos socioeconomicamente e psicologicamente, para alguns ainda mais, todavia, as aulas remotas serão um caminho para as pessoas se manterem ocupadas, pois é uma dimensão que auxilia o ser humano a se fortalecer e enfrentar a situação”, opina.

 

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