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Marechal Na expectativa

Compradores da Faville aguardam trâmites para tomar posse dos bens

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Fotos: Joni Lang/OP

Os compradores da unidade-sede da Faville, de um galpão ao lado e dos lotes de equipamentos, móveis e máquinas aguardam os trâmites do processo para tomar posse dos imóveis e demais bens adquiridos no dia 22 de julho e homologados em 30 de agosto.

Arno Ostjen e um grupo pessoa física arrematou a unidade-sede da Faville por R$ 5,5 milhões, já Paulo Ivando Kempfer comprou um galpão ao lado pelo valor de R$ 670 mil. Outros cinco lotes, de números 2, 3, 4, 5 e 6, foram adquiridos pela empresa Nitran, de São Paulo.

A juíza da Vara Cível e da Fazenda Pública da Comarca de Marechal Cândido Rondon, Juliana Domingues, destaca que ainda correm alguns prazos de impugnação. “Conforme análise na última segunda-feira (23), entre 30 e 40 interessados poderiam contestar a homologação ocorrida no dia 30 de agosto, sendo que pelas nossas contas o prazo limite para impugnação vence na próxima terça-feira, dia 1º de outubro”, expõe.

Ela informa que a partir de então será aberto período para que as partes que formularam as propostas homologadas depositem o dinheiro em juízo. “A partir do dia 02 pode ser iniciada a elaboração do documento chamado de carta de arrematação, que garante a propriedade do imóvel ou dos bens aos proponentes que se tornaram vencedores do processo”, menciona.

No entanto, a juíza ressalta que a carta de arrematação é um documento minucioso, portanto precisa de todas as informações sobre o bem adquirido devido à necessidade de constar no Cartório de Registro de Imóveis. “Não é demorado, mas são diversas cartas a serem elaboradas, então tende a levar um pouco mais tempo do que o imaginado. Caso haja pedido de impugnação, a parte pode recorrer no juizado se for uma falha pequena, como erro na inscrição do modelo ou tipo do bem, porém se for uma solicitação maior aí o proponente deve recorrer junto ao Tribunal de Justiça, em Curitiba”, explica.

No tocante ao pagamento da correção monetária aos ex-trabalhadores da Faville, Juliana salienta não existir prazo definido. “Nós entendemos que as pessoas estão ansiosas, contudo isto será analisado futuramente pelo juízo, caso reste algum ativo. Se não sobrar ativo há possibilidade do valor não ser pago”, enaltece.

 

COMPRADOR

O empresário Paulo Kempfer, que adquiriu um galpão no terreno ao lado da unidade-sede da Faville por R$ 670 mil, diz que sua intenção é fazer parceria com uma empresa e abrir um empreendimento no local. “O galpão tem 1,5 mil metros e é razoavelmente grande. Estou aguardando os trâmites legais para fazer os procedimentos corretos e daí sim instalar um empreendimento”, declarou ao O Presente, acrescentando que necessariamente não significa que ele vá abrir uma empresa ou indústria.

Segundo ele, após a homologação da proposta de compra por envelope lacrado várias pessoas já o procuraram. “Tem um pessoal que me procurou querendo comprar o imóvel para colocar uma fábrica. Uma pessoa veio até mim com a ideia de montar uma espécie de parque para arrendar e construir outros galpões naquele terreno. O local é adequado para logística ou uma pequena indústria de um ramo específico”, comenta.

Kempfer destaca também avaliar a possibilidade de comercializar o imóvel. “Certeza do que fazer apenas quando estiver tudo regularizado em torno dos trâmites. Antes disso não adianta querer mexer, mas quando estiver com a posse do imóvel eu vou decidir qual a melhor situação para trabalhar”, salienta.

Procurada pela reportagem, uma das pessoas que integra o grupo que adquiriu a unidade-sede preferiu não expor as pretensões em relação ao imóvel antes dos trâmites jurídicos serem finalizados.

 

MASSA FALIDA

O perito contábil da massa falida, César Scherer, lembra ser necessário aguardar o prazo para apresentar impugnação. “Até ontem não tinha nenhuma impugnação e esperamos que corra tudo bem para que haja sequência no processo e os pagamentos sejam feitos aos colaboradores, depois quem tem garantia real e por último a parte tributária. Excepcionalmente está em discussão a quem pertence a fábrica de Marechal Rondon. Houve um acordo com o Banco Pine e o Fundo Petros para que os recursos provenientes do leilão sejam depositados em uma conta em separado, portanto este dinheiro não entra na massa falida”, esclarece.

Scherer expõe que a maioria esmagadora dos lotes e demais bens receberam propostas de compra. “As máquinas, por exemplo, foram vendidas por lote inteiro e os proponentes foram declarados vencedores. Apenas alguns carrinhos de inox e poucos bens não foram adquiridos; nós estamos fazendo este levantamento para definir o que e como resolver”, pontua.

No que tange ao pagamento dos ex-funcionários, o perito contábil informa que eles receberam a totalidade dos recursos, todavia há uma correção monetária de aproximadamente R$ 4,2 milhões a ser quitada com eles. “Efetuaremos o pagamento à medida que tivermos os recursos disponíveis. Temos uma reserva daquele processo de Pato Bragado, no qual o Ministério Público solicitou a detenção do valor, mas esperamos a liberação por parte do juizado”, enfatiza.

 

INDÚSTRIA

A Indústria de Biscoitos Faville teve sua falência decretada no final de 2013, três anos após o pedido de recuperação judicial. As dívidas acumuladas pelo Grupo Zadville somam em torno de R$ 150 milhões. Aproximadamente 700 profissionais atuaram na indústria no auge da operação da mesma, com a unidade-sede em Marechal Rondon, fécula no interior de Toledo, fábrica de macarrão em Pato Bragado e unidade fabril em Goioerê.

Algumas fábricas e outros bens e itens pertencentes à massa falida foram arrematados em leilões realizados a partir do ano de 2014.

 

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