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Marechal

Com pés no chão, comércio almeja crescimento tímido neste ano

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Embora em uma região considerada privilegiada na comparação com outras do país, inúmeras cidades do Oeste do Paraná viveram um período de incertezas nos primeiros meses deste ano em se tratando de vendas no comércio, na indústria e na prestação de serviços. A crise econômica que assola o país também deu sinais em Marechal Cândido Rondon e microrregião e o estrago só não foi maior devido à força do agronegócio e pelo fato de empresários estarem atentos aos rumos do Brasil, tanto no panorama econômico quanto no político.

Em alguns setores do comércio, de janeiro até maio houve queda de 15% a 20%, ao passo em que em outros foi registrado breve aumento – o que em termos gerais se tornou exceção. Apesar de relutarem, muitos empresários se viram sem saída e precisaram diminuir a equipe de profissionais para manter a atividade viva, além, é claro, de se reinventarem e se adaptarem à realidade dos consumidores.

A sócia-proprietária da Nadir Presentes e Brinquedos, Luciani Thomé de Souza, lamenta a queda de 12% nas vendas no Dia das Mães deste ano na análise com o último ano. “Percebe-se no início deste ano uma retração no comércio de Marechal Rondon devido aos fatores político e econômico que o Brasil vive. A perspectiva é de retomada, porém antes devem ser resolvidas essas questões que geram incerteza e insegurança nas pessoas. Acredito que no segundo semestre o comércio terá retomada das vendas pelo fato da nossa região ser essencialmente agrícola e por observarmos boas safras”, opina.

Para Luciani, um ponto positivo no setor de presentes é a possibilidade de trabalhar com datas especiais, como o Dia dos Namorados – comemorado ontem (12) -, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal e festas de fim de ano. “A gente quer se manter otimista e atender os anseios dos clientes, tanto que é esperado um aumento de até 7% na comparação com o ano passado. Mesmo assim, nós, empresários, mantemos os pés no chão”, expõe.

 

Casos distintos

No setor de medicamentos, o sócio-proprietário da Coperfarma, Renato Lamberty, diz que a venda dos remédios prescritos está crescendo na ordem de 2% e que os demais medicamentos estão com as vendas mantidas. Já na parte de perfumaria (higiene e perfumaria) houve retração de 4%. Segundo ele, o ticket médio varia de R$ 35 a R$ 40. Os cenários na farmácia, portanto, são distintos. “No caso de medicamentos as pessoas procuram o que os médicos prescrevem, já no caso de perfumaria é buscado o melhor preço. Nós atendemos vários tipos de clientes e cada um tem o seu perfil de compra, sendo que o nosso maior é de consumidores que procuram produtos de marca. A gente sempre aposta em crescimento, tanto que investe em produtos de linhas novas, alguns importados inclusive, porém todos de ótima qualidade”, enaltece, lembrando que sua empresa também está adaptada à nova realidade dos clientes, que pesquisam muito os preços.

 

Alento

O setor de lojas de materiais de construção, que nos últimos dois anos atravessou um período preocupante, teve uma leve melhora observada no mês de maio. “Registramos um aumento em nível nacional de 5% nas vendas no setor, o que para nós é muito importante se comparado com o mês de abril, mesmo porque os dois anos anteriores foram historicamente os piores para materiais de construção, com muitas demissões, aumento na taxa de juros, entre outros”, comenta o administrador da Vorpagel Materiais de Construção, Eduardo Vorpagel.

Conforme ele, no mês em questão foram comercializados materiais de início de obra, o que é positivo porque envolve bons volumes de itens como cimento, ferro e tijolos. Março também foi considerado um mês satisfatório, aliás, o melhor até então. “Um ponto positivo foi a liberação do FGTS porque de 22% a 25% foram investidos em materiais de construção, seja por meio de pequenas obras, reformas ou ampliações. A liberação parcial do dinheiro aos ex-funcionários da Faville também veio em boa hora porque são pessoas com faixa de renda que não é muito elevada. É um pessoal que amplia, mexe e investe, não é o caso daquele dinheiro que vai parar no banco. Essas pessoas vão injetar o dinheiro e fortalecer um pouco mais a nossa economia. Não estamos no patamar em que estávamos de 2012 a 2014, quando bombou, mas estamos começando a sair do fundo do poço”, avalia.

Vorpagel ressalta que a queda nas vendas chegou a 10% e 12% no início deste ano, sendo que a estimativa é de que a retomada deve ser ligeiramente positiva até o fim do ano na avaliação com 2016. “A tendência é a taxa de juros baixar com a deflação dos últimos dois meses, fazendo com que a demanda por financiamento aumente. Daí entra o banco querer ou não confiar nas pessoas, mas ele depende da questão econômica e política. Eu tenho esperança que vai melhorar porque a nossa região é agrícola e o setor é o carro-chefe no país. Acredito no crescimento, mas entendo que se recuperar a perda dos últimos dois anos já é um bom negócio”, pontua.

 

Alimentação

Outro setor que tem recebido clientes mais observadores e que pesquisam preços e exigem ótima qualidade é o de supermercados. De acordo com o gerente do Supermercado Cercar, Arno Mühlbeier, a melhora final deve ser na taxa de 2% a 3% na análise com o ano passado. “Ninguém está deixando de comprar produtos, tanto que neste primeiro semestre a gente teve venda normal até um crescimento real em termos de faturamento de 2% acima da inflação. O pessoal está pesquisando preços e efetuando as compras mais no fim de semana e no começo do mês, além de ligar pedindo se tem oferta de algum produto específico. As pessoas valorizam os descontos que são dados”, salienta.

Historicamente, Mühlbeier diz que o segundo semestre é melhor para as vendas do que o primeiro, estando a maior influência por conta da questão dos impostos, porque no início do ano há muita conta para pagar. A próxima safra que promete ser boa tende a ajudar”, acredita.

 

Reinventar

A vice-presidente do Comércio na Associação Comercial e Empresarial de Marechal Rondon (Acimacar), empresária Carla Rieger Bregoli, diz que os comerciantes relatam situações distintas, no caso de queda dependendo do setor ou então de crescimento. “Nós acreditamos que a baixa dos juros e da inflação deve impulsionar as compras devido à liberação do financiamento”, avalia.

Carla comenta que os ramos de supermercados,  farmácia e comércio sazonal tiveram breve incremento nas vendas. “O inverno vai aquecer o setor do vestuário, mas também vai depender da nova safra de milho. A principal questão é que o comerciante deve se reinventar. A Associação Comercial está de portas abertas ao que o comércio precisa, seja em cursos, treinamentos. É o momento do comerciante olhar para dentro da sua empresa e se perguntar: o que eu posso fazer em um momento como este? Alguns se sobressaem e conseguem tocar adiante, estabelecendo a sua marca. Temos que ser otimistas, mas ao mesmo tempo manter os pés no chão, por isso acreditamos em 2% de aumento nas vendas”, enaltece.

De acordo com a empresária, a tendência é de retomada da economia no segundo semestre, mas a gravidade das denúncias na política nacional tornam o clima instável e impedem o crescimento de forma mais rápida. “Algumas são pon-

tuais, caso da liberação do FGTS e o pagamento parcial aos ex-funcionários da Faville, que movimentam o comércio. A gente percebe que o cliente está mais antenado em promoções, descontos, ou seja, ele está fazendo com que o seu dinheiro renda. O consumidor quer um produto diferenciado, portanto se mantém exigente, sendo que o empresário deve verificar suas compras e se a venda está adequada”, finaliza.

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