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Marechal Agravamento

Aumento exponencial da Covid acende alerta no setor de saúde rondonense

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Ala Covid na UPA teinha um leito ocupado e sete disponíveis na segunda-feira (14). Procura tem sido alta para exames (Foto: Joni Lang/OP)

Marechal Cândido Rondon ultrapassou os 500 casos positivos de Covid-19 no domingo (13), chegando ontem (16) a 541 confirmações, e a situação se agrava a cada dia, uma vez que leitos hospitalares passam a ter grande taxa de ocupação no município e começam a faltar vagas para tratamento de pessoas que não tenham coronavírus em outros municípios, a exemplo de Toledo e Cascavel. Por esses e outros motivos fica cada vez mais próxima a abertura do Hospital de Campanha, organizado para esta finalidade.

Em entrevista ao O Presente, a secretária de Saúde de Marechal Rondon, Marciane Specht, menciona que na última semana foram disponibilizados leitos do Hospital Municipal Dr. Cruzatti da ala cirúrgica, bem como houve redimensionamento de leitos no quarto de isolamento, para internamentos de pacientes clínicos de outras demandas que podem acometer a população além da situação da pandemia da Covid-19.

Até as 15h30 de segunda-feira (14) havia uma vaga masculina e duas femininas para internamentos clínicos. A unidade possuía vagas disponíveis na ala da ginecologia e obstetrícia, reservada às gestantes na fase final de gestação, cuja ala é exclusiva para este tipo de atendimento. “Na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), até as 15h30, havia um paciente com resultado positivo internado na ala Covid e outros em observação aguardando resultados de exames para definição de conduta clínica”, revela.

Por outro lado, quatro pessoas com casos confirmados estavam internadas nas Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) de hospitais de referência da região, caso do Bom Jesus de Toledo, Moacir Micheletto de Assis Chateaubriand, e o Universitário (HU) de Cascavel. Marciane acrescenta que outros pacientes seguiam internados em hospitais públicos ou privados ocupando leitos de enfermaria.

 

GESTANTES

“Vale ressaltar que ainda na última sexta-feira (11) foi identificada gestante em período final de gravidez que está em isolamento e que necessitou de atendimentos. Durante o final de semana, outras gestantes em isolamento também procuraram o hospital para atendimento por necessidade de reavaliação, sendo casos suspeitos”, observa, emendando: “Mediante este cenário também se faz necessário o cuidado com estas gestantes, pois não será possível após o nascimento acomodar a mãe e seu concepto no alojamento coletivo, por conta do isolamento e risco de contaminação”.

 

URGÊNCIA

Em relação à ocupação de vagas de UTI na macrorregional, Marciane expõe que desde a semana passada a lotação máxima esteve para outras demandas que não foram leitos Covid, chegando a ter várias transferências para outras regionais, entre elas Pato Branco.

A secretária rondonense destaca que na reunião de ontem do Comitê de Urgência Macro de Cascavel houve o relato de 500 regulações ao dia, quando antes a média eram de 300. “Isso ficou evidenciado no fim de semana com mais de 20 pacientes no corredor do Hospital Universitário e também com nove pacientes no corredor do Pronto Socorro da Hoesp (Bom Jesus), situação que não era evidenciada em período após início da Covid”, frisa.

A chefe da Secretaria de Saúde de Marechal Rondon lamenta ainda que ficou evidenciado, segundo divulgado em meios de comunicação, de que parte da população acredita que o coronavírus tenha passado. “É preciso um alerta de que a doença está presente todos os dias em nosso meio, tendo inúmeros casos confirmados ao longo do dia. Além da demanda que está crescente, percebe-se que os pacientes estão buscando atendimento com quadros mais complicados na evolução da Covid. Isso foi observado na semana passada, pois pacientes que já estavam praticamente no período de alta buscaram atendimento devido à piora do estado clínico e assim chegando Marechal Rondon à lotação máxima tanto de leitos Covid como leitos para internamentos clínicos”, evidencia.

