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Marechal "Precisamos cuidar"

Comércio reabre, mas rondonenses devem evitar passeios, alerta presidente da Acimacar

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Presidente da Acimacar, Ricardo Leites de Oliveira: “Já tivemos várias empresas que fecharam no nosso município, tivemos muitas demissões e um número muito grande de empresas que estão dando férias coletivas e individuais” (Fotos: Sandro Mesquita/OP)

A Prefeitura de Marechal Cândido Rondon publicou, na quarta-feira (08), o decreto municipal 105/2020, em que permite a abertura de atividades consideradas não essenciais, com algumas exceções, e determina certas restrições, como o horário de funcionamento dos estabelecimentos e uso massivo de máscaras no município.

Em visita ao Jornal O Presente, realizada ontem (09) e seguindo as regras sanitárias e de higiene, incluindo o distanciamento social, o presidente da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar), Ricardo Leites de Oliveira, pontuou o que considera os principais pontos do novo decreto.

No entanto, ele alerta e frisa que a reabertura do comércio não significa que os rondonenses podem sair às ruas. A recomendação de isolamento continua e só deve sair quem realmente precisa. “É bom que todo mundo entenda que não é para passear. Se for ao comércio, vai para comprar e retorna para casa”, recomenda.

O receio, de acordo com ele, é que uma eventual aglomeração de pessoas pode motivar o Ministério Público (MP) a pedir novamente o fechamento das empresas. Confira.

 

 

O Presente (OP): Quais os principais pontos que o senhor destacaria em relação ao novo decreto que empresários e a comunidade precisam observar?

Ricardo Leites (RL): Este novo decreto tem muitos itens novos em relação aos outros decretos, inclusive o 88/2020, que foi suspenso. Um dos principais itens é o uso de máscara, tanto por parte do empresário, o empregado dentro da empresa e o cliente. Quem entrar em algum comércio precisa estar usando a máscara. Também foram flexibilizadas algumas outras atividades que podem estar abertas neste período. As empresas que estão no grupo de não essenciais têm um horário diferente de trabalho em relação às empresas essenciais. Elas poderão funcionar das 09 até as 17 horas. Já as empresas essenciais podem funcionar das 08 às 18 horas. As academias entraram agora no rol de empresas que podem ser reabertas, mas dentro do horário das 09 às 17 horas e com número reduzido de pessoas, além de todo cuidado de higiene e manutenção dos equipamentos na questão sanitária.

 

 

OP: Uma das novidades do decreto é a permissão de multas, não?

RL: Isso mesmo. A prefeitura agora pode aplicar multas, tanto para as empresas como para as pessoas físicas. Quem desrespeitar a questão do isolamento, uso de máscaras, uso das proteções que são exigidas nas empresas, como álcool gel ou tapete sanitário, pode ser multado.

 

 

OP: Em alguns municípios, inclusive da região, houve a reabertura do comércio, mas diante da aglomeração de pessoas o Ministério Público já está agindo no sentido de pedir novo fechamento. A Acimacar teme que isso também aconteça em Marechal Rondon?

RL: A Prefeitura de Cascavel foi notificada pelo Ministério Público, no dia ontem (quarta-feira, 08), pois as pessoas estavam se aglomerando na cidade, passeando. Isso fez com que o Ministério Público elaborasse uma petição em que pede o fechamento do comércio de Cascavel. Em Toledo também houve isso. Algumas empresas de grande porte foram fechadas, pois havia aglomeração de pessoas. Nós temos medo de que isso aconteça em Marechal, pois o decreto libera a abertura do comércio, mas não libera o passeio das pessoas. Pessoas acima de 60 anos e crianças não devem sair de casa. O comércio está aberto, mas não está liberado o passeio na cidade. Isso que precisamos cuidar, pois o Ministério Público pode entender que está havendo aglomeração das pessoas, que pessoas acima de 60 anos ou com alguma comorbidade não estão se cuidando, e pode pedir novamente o fechamento das empresas. Isso nos preocupa. Estamos fazendo uma campanha de conscientização dos empresários para que as empresas controlem isso também. É bom que todo mundo entenda que não é para passear. Se for no comércio, vai para comprar e retorna para casa. Essa é uma questão que precisamos batalhar bastante. Os supermercados estão trabalhando de forma muito correta, com a questão das filas, acessos, distanciamento social. Estão bem adequados com a lei, mas temos que fazer com que todo comércio e população entendam isso também.  

 

 

OP: O COE (Centro de Operações de Emergências) vem mantendo contato com o Ministério Público de forma constante para que tudo isso seja ajustado?

RL: O procurador jurídico do município Douglas (Gauer), que também faz parte do COE, mantém contato direto com um dos promotores, o João (Eduardo Antunes Mirais), e eles conversaram. O Douglas passou para ele (promotor) o decreto e entendemos que estamos agindo de maneira correta ao passar tudo certo para o Ministério Público. Mas essa preocupação ainda temos. Se as pessoas não se conscientizarem da gravidade do coronavírus podemos ter no futuro o fechamento.

 

 

OP: Existe receio de que a reabertura do comércio faça com que as pessoas relaxem um pouco nos cuidados?

RL: Sim, porque muitas pessoas podem achar que o comércio reabriu e não precisam mais se preocupar com a questão sanitária, de higiene e isolamento. Essa preocupação da reabertura faz com que as pessoas relaxem, mas a Acimacar está programando uma campanha de conscientização tanto voltada às empresas quanto à população visando o uso de máscara e outros itens de segurança.

 

 

OP: Se houver um novo fechamento há o risco de que o comércio não reabra nesta pandemia?

RL: O que precisamos conscientizar a população e os empresários é que o comércio reabriu, mas não podemos relaxar na questão do controle das empresas, na higiene, no acesso, enfim, todas as questões que podem combater o vírus. Temos que cuidar muito. O alerta aos empresários é para que respeitem o decreto. O decreto foi feito para que possamos manter o comércio aberto, mas se não forem cumpridas as etapas, infelizmente, o Ministério Público pode vir a notificar o município novamente e pedir o fechamento.

 

OP: Desde o primeiro decreto municipal, houve duas vezes o fechamento e a retomada do comércio. Em conversa com a classe empresarial, o que o senhor sente em termos da economia rondonense?

RL: O faturamento das empresas já diminuiu muito neste período. No mês de março foram dez dias em que as empresas ficaram fechadas, depois em abril também houve um período. Já tivemos várias empresas que fecharam no nosso município, tivemos muitas demissões e um número muito grande de empresas que estão dando férias coletivas e individuais. Isso preocupa a Acimacar. Os empregos perdidos levarão muito tempo para que possam retornar. Sabemos que algumas atividades, como eventos e turismo, vão demorar para ter um reaquecimento. Em consequência disso, pode haver muitas pessoas desempregadas por conta da pandemia.

 

A entrevista no Jornal O Presente seguiu as regras sanitárias e de higiene, incluindo o distanciamento social (Fotos: Sandro Mesquita/OP)

 

 

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