Marechal Policiais especiais
BPFron realiza campanha para construção do canil
Farejar substâncias e objetos ilegais, rastrear criminosos, participar de operações especiais de busca ou salvamento. Essas são apenas algumas das funções que podem ser desenvolvidas por cães policiais, treinados para auxiliar no trabalho de militares por seu faro apurado e personalidade curiosa.
Em Marechal Cândido Rondon, o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) conta desde 2015 com o Pelotão de Operações com Cães (Canil), que presta apoio às equipes que realizam patrulhamento. “Em casos de abordagem de determinado veículo ou carga suspeita, o Canil é acionado para o cão verificar se há algo ilícito escondido, como drogas ou armas, por exemplo”, explica o tenente Luis Beiger, comandante do Canil.
Guerreiro é o primeiro cão policial do BPFron. Com quatro anos, ele é o mais conhecido da população local por participar de eventos em que são demonstradas as habilidades do cão policial e o trabalho do Batalhão na região. “Desde 2015, foram feitas várias estruturações no Canil, os policiais realizaram cursos, cães foram repassados pela própria Polícia Militar para o nosso Batalhão trabalhar e o Canil cresceu bastante”, diz.
Em 2015, Guerreiro e mais dois policiais formavam a única equipe do Canil. Neste ano, porém, já são quatro cães empregados no trabalho do BPFron, formando quatro equipes, duas em Marechal Cândido Rondon e duas em Santo Antônio do Sudoeste. “Os cães são empregados 24 horas por dia no serviço e somente em 2018 o Canil atuou na apreensão de mais de uma tonelada e meia de maconha em ocorrências diversas, 11 carretas carregadas de cigarros e cerca de seis veículos com cigarros contrabandeados”, salienta o tenente.
Necessidades
Apesar de a própria Polícia Militar custear as necessidades de alimentação e medicamento dos cães, as necessidades de alojamento e conforto dos animais que auxiliam a polícia na repreensão dos crimes fronteiriços existe desde que o BPFron se instalou em Marechal Rondon.
Hoje, explica Beiger, os policiais que treinam e trabalham com os cachorros alojam os animais em suas casas pela falta de um local adequado para os cães. “Com a quantidade de cães e policiais incluídos nesse trabalho, cresceu a necessidade de colocar os cães em um lugar adequado e de dar mais conforto a eles. Foi quando iniciamos a construção do canil na sede do BPFron em Marechal Rondon, para que eles fiquem alojados temporariamente até que seja construída a nova sede do Batalhão, que já contempla essa estrutura”, explica o tenente.
A construção do local, entretanto, deu-se por iniciativa dos próprios policiais. Além de doações de empresas do município, os militares estão envolvidos em uma campanha de venda de cuias de chimarrão e tererê personalizadas com a imagem de um cachorro – símbolo do grupo. “O lucro da venda desses produtos será revertido para a conclusão da obra, que já foi iniciada em julho de 2018 e está em uma etapa bastante avançada, entretanto, demanda de recursos para sua finalização, da parte hidráulica e de outros detalhes que deixarão o local adequado às necessidades dos cães”, comenta Beiger.
Treinamento
O comandante do Canil explica que nos primeiros dias de vida os cães já são observados pelos policiais que farão o treinamento, a fim de verificar qual deles será mais adequado para o serviço. “Qual é mais ativo ou mostra o interesse em um brinquedo específico. Por meio dessas características é possível definir qual poderá ser um cão policial”, menciona Beiger.
Depois de escolhidos, os cachorros passam por um treinamento inicial, para verificar suas habilidades gerais e, em seguida, são inseridos no treinamento de faro ou de proteção para, quando considerados aptos, serem colocados na carga da polícia. “Hoje os cães do BPFron estão na casa dos policiais por uma questão de falta de estrutura, mas isso não é o mais apropriado porque esses animais não são domésticos. Por serem cães de trabalho, eles precisam de um local adequado, com conforto e que atenda suas necessidades, sem serem submetidos a estresse”, salienta.
Ele diz que os cães são “aposentados” após seis anos de atuação. Athena, uma das mais novas no BPFron, compõe a segunda equipe que fica em Marechal Rondon, enquanto Maverick e Ravena estão nas equipes de Santo Antônio do Sudoeste, os três com cerca de um ano. “Todos eles são da raça pastor-belga malinois, utilizada no mundo inteiro como cão de trabalho por ter mais energia e disposição do serviço, porém a Polícia Militar também atua com raças como labrador e pastor alemão”, expõe.
Apesar do limite de aplicação, ou seja, do tempo de trabalho dos cães ser de seis anos, Beiger destaca que no BPFron os cães são aposentados antes, tendo em vista que os novos cães que são adquiridos acabam desenvolvendo as atividades de forma melhor do que os mais velhos. “Quando aposentado, o cão é doado ao policial com o qual ele trabalhou a vida toda, pelo afeto e fidelidade que ele tem ao treinador, então ele terá uma aposentadoria muito tranquila em casa”, comenta.
Vício no brinquedo
Beiger ressalta que o dito popular de que os cães policiais são “viciados” em drogas não passa de um mito. Isso porque, de acordo com ele, o treinamento dos cães ocorre desde que são filhotes em um processo de associação com brinquedos. “Como os cães possuem um olfato muito mais apurado do que o ser humano, quando treinado e colocado em trabalho, assim que detecta algo como drogas ou cigarros em uma carga, ele muda seu comportamento porque sabe que vai ganhar o seu brinquedo, e assim que encontra algo em meio à carga, recebe o prêmio do policial, que é o brinquedo”, menciona.
Resultados
A iniciativa dos policiais do Canil já gerou resultados significativos de acordo com o comandante. Até o momento, já foram comercializadas 120 cuias de tererê e 100 de chimarrão, quantidade bastante significativa na visão do tenente. “É um número bastante importante porque além da construção do Canil, como haverá a prestação de contas da aquisição de produtos por meio dessas doações, se houver sobra desse valor, faremos alguma ação à ONG Arca de Noé, que é nossa parceira”, pontua.
Ele enaltece a importância do envolvimento da comunidade para fazer com que a obra possa ser concluída, tanto por parte das pessoas que adquiriram os produtos, quanto de empresários que realizaram doações de materiais de construção e até mesmo a mão de obra para a edificação do canil. “Sem a ajuda da população, sem dúvida não poderíamos ter um espaço adequado para os cães do Batalhão, por isso somos muito agradecidos”, destaca.
Beiger explica que, além de um pedreiro voluntário que prestará serviços no local, por intermédio de um empresário, o canil também teve a mão de obra cedida por parte da Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, que encaminhou ao local pessoas que cumprem penas alternativas para ajudar na edificação da obra. “São pessoas que cometeram crimes de menor potencial ofensivo e que, por meio deste trabalho, acabam fazendo um bem para a sociedade como um todo”, pontua o tenente.
A expectativa do comandante do Canil é de que até março deste ano a parte estrutural da obra esteja concluída, restando apenas alguns detalhes para proporcionar mais conforto aos cães do BPFron.
Ajude!
Para adquirir as cuias artesanais de tererê ou chimarrão ao valor de R$ 25, que terá o lucro revertido para a construção do canil do BPFron, basta entrar em contato diretamente no Batalhão para fazer o pedido, pelo número (45) 3254-1907. “Pelos produtos serem feitos de forma artesanal, são encomendados, então deixamos os nomes dos interessados em uma lista e assim que chegam entramos em contato e marcamos as entregas, que são feitas pela equipe do Canil”, informa Beiger.
O Presente