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Marechal Tecnologia a favor do crime

Bandidos voltam a usar dispositivos que desbloqueiam travas e alarmes dos carros; rondonenses comentam o assunto. Confira

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(Foto: Leme Comunicação)

 

Ao passo em que a tecnologia é empregada para facilitar a vida dos usuários, criminosos encontram novas formas de driblar dispositivos de segurança.

O uso de apetrechos para bloquear o travamento de veículos não é uma novidade no Brasil, pois há alguns anos tem feito diversas vítimas em cidades grandes e pequenas. Na semana retrasada, foram duas ocorrências da mesma natureza em Marechal Cândido Rondon que chegaram ao conhecimento das autoridades policiais.

No intervalo de uma hora, na área central da cidade, dois veículos tiveram objetos furtados do interior, sem nenhum sinal de arrombamento. A suspeita das vítimas e das autoridades de segurança é de que os bandidos tenham voltado a usar dispositivos que desbloqueiam travas e alarmes dos carros para, em seguida, subtrair itens de valor.

 

Chapolin

Segundo o empresário Marcos Kasburg (Marcão), da Auto Mecânica Marcão, entre os bandidos o apetrecho é conhecido como “chapolin”, uma espécie de controle remoto um pouco maior do que o controle de um carro convencional. “Normalmente os bandidos acionam esse equipamento no mesmo momento em que a pessoa aperta o controle para trancar o veículo e ele trabalha para confundir a frequência emitida pelo controle, fazendo com que as travas não sejam acionadas”, explica.

 

“Chapolin” é o apelido dado ao equipamento utilizado por criminosos para confundir a frequência do controle remoto e não travar as portas do veículo (Foto: G1)

 

Os veículos que têm o travamento das portas feito de forma automática por meio de controle emitem uma frequência de rádio e cada carro possui uma chave com uma decodificação específica. “Esse equipamento também emite uma frequência de rádio e quando o controle do carro é acionado, bem como o equipamento do criminoso, o sistema do veículo não entende e o veículo fica destravado”, detalha o chefe de oficina da Ford Rodovel, Divino Soffa.

Há alguns anos, o aparelho era facilmente encontrado em sites na internet. Atualmente, no entanto, a fiscalização está mais dura acerca da atuação dos criminosos com o “chapolin”.

Marcão e Soffa explicam que há aparelhos capazes de, inclusive, fazer a cópia da frequência do controle do veículo, permitindo não somente emitir o travamento das portas, mas também destravar o carro.

Empresário Marcos Kasburg (Marcão): “Normalmente os bandidos acionam esse equipamento no mesmo momento em que a pessoa aperta o controle para trancar o veículo e ele trabalha para confundir a frequência emitida pelo controle, fazendo com que as travas não sejam acionadas” (Foto: Leme Comunicação)

 

Checagem

O travamento de veículos por meio do controle é uma tecnologia empregada para promover agilidade ao dia a dia das pessoas. Soffa explica que a maioria dos controles para o travamento dos carros tem alcance de, pelo menos, 15 metros.

Essa “comodidade”, no entanto, faz com que a maioria dos usuários deixe de checar se o veículo foi realmente trancado, seja observando os sinais do carro ou verificando manualmente nas portas. “O que costuma acontecer é de a pessoa descer do carro, ir andando e apertar o controle, sem olhar para trás. Pelo costume ela nem escuta mais o sinal do carro e é nesse momento que o criminoso entra em ação”, diz Soffa.

Marcão orienta que os usuários fiquem atentos aos sinais que o veículo costuma dar na hora do travamento: bipes, luz, recolher os espelhos e subir os vidros. “Se algum desses sinais falhar quando você acionar o controle, volte e verifique se tem alguém em volta te observando ou se há algo impedindo o travamento do seu carro. Na dúvida, faça o fechamento mecânico do carro, que é um sistema que não tem como burlar com este equipamento”, indica.

Soffa expõe que há veículos com tecnologias específicas que quando o botão de travamento é acionado duas vezes, para a confirmação, é emitido um sinal sonoro. “Porém, se há alguma porta mal fechada, por exemplo, o carro emite dois bipes, então esse é outro sinal que deve ser observado pelo proprietário”, comenta.

 

Abertura com impressão digital

Carros com abertura por aproximação e sem chave são algumas das tecnologias presentes no mercado automobilístico, mas que também já estão sendo burladas por criminosos. “Assim como a tecnologia avança, os bandidos também se atualizam”, salienta Marcão.

Neste sentido, ele informa que já há uma empresa que lançou um veículo que permite o destravamento das portas apenas com a impressão digital do proprietário e, inclusive, a partida do carro. “Hoje é somente uma empresa, mas a tendência é que isso torne-se mais comum pelas questões de segurança”, acredita. “Até lá, no entanto, as pessoas precisam estar mais atentas e perder alguns segundos a mais checando as quatro portas do carro para não perder os itens que estão dentro ou até mesmo o carro”, complementa.

 

Registro de ocorrências

O comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar de Marechal Cândido Rondon, capitão Valmir de Souza, alerta a população para os cuidados de checagem do fechamento dos veículos não apenas pela possibilidade de criminosos estarem usando o mecanismo paralelo de tecnologia para furtos, mas também em casos, por exemplo, em que o proprietário do veículo acaba não fechando o carro por descuido. “Os vidros não fecharam completamente ou a pessoa achou que travou o carro, mas apertou o controle novamente e acabou destravando. São situações que abrem precedente para a ação dos criminosos”, ressalta.

Souza orienta as pessoas que foram vítimas de crimes dessa natureza para que façam o registro da ocorrência junto aos órgãos de segurança, a fim de que os fatos sejam apurados e que investigações mais detalhadas ocorram por parte da Polícia Civil, de forma a proporcionar dados mais concretos acerca do uso de aparelhos que possam burlar o sistema de travamento de veículos. “Mesmo que a pessoa acredite que não vá recuperar seus bens, ela pode estar colaborando com outras vítimas que passaram pela mesma situação”, frisa. “Com base em dados oficiais e informações palpáveis das ocorrências, a Polícia Militar reforça os patrulhamentos, que já ocorrem em todo o município, bem como as abordagens”, complementa.

O comandante da PM enaltece que, infelizmente, há uma cultura de não respeitar o que é alheio, ou seja, se for deixada uma bolsa no banco de um veículo, alguma outra pessoa pode ficar tentada a quebrar o vidro do carro para furtar o objeto. “No passado as casas eram fechadas com tramelas de madeira e os criminosos passavam a faca pela porta para girar essa tramela e entrar na residência. Foi a forma de burlar a tecnologia daquela época. Hoje existem tecnologias muito mais avançadas e os criminosos igualmente burlando esses sistemas”, compara. “Há uma parcela da população que não respeita o patrimônio alheio, por isso é preciso ter esse cuidado para evitar que pessoas mal-intencionadas causem prejuízos à sociedade”, enfatiza Souza.

 

Comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar de Marechal Rondon, capitão Valmir de Souza: “Com base em dados oficiais e informações palpáveis das ocorrências, a Polícia Militar reforça os patrulhamentos, que já ocorrem em todo o município, bem como as abordagens” (Foto: Leme Comunicação)

 

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