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Marechal Agricultura

Chuva recompõe estoque hídrico no solo e garante arranque à safra de soja

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Por outro lado, precipitações concentradas da última semana tendem a afetar a qualidade dos grãos do milho safrinha, que ainda está sendo colhido na região devido à umidade, e prejudicaram a formação dos grãos de trigo. Se a previsão de geada para o fim de semana se confirmar, será ainda mais prejudicial às duas culturas (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Os cerca de 170 milímetros de chuva registrados do último dia 12 até quarta-feira (19) em Marechal Cândido Rondon, segundo dados pluviométricos da Agrícola Horizonte, foram benéficos para recompor o estoque hídrico no solo rondonense. Além das precipitações terem sido um alento tendo em vista a estiagem prolongada, também aliviaram a preocupação dos agricultores, que já estão se preparando para o plantio da safra de soja, o qual deve começar em média daqui a 20 dias.

Mas se de um lado as intensas chuvas da última semana somaram pontos positivos à implantação da safra de verão, por outro, afetaram a produtividade do milho safrinha, que ainda está sendo colhido na região, e prejudicaram a formação dos grãos de trigo.

Segundo engenheiros agrônomos entrevistados por O Presente, se confirmada a previsão de geada para este fim de semana, o efeito será ainda mais negativo às culturas do milho e do trigo.

 

Previsão para este fim de semana é de geada, mas se o fenômeno não se concretizar a expectativa é de produtividade muito boa na cultura do trigo: três toneladas por hectare (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

RETOMADA DA COLHEITA

De acordo com o agrônomo Renato Wiebrantz, da Agrícola Horizonte, depois de dias seguidos de chuva serão necessários dias seguidos de sol para retomar a colheita de milho. “A chuva dos últimos dias, de forma geral, não vai influenciar na qualidade dos grãos. Quem sabe alguma lavoura de ciclo tardio pode ser beneficiada com o enchimento de grãos. Porém, a considerar que temos cerca de 80% da área já colhida, teve pouca repercussão sobre o milho safrinha”, expõe, ampliando: “Para a agricultura a chuva favorece em termos de sequência dos trabalhos de dessecação, que é o manejo de plantas daninhas para implantar a safra de soja através da disponibilidade de umidade, fazendo com que herbicidas de sementeira se tornem mais eficientes, tendo uma performance melhor”.

 

ESTIAGEM

Wiebrantz menciona que o cenário pós-chuva é positivo para o início do plantio visto que a necessidade hídrica está praticamente suprida. “O índice de chuva era muito baixo de um ano para cá. Foi um período prolongado de estiagem. Agora acreditamos na volta gradual das chuvas, sendo que a média regional de 156 milímetros nessa última semana é suficiente para ‘limpar a terra’, permitindo bom arranque à safra de soja”, frisa.

Ele diz que muitos produtores já iniciaram o controle para o mato não ultrapassar do estágio ideal. “Esta umidade no solo é essencial para que a lavoura de soja seja instalada livre de mato competição no momento da semeadura e emergência da cultura”, pontua.

 

Engenheiro agrônomo Renato Wiebrantz, da Agrícola Horizonte: “Como cerca de 80% da área já foi colhida, a chuva terá pouca repercussão sobre o milho safrinha, mas favorece os trabalhos de dessecação, fazendo com que herbicidas de sementeira se tornem mais eficientes, tendo uma performance melhor” (Foto: Joni Lang/OP)

 

IDEAL É PRECIPITAÇÃO ESPAÇADA

A engenheira agrônoma Jean Marie Ferrarini, que trabalha no Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado ao escritório regional de Toledo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), afirma que a chuva sempre é benéfica. “Principalmente porque há anos falta uma boa chuva. Claro que a precipitação concentrada somente em uma semana não é interessante, pois o ideal é que seja espaçada”, aponta.

Segundo ela, o milho safrinha está 80% colhido nos municípios que integram a regional de Toledo, com quebra estimada em 35%. “O restante a ser colhido pode ter diminuição na qualidade dos grãos em virtude do excesso de chuva que deixa os grãos úmidos”, salienta, informando que os ventos fortes registrados na região no último fim de semana não trouxeram prejuízos às lavouras.

A previsão, conforme Jean Marie, é de sol para a próxima semana. “Acredito que a colheita seja concluída em breve”, avalia.

 

TRIGO

Em relação ao trigo, a engenheira agrônoma expõe que, embora a chuva tenha sido positiva à cultura, pode prejudicar a formação dos grãos. “A maior parte das lavouras está em frutificação e 20% na fase de maturação, sem apresentar doenças, portanto em condições muito boas. A previsão para este fim de semana é de geada, o que será prejudicial, mas se o fenômeno não se concretizar a expectativa é de produtividade muito boa, devendo alcançar três toneladas por hectare”, ressalta.

 

Engenheira agrônoma do Deral, Jean Marie Ferrarini: “A chuva de agora fornece certo estoque no nível de água, mas se não chover daqui em diante a situação fica complicada. A expectativa é que volte a chover no mês de setembro, o que vai determinar o nível de produtividade das lavouras” (Foto: Arquivo pessoal)

 

IMPORTANTE

Conforme Jean Marie, a chuva dos últimos dias foi importante para a safra de verão, entretanto, também precisa ser registrada ao longo dos próximos meses. “Claro que essa chuva de agora fornece certo estoque no nível de água, mas se não chover de agora em diante a situação fica complicada. A expectativa é que volte a chover no mês de setembro para regularizar as precipitações no verão, o que vai determinar o nível de produtividade das lavouras”, considera. “Esperamos que as chuvas sejam bem distribuídas no verão, mesmo que não cheguem ao nível indicado. É bom chover nas fases de floração e frutificação. Ano passado também tivemos um período de seca, mas depois a chuva voltou e a produtividade da soja foi excelente”, relembra.

 

Restante do milho a ser colhido na região pode ter perda de qualidade no grão em virtude do excesso de chuva, que deixou os grãos úmidos (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

O Presente

 

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