Marechal “O Presente na Comunidade”

Bairro Marechal tem 44 anos de história; moradores abraçam as causas locais

Publicado

4 anos atrás

8 de janeiro de 2020 | 07:00

(Foto: O Presente)

“O Presente na Comunidade”

O projeto “O Presente na Comunidade”, estreado no último dia 20, tem a finalidade de mostrar à população rondonense as comunidades do município, que receberão a visita da reportagem do jornal. O objetivo é dar voz e vez às lideranças e cidadãos destas localidades para que falem sobre projetos, atividades desenvolvidas entre outras iniciativas que acontecem nos bairros e distritos de Marechal Cândido Rondon.

BAIRRO MARECHAL

Localizado entre a sede da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar) e o portal de entrada do município, o Bairro Marechal está em ascensão ao longo dos seus 44 anos de história. Atualmente, a associação de moradores é uma instituição sólida e consolidada no bairro, e na diretoria, há quatro anos, estão João Maciel Sobrinho e Reni Terezinha da Silva, dentre outros membros. João é o atual presidente, enquanto Reni é do conselho administrativo.

Os membros da atual diretoria, segundo Sobrinho, eram os mesmos da diretoria da Igreja Católica, capela Nossa Senhora Aparecida. “Iniciamos as atividades juntos na igreja, aí depois veio o tornado, derrubou algumas coisas e nós refizemos. Então, como formamos uma equipe muito forte, que gostava de trabalhar para ver as coisas irem para frente, passamos a fazer parte também da associação de moradores”, comenta.

Nos três últimos anos, os investimentos feitos pela associação de moradores do Bairro Marechal somaram em torno de R$ 200 mil, valor esse arrecadado a partir de promoções.

Presidente da associação de moradores, João Maciel Sobrinho, e Reni Terezinha da Silva, do conselho administrativo: “Iniciamos as atividades juntos na igreja, e como formamos uma equipe muito forte, que gostava de trabalhar para ver as coisas irem para frente, passamos a fazer parte também da associação de moradores” (Foto: O Presente)

EVENTOS TRADICIONAIS

Para que as melhorias no salão comunitário sejam feitas, a associação de moradores promove eventos que se tornaram tradicionais no bairro. Um deles é a Festa do Leitão Assado, que acontece sempre no terceiro domingo de agosto, data essa que já se tornou tradição na região. “Nós temos na Festa do Leitão Assado parcerias com as entidades do bairro, a partir da qual elas compram o kit do leitão, e quando essas entidades querem utilizar o salão comunitário não é cobrado aluguel. Fazemos essas parcerias para que as entidades funcionem em uma única engrenagem”, enaltece Sobrinho.

Além da Festa do Leitão Assado, a associação de moradores do Bairro Marechal também realiza matinês uma vez ao mês, os quais, além de serem um atrativo para a comunidade, servem para angariar fundos para melhorias no salão comunitário. “Tudo o que tem no nosso salão comunitário, as melhorias que foram feitas, tudo é com o dinheiro das promoções que a associação de moradores promove”, aponta Reni. “As pessoas vêm nos nossos eventos e relatam que é sempre muito tranquilo, não é um lugar onde dá brigas e problemas”, acrescenta.

Na opinião de Sobrinho, o fato de a associação ser bem falada acaba valorizando o bairro todo. “Nós temos que cuidar disso porque é o que acaba divulgando o Marechal”, considera.

SALÃO COMUNITÁRIO

O presidente da associação conta que quando o centro comunitário foi conquistado, por intermédio da prefeitura, era um pequeno espaço de pré-moldado, e durante cerca de 30 anos era somente essa estrutura menor que existia.

Nos últimos três anos, a atual gestão conseguiu angariar fundos para realizar obras de ampliação e reforma do local, bem como da instalação de climatizadores, tornando o salão um espaço bonito, atrativo e climatizado. As mesas e cadeiras foram renovadas, bem como foram adquiridos equipamentos para a realização de festas e eventos. “Agora queremos trocar o piso. Essas melhorias têm sido o maior investimento da associação de moradores”, salienta.

Centro comunitário recebeu melhorias a partir de recursos arrecadados pela associação de moradores com a realização de promoções (Foto: O Presente)

Mesas e cadeiras foram renovadas, bem como adquiridos equipamentos para a realização de festas e eventos: troca do piso é um dos próximos investimentos (Foto: O Presente)

BUSCA POR MELHORIAS

De acordo com Sobrinho, a associação está pleiteando a construção de calçadas no bairro. Segundo ele, também é uma reivindicação antiga dos moradores a edificação de uma ciclovia na Avenida Expedicionário Otto Grings, já que muitas pessoas do bairro utilizam a bicicleta como meio de transporte para ir trabalhar, e até mesmo para momentos de lazer.

Reni revela que outra reivindicação do bairro é a criação de um grupo de idosos, por meio da Secretaria de Assistência Social. “Temos muitos idosos no bairro que muitas vezes se dirigem até o Botafogo, por exemplo. Temos uma ótima estrutura de salão e podemos ter um grupo do nosso bairro”, pontua. Ela diz ainda que a associação também busca recursos para a construção de uma academia da terceira idade para o bairro.

