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Marechal Consumo

Comércio de usados ganha espaço em Marechal Rondon

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(Foto: Bruno de Souza/OP)

Itens de segunda mão, sejam roupas, móveis e outros objetos, têm ganhado espaço nas compras da população. De acordo com levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com dados da Receita Federal, os estabelecimentos que comercializam estes produtos aumentaram 48% de 2020 para 2021, o que também propiciou maior variedade aos clientes interessados no mercado e na sustentabilidade por trás das mercadorias usadas.

A tendência é percebida em âmbito mundial e a projeção é que o mercado global de comercialização de itens de segunda triplique seus rendimentos até 2025. Em Marechal Cândido Rondon, empreendedores do ramo também percebem aumento das vendas.

 

De desapegos a seminovos

Há quatro anos no mercado, o Brechó Closet Store, no Bairro Universitário, começou com a venda de desapegos da família e amigos. Depois de um ano com dedicação 100% voltada aos itens usados, o estabelecimento investiu também na revenda de ponta de estoque.

Roupas, calçados e acessórios ganham um novo lar pelas mãos da empreendedora Leidsmeri Muller. “A tendência de brechó é comum em outros países e grandes cidades brasileiras. Senti uma dificuldade inicial para quebrar preconceitos em Marechal Rondon, mas houve avanço do setor nos últimos anos, intensificado com as dificuldades financeiras enfrentadas devido à pandemia e pela colaboração da mídia”, comenta.

Hoje, a rondonense relata que os usados seguem sendo os itens mais procurados. “Ofereço peças seminovas de marcas famosas, com ótima qualidade e boa conservação. Não parecem usadas. Elas atraem mais o público do que peças novas de marcas não conhecidas e, além disso, os usados são mais baratos”, conta ao O Presente.

Do Brechó Closet Store, Leidsmeri Muller vê potencial para venda de bens de segunda: “Senti uma dificuldade inicial para quebrar preconceitos em Marechal Rondon, mas houve avanço do setor nos últimos anos” (Foto: Bruno de Souza/OP)

 

Crivo de curadoria

As peças de segunda mão para o trabalho, como jeans, roupas sociais e blusas são as mais procuradas na loja, seguidas por trajes para passeios, como vestidos, blusas e shorts. “Minha clientela abrange desde jovens até a meia idade, sendo o público feminino o mais presente”, pontua.

O termo “usados”, destaca a rondonense, não excetua a exigência e a qualidade na hora de adquirir os itens. “Tenho um crivo de curadoria amplo e as peças são adquiridas principalmente de fornecedores de Cascavel, Foz do Iguaçu, Curitiba e São Paulo, onde a moda é diferente e atende ao gosto das minhas clientes. Outras peças são adquiridas em Marechal Rondon mesmo, por meio das clientes fidelizadas que fazem trocas na Semana da Sustentabilidade”, menciona.

 

Mais sustentabilidade e economia

Segundo Leidsmeri, tanto questões econômicas quanto referentes à sustentabilidade trouxeram mais clientes para o ramo dos itens de segunda. A oscilação negativa das vendas, de acordo com ela, acontece tradicionalmente nos meses de clima frio, julho e agosto.

A empreendedora ressalta que mesmo os itens novos, por serem queima de estoque de outras lojas, têm o preço balanceado ao das peças usadas. “Os produtos que vêm da loja fornecedora são vendidos com 80% de desconto sobre a etiqueta, já os itens usados são oferecidos 95% mais baratos do que quando eram novos”, mensura.

Peças trocam de dono e contribuem para um consumo consciente (Foto: Bruno de Souza/OP)

 

Brechó especializado

Ampliando os horizontes no que diz respeito ao consumo consciente, Marechal Rondon conta também com um bazar especializado em peças infantis usadas, que atua há dez anos no mercado. “Optamos por esse segmento, porque as crianças crescem muito rápido e roupas e calçados deixam de servir quando ainda estão muito conservados, às vezes até sem serem usados efetivamente”, destaca a proprietária do brechó Passa Passará, Dirlene Metz Weizenmann.

Desde peças elaboradas para eventos até artigos do dia a dia, o estabelecimento foi impactado pelas restrições da pandemia, pois crianças não iam à escola e creches. “Nosso movimento diminui 40%, mas agora com o retorno das aulas e comemorações tem voltado ao normal”, pontua.

