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Marechal Novo modelo de ensino

Colégios cívico-militares de Marechal Rondon ainda estão sem a presença de militares

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

O início da implantação do modelo cívico-militar nos colégios públicos estaduais começou em fevereiro deste ano, no entanto, nos dois colégios rondonenses escolhidos para receber o novo modelo de ensino, a gestão integrada ainda não acontece de maneira efetiva.

Em outubro do ano passado, 186 colégios estaduais passaram a adotar o modelo cívico-militar, entre eles, os colégios rondonenses Marechal Rondon e o Frentino Sackser. A decisão para a implantação do sistema foi tomada através de uma consulta pública com a participação de professores, funcionários, alunos maiores de 18 anos, pais e responsáveis legais de estudantes das escolas.

O novo modelo de ensino prevê a gestão compartilhada entre o atual diretor do colégio (civil) e os militares, que devem ocupar as funções de diretor cívico-militar e monitor cívico-militar. O problema é que em ambos os colégios rondonenses estas vagas destinadas aos militares ainda não foram ocupadas.

O Núcleo Regional de Educação (NRE) de Toledo é responsável pelos oito colégios cívico-militares criados em cidades da região: um em Palotina, dois em Guaíra, três em Toledo e dois em Marechal Rondon. Segundo informações obtidas junto ao NRE, os militares já foram efetivados e ocupam suas respectivas funções em cinco instituições de ensino. No entanto, em um colégio no município de Guaíra e nos dois colégios de Marechal Rondon, que adotaram o modelo cívico-militar, não contam ainda com a presença dos militares no quadro de funcionários.

Para selecionar os militares que atuariam na gestão das escolas, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) e a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP) publicaram em edital um processo seletivo para o Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários (CMEIV).

Segundo informações repassadas pelo Núcleo Regional de Educação de Toledo, as vagas para as funções militares não foram preenchidas em virtude do número insuficiente de inscritos e do fato de muitos dos participantes do processo seletivo não atenderam a todos os itens do edital, portanto, não estavam aptos para assumir os cargos.

Conforme o NRE, desde o começo do ano letivo, todos os colégios cívico-militares da Regional de Toledo adotaram todas as metodologias pedagógicas previstas no modelo cívico-militar, como o aumento de carga horária e a inserção da disciplina de cidadania e civismo.

Ainda de acordo com o NRE de Toledo, as vagas em aberto devem ser preenchidas através do segundo edital que está em andamento, mas não tem previsão para conclusão.

Rede estadual de ensino entrou em recesso escolar na segunda-feira (12). Professores retornam para estudo e planejamento nos dias 19 e 20 e os alunos voltam às aulas no dia 21 (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

COLÉGIO FRENTINO SACKSER

O Colégio Estadual Frentino Sackser, localizado no Bairro Botafogo, é uma das instituições que optou pelo formato de ensino cívico-militar. Segundo o diretor Eloi Pickler, as atividades pedagógicas relacionadas ao modelo cívico-militar já foram implementadas no educandário este ano e a direção aguarda agora a chegada do diretor militar e dos dois monitores militares para integrarem o quadro de funcionários. “A parte dos militares ainda não aconteceu. Como a formatura para cantar o hino no início das aulas, a parte da premiação e do líder de turma e toda a questão da educação militar em si não está acontecendo ainda”, expôs ao O Presente.

De acordo com o diretor, existe uma expectativa muito grande da comunidade escolar para a efetivação dos militares que integrarão o corpo administrativo do colégio. “Acredito que com a implantação de fato desse modelo teremos uma melhoria na qualidade da educação”, afirma.

Conforme Pickler, a presença dos militares deve ajudar a resolver questões disciplinares e de evasão escolar. “Acho que eles vêm para somar. Aguardamos ansiosos para que esse novo edital aconteça e que essas pessoas venham para a escola”, menciona.

Diretor do Colégio Estadual Frentino Sackser, Eloi Pickler: “Acredito que com a organização disciplinar o professor poderá de fato dar sua aula sem se preocupar com outros problemas. Assim, poderemos ampliar o conhecimento dos nossos estudantes para serem cidadãos melhores” (Foto: Divulgação)

 

ALUNOS

Welinton Garcia Cardoso é um dos 734 alunos que estudam no Colégio Frentino Sackser. O adolescente de 14 anos está no 7º ano do Ensino Fundamental e aguarda ansioso a chegada dos militares no colégio, afinal, segundo ele, seu sonho é seguir a carreira militar. “Desde o começo, quando falaram que seria nesse modelo, eu gostei e queria que os militares já estivessem no colégio”, comenta.

