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Marechal Agronegócio

Baixa no preço do quilo do mel traz desafios à apicultura

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(Foto: Joni Lang/OP)

Apesar do segmento da apicultura passar por um cenário positivo em relação aos números da atual safra em comparação à safra anterior, bem como do mel produzido ser de excelente qualidade, o preço pago pelo quilo do produto tem preocupado lideranças do setor.

Se dois anos atrás o crescimento no número de produtores de mel foi maior em virtude do valor pago aos apicultores pela Cooperativa Agrofamiliar Solidária (Coofamel), que estava na faixa de R$ 12,30 o quilo, hoje a situação é diferente, contudo, mesmo com a baixa no preço, com o quilo girando na casa de R$ 4,50, inúmeras pessoas se mostram interessadas em ingressar no ramo.

Em entrevista ao O Presente, o agricultor Rolando Hedel, que trabalha com sua família em uma propriedade situada na Esquina Guaíra, em Marechal Cândido Rondon, lembra que a safra anterior não teve o resultado almejado, a partir da retirada de 1,2 mil quilos de mel. “Sabemos que o volume da safra depende da florada e de mais fatores, então o resultado varia de um ano para o outro. Dessa vez colhemos aproximadamente 1,5 mil quilos de mel, o que é muito bom”, ressalta.

Embora a apicultura não seja a sua principal atividade, uma vez que o foco é reservado à produção de grãos e ao trabalho com gado, Hedel pode ser considerado um dos maiores produtores de mel no município. Isso porque o agricultor possui caixas com abelhas das espécies Europa e Jataí na propriedade onde mora (Esquina Guaíra), bem como nas linhas São José do Guaçu, Peroba e Arara, e com a produção dribla as variações de preço a partir da entrega de grande parte do mel nos supermercados.

 

VANTAGEM

“Mesmo com a queda no preço pago aos produtores, para mim compensa permanecer na atividade porque eu comercializo o mel aos supermercados e mercearias. A Copagril é meu maior cliente e adquire mais de mil quilos do mel produzido pelas abelhas na minha propriedade. Compro mel envasado pela Coofamel e encaminho para venda nos supermercados”, expõe o produtor. “Inúmeros produtores não querem vender o produto em virtude do valor pago pelo quilo do mel. Mas para mim vale a pena porque trabalho com a venda do produto nos supermercados”, reitera.

A apicultura, inclusive, é algo que vem de família. Hedel aprendeu o ofício com os pais há cerca de 55 anos e foi se qualificando desde então. “Tenho vários equipamentos e sala de centrifugação com desoperculador, centrífuga e decantador, além de ambiente para o envase do mel”, menciona.

O apicultor entende ser cedo para ter expectativa em relação à próxima safra, todavia acredita em bons volumes de produção e qualidade, além da melhoria nos preços.

 

PRODUTIVIDADE ALTA

O gerente da Coofamel, Antônio Henrique Schneider, destaca que as exportações estão fechadas, o que fez o valor pago ao produtor diminuir. “Nós temos 270 apicultores associados à cooperativa nos 52 municípios da região Oeste, sendo que as estimativas apontam para a comercialização de 200 toneladas de mel a cada safra. Acredito que Marechal Rondon, Entre Rios do Oeste e Santa Helena, cidade onde a Coofamel está localizada, sejam os municípios responsáveis pela maior produtividade”, enaltece.

Schneider comenta que as exportadoras estão com os estoques bem elevados, o que tornou a exportação mais tímida e reduziu o valor pago aos apicultores. “Dois anos atrás a cooperativa remunerava em torno de R$ 12,30 o quilo do mel, mas a partir do momento que a exportação ficou mais tímida a cooperativa passou a pagar R$ 4,50 o quilo do mel. Acredito que nesta safra os preços devem continuar baixos, no entanto a tendência é de que haja elevação na safra 2020/2021 e os preços se regularizem na faixa de R$ 8 o quilo do mel de abelha”, prevê.

 

DESAFIOS E PROJEÇÃO

Ele aponta o uso de agrotóxicos nas lavouras como uma das dificuldades enfrentadas na região. “Como somos uma região essencialmente agrícola, há muita dificuldade pela contaminação do mel com o glifosato e também a mortandade de abelhas em cidades do Oeste. Ainda assim a qualidade do mel vem crescendo nos últimos anos, sendo o mel produzido na região Oeste considerado de excelente qualidade. Nós temos um corpo técnico que presta serviços aos produtores, participamos de dias de campo e seminários que tornam os produtores mais profissionais para que atinjam melhores resultados”, frisa.

Schneider reconhece que o mel produzido em âmbito nacional é de boa qualidade. “Contudo, algo que se deve destacar é a indicação geográfica do mel do Oeste do Paraná, haja vista que possuímos denominação de propriedade elevada em nível nacional. Nosso mel conquista projeção nacional pela excelente qualidade. É único, considerado mel gourmet, ou seja, saboroso. Este é o grande diferencial da região Oeste em ter um dos melhores méis do país, o que é comprovado por meio de pesquisas”, conclui.

 

SEMINÁRIO REGIONAL

Na última sexta-feira (21), o campus rondonense da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) foi palco do 8° Seminário de Apicultura do Oeste do Paraná. O evento reuniu lideranças do setor de diversos municípios, bem como produtores, tendo como apoiadores a Secretaria Municipal de Agricultura e Política Ambiental e entidades.

O zootecnista, professor, pesquisador e apicultor da Universidade Nacional de Bogotá, na Colômbia, doutor Jorge Euclides Tello Duran, tratou sobre a mortandade de abelhas e a apicultura em seu país. Já o zootecnista e apicultor doutor Heber Luiz Pereira, que trabalha com assistência técnica e extensão rural e consultoria no Paraná e Mato Grosso do Sul, explanou sobre manejo para produção e comercialização de mel. Ainda houve apresentação de resumo com resultados de ações e pesquisas.

 

O Presente

 

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