Dirlene diz que forma seu estoque por meio de seleção e avaliação de produtos dos próprios clientes, que separam o que não serve mais para o filho. “Há mais conscientização sobre sustentabilidade e também essa é uma forma de renovar o guarda-roupa com economia”, frisa.

Dirlene Weizenmann, da Brechó Passa Passará: “As crianças crescem rápido e roupas e calçados deixam de servir quando ainda estão muito conservados, às vezes até sem serem usadas efetivamente” (Foto: Divulgação)

 

Procura por móveis usados aumenta 40%

No segmento de itens de segunda mão, os móveis usados também se mostram “queridinhos” da população rondonense. Sócio-proprietário da Center Móveis, Lindomar Zarnott atua na venda de mobília desde 2009 e acompanha os altos e baixos do setor.

Segundo ele, no início a loja vendia apenas móveis usados, porém, para manter o estoque de produtor, o empresário incluiu também itens novos no mostruário. “Em alguns momentos quase faltavam móveis usados e tive que abrir o horizonte. Mesmo assim, minha prioridade são os usados, até porque há uma margem um pouco melhor”, expõe.

Zarnott relatou ao O Presente que o movimento de vendas cresceu cerca de 40% no último ano.

Sócio-proprietário da Center Móveis, Lindomar Zarnott, viu as vendas crescerem 40% em seu estabelecimento durante a pandemia, com preferência por mobílias usadas (Foto: Divulgação)

 

Mobília mais em conta

O rondonense pontua que os itens mais necessários a uma moradia são os mais procurados, como fogões, geladeiras, balcões, sofás, roupeiros, tanquinhos e cozinha. “Para quem está começando a vida, a linha usada é bastante favorável, pois paga-se menos por um produto conservado. Com R$ 4 mil você mobilia uma casa com móveis usados, mas se for tudo novo precisa de, pelo menos, R$ 11 mil “, compara.

Outrora, com aulas presenciais, Zarnott percebia que os clientes eram majoritariamente universitários. “Agora não tem um perfil definido, são casais, pessoas separadas que precisam mobiliar uma casa do zero”, detalha.

Da mesma forma, a loja se abastece por meio de contribuições dos próprios clientes. “Por vezes a pessoa está indo embora, não tem opção de levar e traz na loja. Vender on-line às vezes leva tempo e a pessoa precisa se organizar rápido”, menciona.

 

Auxílio emergencial movimenta setor

O proprietário da Vem que tá Barato, André Furmanovicz, faz parte do grupo de empresas que aproveitaram a onda do setor e investiram na comercialização de bens de segunda. Desde 2018, o empresário atua no ramo com vistas à fidelização do cliente. “Comecei a vender móveis novos pensando em vendas casadas: hoje o cliente compra móveis usados e amanhã, quando melhora de situação, nos procura para comprar móveis novos”, salienta, acrescentando que móveis usados são os com maior saída.

Atuante no meio virtual, Furmanovicz percebe que a venda de móveis usados tem crescido, enquanto a procura por móveis novos está estável com tendência a diminuir em seu estabelecimento. “Nas datas de pagamento do auxílio emergencial as vendas aumentam”, observa. Segundo ele, os móveis usados representam menos da metade do valor de um novo.

Móveis essenciais para uma casa são os mais populares nos bazares (Foto: Divulgação)

 

Fabricação e adaptação

Da mesma forma que Zarnott, o rondonense também constata uma procura maior por itens básicos para começar a vida. “Divorciados, estudantes e empresas, que compram móveis para alguns funcionários necessitados, são os clientes mais frequentes. O público feminino lidera entre esses”, caracteriza.

Além do apego sustentável, o empresário afirma que nos momentos de crise como a vivenciada atualmente, há tendência em investir em bens duráveis. Ao mesmo tempo, o setor enfrenta dificuldades para repor o mostruário de móveis de segunda. “O setor sempre vendeu bem, mas tem sido difícil encontrar usados para vender. Por isso a maioria das lojas de usados complementa o estoque com itens novos”, explica, emendando que uma maneira de suprir a necessidade é a adaptação de móveis garimpados: “Guardas-roupas grandes viram pias ou multiusos, por exemplo”.

Proprietário da Vem que tá Barato, André Furmanovicz: “Tem sido difícil encontrar os usados para vender. Por isso a maioria das lojas de usados complementa o estoque com itens novos” (Foto: Divulgação)

 

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