Estudante do 6º ano do Ensino Fundamental no Colégio Marechal Rondon, Ana Evelin Rodrigues, 12 anos, conta que depois da implantação do modelo cívico-militar o hino nacional é cantado todos os dias pelos alunos antes do início das aulas. “Acho que vai ser meio rígido, mas acredito que será bom”, avalia.

Welinton Garcia Cardoso, aluno do Colégio Frentino Sackser: “Desde o começo, quando falaram que seria nesse modelo, eu gostei e queria que os militares já estivessem no colégio” (Foto: Divulgação)

 

COLÉGIO MARECHAL RONDON

Outra escola rondonense que escolheu como formato de ensino o modelo cívico-militar é o Colégio Estadual Marechal Rondon, localizado no Bairro São Lucas.

A reportagem do Jornal O presente procurou a direção do colégio para comentar sobre o processo de implementação do novo modelo, porém, a diretora da instituição preferiu não falar sobre o assunto.

Programa prevê a implementação em 215 colégios estaduais de 117 municípios de todas as regiões do Paraná. No Oeste foram contemplados 12 cidades e 22 educandários, envolvendo 13.307 estudantes (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Entre os critérios de carácter eliminatório para seleção dos militares que atuarão nos colégios cívico-militares do Estado está o exame de aptidão física, exame de capacidade física, investigação da vida funcional e social do candidato. Além dessas normas, está prevista no edital a realização de uma entrevista de carácter classificatório, realizada por uma comissão designada pela Seed em conjunto com comissões dos Núcleos Regionais de Educação.

Outro compromisso que o candidato deve assumir é a participação no curso de Gestão Escolar e Políticas Educacionais do Paraná, organizado pela Seed, e a disponibilidade para assumir o cargo de 40 horas semanais na direção da instituição de ensino.

 

O QUE MUDOU

A nova modalidade de ensino funciona com gestão compartilhada entre militares e civis em escolas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. O diretor-geral é responsável por cuidar do conteúdo e do material pedagógico. Subordinado ao diretor-geral tem o diretor cívico-militar. Além disso, a gestão da escola conta ainda com um monitor cívico-militar e outros diretores, servidores da rede de educação.

No novo modelo, os alunos têm aulas adicionais de português, matemática e civismo, com ênfase no estudo de leis e cidadania. Os alunos do Ensino Médio também têm aulas de educação financeira.

Outro diferencial é o aumento da carga horária curricular, com aulas extras de português, matemática e valores éticos e constitucionais.

As aulas continuam sendo ministradas por professores da rede estadual, enquanto os militares serão responsáveis pela infraestrutura, patrimônio, finanças, segurança, disciplina e atividades cívico-militares.

 

INVESTIMENTO

O investimento direcionado a cerca de 129 mil alunos, que passaram a ser atendidos em instituições cívico-militares, é de aproximadamente R$ 80 milhões. É o maior projeto do país nessa área.

 

CONSULTA PÚBLICA

Estiveram sob consulta colégios em regiões com alto índice de vulnerabilidade social, baixos índices de fluxo e rendimento escolar, conforme a legislação aprovada pela Assembleia Legislativa do Paraná. Era necessário que mais de 50% das pessoas aptas a votar na escola participassem da consulta e que a maioria dos votantes (50% e mais um voto) fosse favorável ao programa para aprovar a mudança.

Ana Evelin Rodrigues, aluna do Colégio Marechal Rondon: “Acho que vai ser bom porque a disciplina vai ajudar a diminuir as brigas no colégio” (Foto: Divulgação)

 

UNIFORMES

Os novos uniformes escolares específicos para os colégios cívico-militares ainda não foram entregues aos alunos.

Um dos entraves para a chegada das vestimentas deve-se ao pedido realizado pelo deputado Requião Filho, no mês de junho, junto ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná. No ofício, o deputado pede para que seja feita uma análise detalhada sobre o edital de licitação, na modalidade pregão eletrônico, nº 111/2021, para a aquisição dos uniformes a serem destinados aos alunos dos colégios cívico-militares.

Segundo o parlamentar, há pontos no edital que devem ser avaliados com mais cautela, como a exigência de alto capital social, prazo exíguo de entrega e renúncia aos benefícios legais conferidos aos micros e pequenos empreendedores.

O pedido ressalta ainda que o edital pode não ter observado os princípios impostos à administração pública, visto que as exigências apresentadas deixam de fora do certame empresas de menor porte.

De acordo com informações repassadas pelo Núcleo Regional de Educação de Toledo, a previsão de entrega dos uniformes escolares é para o fim do mês de agosto.

 

O Presente

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