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Marechal E-commerce em ascensão

Aumenta o número de empresas rondonenses que passam a comercializar pela internet

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Setor de alvará da Prefeitura de Marechal Rondon registra aumento de cerca de 25% no número de empresas que passaram a comercializar seus produtos virtualmente, além da loja física (Foto: Sandro Mesquita/OP)

O conhecido e-commerce, ou “comércio eletrônico” em português, é um modelo de comércio que utiliza como base plataformas eletrônicas, como computadores, smartphones e tablets.

O comércio virtual está em constante ascensão nos últimos anos, e caracteriza-se desde pessoa física ou jurídica que vendem produtos ou serviços em redes sociais, como Facebook ou WhatsApp, até empresas de maior porte que possuem sua própria plataforma de venda.

Foi a forma encontrada por diversos segmentos do mercado para oferecer seus produtos de maneira mais ampla e com baixo custo.

Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), a estimativa de crescimento para 2020 é de 18% em comparação ao ano anterior, e o faturamento no mercado brasileiro deve movimentar algo em torno de R$ 106 bilhões.

De acordo com a entidade, os marketplaces (plataformas onde vendedores oferecem seus produtos e serviços a potenciais compradores), as microempresas e as compras através de smartphones são os principais fatores que contribuirão para este resultado. O tíquete médio segue na faixa de R$ 310 e é estimada uma movimentação de 342 milhões de pedidos, feita por aproximadamente 68 milhões de consumidores.

Durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) notou-se um crescimento no número de empresas que passaram a usar essa ferramenta virtual, aperfeiçoaram ou ampliaram a oferta de produtos no mercado on-line.

Segundo o secretário de Fazenda de Marechal Cândido Rondon, Carmelo Daronch, o setor de alvará da prefeitura registrou este ano aumento de cerca de 25% em relação ao ano anterior no número de empresas que passaram a comercializar seus produtos virtualmente, além da loja física. “Tem empresas que além da venda de balcão fazem a venda via internet, e esse crescimento foi significativo nos últimos 12 meses”, comenta.

 

EXEMPLO QUE DEU CERTO

Um exemplo de e-commerce que deu certo é o da empresa do rondonense André Arndt.

Formado em Marketing, o empresário conta que há sete anos, em companhia de um sócio, abriu uma loja 100% on-line, dedicada à venda de materiais e equipamentos de pesca para todo o Brasil. “Eu consegui aliar o marketing, que é o que gosto de fazer, ao ramo de pesca, que é um hobby que eu tenho”, comenta.

Segundo ele, logo no início da pandemia, na segunda semana de março, as vendas caíram cerca de 80%, período em que os decretos que impediam a abertura do comércio ainda não haviam sido publicados.

No entanto, Arndt observou que após o fechamento do comércio em muitos municípios brasileiros as vendas começaram a aumentar gradativamente. “Nosso faturamento médio nas duas últimas semanas dobrou, justamente porque estamos preparados para o ambiente virtual”, avalia.

O empresário conta que ao longo dos sete anos de criação da empresa virtual algumas dificuldades foram enfrentadas, e com isso muito conhecimento foi adquirido. Atualmente, ele presta serviço de consultoria para empresários que pretendem ingressar no mercado virtual ou para quem tem dúvidas ou dificuldade para prosseguir com o e-commerce. “A velocidade de tomada de decisão que você precisa ter no ambiente virtual talvez seja cinco a seis vezes mais rápida que em uma loja física, e isso pode ser o diferencial para se manter no mercado”, entende.

 

INTERESSE MAIOR

Na opinião do rondonense, as restrições no comércio causadas pela pandemia de Covid-19 aumentou o interesse de muitos empresários nas vendas pela internet, e muitos preferem vender os produtos com custo zero, através de plataformas como o Mercado Livre. “Essa é uma opção para começar, principalmente para quem não tem capital para investir em um canal próprio”, expõe.

Arndt alerta que a dependência de apenas uma plataforma de venda pode ser decisiva para o fracasso dentro do mundo virtual. Segundo ele, canais de venda, como o Mercado Livre, são importantes para ingressar no comércio on-line, mas o empresário precisa ficar atento ao giro de mercadorias dentro dessa plataforma e perceber o momento de ingressar em outras plataformas on-line.

No entanto, o consultor lembra que não basta apenas entrar no mercado virtual: o empresário precisa ter uma visão geral e planejada do negócio. “Não adianta o empresário contratar uma agência ou uma plataforma virtual e achar que está tudo resolvido. Ele não pode esquecer que é ele o administrador do negócio, é ele que sabe o prazo do seu fornecedor, o valor e a margem de lucro do produto”, enaltece.

 

Empresário e consultor de empresas André Arndt: “Nosso faturamento médio nas duas últimas semanas dobrou, justamente porque estamos preparados para o ambiente virtual” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

ERRO RECORRENTE

De acordo com Arndt, um erro recorrente de alguns empresários é entrar em muitos canais de venda ao mesmo tempo, o que pode inviabilizar o negócio.