 

Secretária de Saúde de Marechal Rondon, Marciane Specht: “A situação é extremamente preocupante, mediante o aumento exponencial de casos ativos que estamos mantendo. Também se percebe que muitos pacientes estão voltando com sintomas mais graves, em especial a insuficiência respiratória” (Foto: Joni Lang/OP)

 

PROCURA

A secretária reforça que o Hospital de Campanha pode ser aberto a qualquer momento quando a capacidade da ala Covid da UPA estiver lotada. “Na semana passada estávamos na eminência da abertura, na grande maioria dos dias tivemos lotação máxima de pacientes na ala Covid, com pacientes utilizando ventiladores mecânicos por um período longo, mesmo estando clicados na Central de Leitos para serem transferidos a outras unidades de referência para Covid na 20ª Regional de Saúde (de Toledo)”, explica.

No último dia 10 aconteceu reunião com a equipe que vai compor a escala para cobertura de atendimento dos primeiros 19 leitos de enfermaria clínica específicos para Covid-19 junto ao Hospital de Campanha, situado no Parque de Exposições. “Todos já estão cientes da situação e do panorama daquele momento, tiraram suas dúvidas e realizaram visita ao hospital para conhecer o espaço físico e a dinâmica planejada para atendimento caso seja necessário”, comenta.

No que tange à coleta diária que acontece ao lado do setor da epidemiologia, a secretária enaltece ser possível afirmar que nas semanas anteriores a média era de 25 coletas/dia, porém na sexta-feira chegou a 43. Conforme a agenda disponibilizada, a média está em 40 coletas ao dia. “Em relação aos atendimentos de Covid na UPA classificados como sintomáticos respiratórios, suspeitos atendidos nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) e também no sistema privado, a média atual encontra-se em 74 atendimentos/dia”, revela.

 

PREOCUPANTE

Marciane enfatiza que a situação é classificada como muito preocupante, pois parte da população parece que deixou de fazer os cuidados básicos em relação à pandemia. “Observa-se muitas pessoas sem uso de máscara e em aglomerações. Recebemos diariamente inúmeras denúncias que são todas averiguadas pela Vigilância Sanitária. Além disso, foram realizadas outras fiscalizações em conjunto com diversas secretarias, Vigilância Sanitária e posturas para que sejam tomadas as ações necessárias para enfrentamento da pandemia”, avisa.

Entre as ações, foram efetuadas 1.362 vistorias orientativas à Covid-19, 196 vistorias e 14 monitoramentos das notificações em empresas de médio e grande porte (incluindo frigoríficos). O total foi de 1.572 ações realizadas pela Vigilância Sanitária voltadas à Covid-19 em Marechal Rondon.

“A situação é extremamente preocupante, mediante o aumento exponencial de casos ativos que estamos mantendo. Isso quer dizer que todas aquelas pessoas que estão notificadas como casos ativos podem ser potenciais de transmissão do vírus para outras pessoas”, alerta, salientando que na segunda-feira o município contava com 90 pacientes em recuperação da Covid, ou seja, com o vírus ativo.

Segundo ela, não há como dizer se de fato este é o pico da doença na cidade, pois já haviam outras projeções que não se confirmaram. Porém, preocupa frente à quantidade de procura por pacientes e coletas sendo realizadas. “Se percebe que muitos pacientes estão voltando com sintomas mais graves, em especial a insuficiência respiratória”, salienta.

 

MACRORREGIONAL

Marciane expõe que a reunião da Macrorregional de Saúde definiu ontem pelo encaminhamento de recomendação administrativa para a Secretaria de Estado da Saúde sobre a integração de sistemas da Central de Leitos de outras regionais de saúde, com a intenção de que a Central de Leitos Macro Oeste possa ter o mais próximo possível da realidade a oferta de leitos e, assim, direcionar os pacientes que necessitam destas vagas. Também foram sugeridas auditorias in loco para identificação de leitos de UTI em outras regionais e qualificação de leitos conforme sua capacidade instalada de atendimento.

 

CONSCIENTIZAÇÃO

“Acredito que a palavra para tudo isso é conscientização de que a pandemia não passou, ela está em nosso meio, ainda não há vacinas disponíveis, portanto, a prevenção utilizando máscara, álcool gel, lavagens das mãos e evitar ao máximo a aglomeração são as melhores saídas para que possamos passar este momento que foi extremamente crítico”, enfatiza. “Sem a conscientização de toda sociedade não conseguiremos passar por este momento em que estamos vivendo. Responsabilidade social é compromisso de todos. Cada um fazendo sua parte iremos mais uma vez reduzir estes números, diminuindo assim o risco de transmissão no nosso município”, encerra Marciane.

 

O Presente

 

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