PONTO DE ENCONTRO ENTRE AMIGOS

João Antonio Suszek e a esposa Dinei são proprietários da lanchonete Copas Verdes, empreendimento que possuem há 29 anos no Bairro Marechal. A lanchonete serve diariamente porções, lanches, além dos mais variados tipos de bebidas.

Suszek comenta que a população do bairro prestigia seu comércio, que acabou virando um ponto de encontro entre amigos, principalmente após o expediente de trabalho. “Temos muitos amigos no bairro que vêm prestigiar nossa lanchonete. O pessoal é bem calmo, tranquilo, no geral não temos problemas com os frequentadores”, garante o proprietário.

Proprietário da lanchonete Copas Verdes, João Antonio Suszek: “Temos muitos amigos no bairro que vêm prestigiar nossa lanchonete” (Foto: O Presente)

“ESTOU AQUI HÁ 40 ANOS”

Morador no Marechal há mais de 40 anos, Lírio Trento, de 70, define o bairro como um lugar muito bom para morar e investir. “Sempre gostei daqui e é por isso que eu estou morando aqui há 40 anos”, ressalta.

Trento avalia a chegada do asfalto como a maior conquista do bairro, pois possibilitou melhorias na qualidade de vida da população, já que acabou com a poeira e o barro nas ruas.

Para o morador Lírio Trento, a chegada do asfalto foi a maior conquista do bairro, pois possibilitou melhorias na qualidade de vida da população (Foto: O Presente)

INFRAESTRUTURA MELHOROU

Já Marli Kuhn Ribeiro, que mora no bairro há 30 anos, elenca como ponto positivo do Marechal o fato de a maioria dos moradores se conhecerem. Segundo ela, a infraestrutura do bairro melhorou muito nos últimos anos. “Quando viemos morar aqui, não tinha praticamente nada, mas tudo foi melhorando”, expõe.

Ela lembra que quando teve a primeira filha o bairro ainda não possuía uma creche, o que dificultou seu dia a dia, mas quando nasceu sua segunda filha, essa estrutura já estava presente, o que ajudou muito a sua família.

“Uma grande mudança no bairro foi a consolidação da nova associação de moradores, porque antigamente até existia, mas só se ouvia falar. Agora conseguimos ver as coisas sendo feitas. Por exemplo, tempos atrás estávamos com problema na iluminação da rua, liguei várias vezes na prefeitura e não resolvia, e por intermédio da associação essa comunicação com a prefeitura melhorou. Agora temos a quem recorrer”, elogia.

Moradora Marli Kuhn Ribeiro: “A infraestrutura do bairro melhorou muito nos últimos anos. Quando viemos morar aqui, não tinha praticamente nada” (Foto: O Presente)

HISTÓRIA

Muitos dos moradores que hoje vivem no Bairro Marechal são antigos funcionários que vieram para o bairro em decorrência da abertura do Frigorífico Marechal Cândido Rondon S/A Indústria e Comércio, o Frirondon, no ano de 1963.

No início dos anos 70, quando o grupo Frimesa/Ruaro assumiu o controle acionário do frigorífico e reestruturou a planta industrial do Frirondon, foram construídas 56 casas de madeira para os operários, onde eles não teriam custos com aluguel, bem como luz e água. Todas as casas ficavam na área interna da indústria.

Após uma série de negociações, compras e vendas, no ano de 1989 o frigorífico foi adquirido pelo grupo Ceval Alimentos S/A. Dois anos depois, a Ceval passou a não ter mais interesse em manter os operários residindo dentro da área da empresa, e depois de efetivada a negociação entre a Ceval e o Executivo municipal, referente aos serviços em infraestrutura na indústria, a empresa repassou uma área de terra destinada à realocação da vila operária.

A Sociedade Comunitária Habitacional Popular de Marechal Cândido Rondon recebeu a área e iniciou um projeto de loteamento, no início de 1992, local esse onde as casas de madeira foram transportadas.

O senhor Antônio da Silva, conhecido no bairro como Antônio da banha, começou trabalhar no antigo Frirondon no ano de 1974, onde atuava na produção de banha, por isso do seu apelido. Ele conta que veio para o bairro quando começou a trabalhar no frigorífico.

Com a realocação da vila operária, seu Antônio comprou um lote, onde reside até hoje, e transportou a casa de madeira onde morava até ali. Por possuir esse lote, seu Antônio não precisou se mudar para essa área, aos fundos da antiga Ceval. “Quem tinha terreno levou a casa, quem não tinha foi realocado em outro lugar. Por sorte eu já tinha comprado aqui e trouxe a casa inteira”, comenta.

O local onde os moradores foram realocados não apresentava condições físicas e sanitárias, bem como a documentação necessária, e, anos depois, o Loteamento Ceval foi decretado como um local irregular e ilegal. O Ministério Público entrou com uma ação contra o município e a Sociedade Habitacional e propôs a remoção das moradias para outra área urbanizável.

Atualmente, os moradores do Loteamento Ceval lutam na Justiça pela conquista definitiva dos terrenos e regularização das escrituras, um imbróglio que dura cerca de três décadas.

Antônio da Silva: “Quem tinha terreno levou a casa, quem não tinha foi realocado em outro lugar. Por sorte eu já tinha comprado aqui e trouxe a casa inteira” (Foto: O Presente)