O tempo de repasse dos valores referentes aos produtos vendidos dentro das plataformas pode variar entre 30 a 60 dias, segundo ele, e isso pode comprometer o negócio quando a empresa não possui capital de giro razoável para se manter. “Para o empresário esperar por todos os repasses das mercadorias vendidas é preciso ter um bom capital de giro para continuar atendendo a demanda sem comprometer o negócio”, reitera.

 

SEGMENTO INCRÍVEL

O empresário Cristian Diehl, sócio em uma loja de móveis de Marechal Rondon, realiza venda on-line há quase quatro anos e conta com mais de quatro mil itens em sua loja virtual. “O e-commerce é um segmento incrível que cresce a cada dia, porém cada segmento tem suas análises. Para muitas empresas a loja física nunca vai deixar de existir, já para outras é questão de tempo para serem engolidas pelo comércio virtual”, pontua.

Conforme o rondonense, o que motivou a entrada no mercado virtual foi o interesse em vender móveis feitos em marchetaria (junção de pedaços de madeira, que formam caixas, mesas, relógios, etc). “No início foi bem complicado. O primeiro ano foi desafiador como qualquer novo negócio, mas a partir do segundo ano os resultados começaram a aparecer e isso nos animou e mostrou que estávamos no caminho certo”, enfatiza.

Diehl diz que desde o início a ideia foi fortalecer a marca com o site próprio, por isso, atualmente 98% das vendas virtuais são feitas na própria plataforma. “Vendemos também em outros marketplaces como Mercado Livre, Americanas, Submarino e Shoptime”, menciona.

O empresário salienta que desde o início da pandemia teve um aumento de aproximadamente 20% no número de visitantes na loja virtual da empresa. “Porém, como nosso segmento é de móveis, sofremos bastante com a paralisação de algumas fábricas parceiras em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo”, lamenta.

 

DO AMBIENTE FÍSICO AO VIRTUAL

Todo empresário do varejo que já possui estrutura física e pretende investir no mercado de vendas on-line já tem a vantagem de contar com o estoque de produtos. Outro ponto importante para quem pensa em vender via comércio eletrônico é que as vendas virtuais não têm dia da semana ou horário específico de atendimento, ou seja, a partir do momento da implantação do comércio on-line o atendimento precisa ser 24 horas.

Segundo Arndt, os fatores determinantes para um bom desempenho no comércio on-line é o bom atendimento aliado à agilidade desde o primeiro contato com o cliente até o prazo de entrega do produto. “A oferta de produtos e serviços na internet é muito grande, então, se você conseguir prestar um atendimento depois das 18 horas, por exemplo, a chance de vender o produto é maior”, relata.

Outro ponto observado por ele é a precificação no ambiente físico e no virtual. De acordo com o consultor, a diferença na margem de lucro do empresário dentro do mercado on-line precisa acompanhar os preços praticados no meio virtual, que costumam ser menores do que nas lojas físicas. “No ambiente virtual a empresa deve trabalhar com uma margem menor porque ela vende mais, ou seja, diminui a margem, mas aumenta a quantidade de produtos vendidos”, aponta.

Com mais produtos comercializados de forma on-line, ele reforça que a empresa passa a conseguir maiores descontos no momento da compra de mercadorias junto aos fornecedores, e consequentemente aumenta os lucros. “O que torna o mercado de vendas on-line competitivo”, resume.

 

Empresário Cristian Diehl com os colaboradores Fernando e Bruna e o sócio Mairus Gruber: desde o início da pandemia aumentou 20% o número de visitantes na loja virtual da empresa (Foto: Divulgação)

 

LEI OMNICHANNEL

Outro fator que pode impactar positivamente no setor é o Projeto de Lei Complementar 148/2019, ou Lei Omnichannel, de autoria do deputado federal Enrico Misasi (PV/SP). O projeto encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados e tem como objetivo regulamentar a omnicanalidade (integração de todos os canais da empresa para melhorar a experiência do consumidor) no território nacional. A lei promete gerar um grande impacto no setor varejista em todo o Brasil.

O propósito é suprir novas demandas do comércio global, alinhada às mudanças do comportamento do consumidor, que atualmente busca mais comodidade e flexibilidade nos processos de compra.

O projeto de lei pretende alterar a incidência do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre as vendas em multicanais. Isso significa que a responsabilidade sobre o pagamento dessa taxa deixa de ser responsabilidade do estabelecimento físico, que realiza a entrega e o recebimento de produtos devolvidos que tenham sido adquiridos on-line, como ocorre hoje. Com a nova lei, esse encargo ficaria para o e-commerce onde foi realizada a venda.

Outra regulamentação refere-se às vendas realizadas em diferentes canais por empresas que não possuam lojas físicas, possibilitando a retirada das mercadorias em locais credenciados e/ou parceiros da empresa.

A Lei Omnichannel também prevê a resolução de questões referentes à logística reversa, viabilizando a devolução de produtos adquiridos via internet em estabelecimentos físicos, em caso de arrependimento ou troca.

Com a aprovação do projeto de lei complementar espera-se que a logística e a tributação brasileira sejam atualizadas e adaptadas para esse novo cenário, que cada vez mais tem se comprovado como uma tendência global de comércio.

 

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