Fale com a gente

Marechal Liraa: 3,6%

De agosto a fevereiro Rondon teve 23 notificações, mas nenhum caso de dengue confirmado

Publicado

em

Foto: O PresenteMelhor estatística do Liraa em Marechal Rondon ao longo do ano foi observada em setembro, quando foram alcançados 0,2%. Já em novembro aumentou para 2% e hoje se encontra em 3,6%: Ministério da Saúde preconiza até 1% (Foto: O Presente)

 

Conforme previsto para esta época do ano, com muita chuva e altas temperaturas, os casos de dengue crescem em todo o Estado do Paraná. Na última semana, mais três municípios entraram em estado de alerta: Rancho Alegre, no Centro-Oeste, Santa Mariana, no Norte, e Capanema, no Sudoeste. Já estavam nesta condição as cidades de Itambé e Moreira Sales. Em situação de epidemia continuam Uraí e Lupionópolis, com 97 e 40 casos confirmados.

A situação é preocupante porque mais 12 municípios apresentaram casos autóctones de dengue, ou seja, quando a doença é contraída no próprio local. No total, os casos autóctones evoluíram de 483 para 740, o que significa 53% de aumento, espalhados em 83 municípios. Entre importados e autóctones, o Paraná registra 798 casos de dengue, quando duas semanas atrás eram 536.

Os municípios com maior número de casos suspeitos são Londrina, com 3.554, Foz do Iguaçu, com 1.288, e Maringá, que soma 685. Já a triste liderança na estatística de casos confirmados recai sobre Londrina, com 209, Uraí, 97, e Foz do Iguaçu, com 56 casos.

Em toda a 20ª Regional de Saúde, com sede em Toledo, são 14 casos de dengue confirmados neste ano, cinco deles em Terra Roxa, quatro em Santa Helena, três em Guaíra e Assis Chateaubriand e Diamante do Oeste há registro de um caso em cada município. O índice refere-se ao boletim divulgado na última quinta-feira (07).

 

CENÁRIO DISTINTO

No Oeste, depois de anos de cenários preocupantes, com índices assustadores em termos de casos confirmados, suspeitas e até o registro de óbito por causa da dengue, os números estão amenos, ao menos na maioria dos municípios da região.

É o caso de Marechal Cândido Rondon, que, depois de viver uma epidemia da doença, entre o fim de 2014 e início de 2015, inclusive com a morte de uma jovem, uniu forças, reorganizou o trabalho de prevenção e passou a atuar mais intensamente na conscientização e sensibilização da comunidade. O resultado foi uma diminuição considerável ano após ano nos casos de dengue.

Se em 2015 a epidemia chegou a mil casos registrados e gerou óbito, em todo ano passado foram confirmados quatro casos de dengue – dois casos autóctones e dois importados, um do Mato Grosso e outro de São Paulo – em um universo de 73 notificações para arbovirus – dengue, chikungunya e zika.

Conforme a secretária municipal de Saúde, Marciane Specht, a queda no número de casos está ligada ao trabalho intensivo com os agentes de combate às endemias. “A administração municipal oferece apoio necessário para que os funcionários desenvolvam funções de vistoria nos imóveis e também tenham retaguarda da coordenação para desenvolver os seus trabalhos”, destacou ao O Presente. “Realizamos trabalho dividido em setores, tanto na sede quanto no interior, e os agentes têm supervisores que fazem parte do processo, além do coordenador. O que fizemos de diferente é o ciclo de 60 dias preconizado pelo Ministério da Saúde, que é o ciclo de tratamento, então os agentes de combate às endemias atuam nesses 60 dias, passam na residência e realizam o levantamento do imóvel. Quando encontram a casa fechada anotam no boletim de campo. Ao concluir o ciclo, e normalmente os agentes terminam antes, inicia-se trabalho exaustivo de recuperação desses imóveis para atingir mais pessoas”, acrescenta Marciane, enaltecendo que o trabalho do agente de endemias é extremamente importante. “Ele não cuida apenas de uma casa, mas, sim, de um bairro, de determinada região, e o mosquito Aedes aegypti pode voar de uma localidade para outra, portanto torna-se uma ação fundamental à saúde pública”, pontua.

 

HORÁRIO ALTERNATIVO

A secretária diz que a criação de horário alternativo de trabalho para os agentes de endemias faz toda a diferença. Após o término do tratamento, segundo ela, os funcionários iniciam às 10 e seguem até 14 horas. “Agora no verão, período de maior incidência, vai das 16 às 20 horas. Este objetivo foi traçado para encontrar a classe trabalhadora em casa, ao invés de residências fechadas”, comenta.

Desde 08 de agosto até 20 de fevereiro Marciane informa que foram notificados 23 casos, todavia nenhum foi confirmado. “Faça chuva ou sol, estamos atuando da melhor forma para que nossa cidade consiga obter bom resultado”, evidencia.

De acordo com a chefe da Saúde, dos seis ciclos desenvolvidos em Marechal Rondon, quatro atingiram mais de 80% dos imóveis visitados, o que também ficou pactuado em 2018 com a 20ª Regional de Saúde, com sede em Toledo. “O grande objetivo foi não ter casos registrados e em especial não haver epidemias como em anos anteriores. Este resultado é extremamente positivo, reflete na saúde toda da população, principalmente do município devido ao fluxo de pessoas de um município ao outro porque é muito fácil levar a dengue de um local ao outro. Este trabalho realizado em conjunto e a mudança na organização foram grandes pontos para que hoje Marechal Rondon seja um município com baixos índices de dengue”, avalia.

 

LIRAA

Marciane menciona que a partir das várias estatísticas do Levantamento de Índice Rápido Aedes Aegypti (Liraa) ao longo do ano a melhor foi observada no mês de setembro, quando foram alcançados 0,2%. “Já em novembro aumentou para 2% e hoje se encontra em 3,6%. O Ministério da Saúde preconiza até 1%, mas todo esse trabalho de recuperação dos imóveis e conscientização da comunidade possibilita sete notificações e nenhum caso confirmado no período de 1º de janeiro até a última quinta-feira (07)”, expõe.

Apesar do Liraa posicionar o município em estado de alerta devido ao perigo de infestação, a secretária salienta que as atividades desenvolvidas com responsabilidade e comprometimento, aliadas às notificações e aplicação de multas quando preciso, proporcionam haver suspeitas da doença, no entanto nenhum caso confirmado. “Também contribuem a este dado positivo a atuação dos coordenadores e agentes de endemias, os trabalhos educativos realizados através de teatros nas escolas, sensibilização de professores e comunidade escolar para que essas crianças sejam portadoras das formas como devemos cuidar nossos imóveis e lotes. É importante cuidar da criança para que já cresça com esse pertencimento da sua casa e do que está ao redor dela”, enfatiza.

A secretária ressalta que a ideia da Secretaria de Saúde, em conjunto com o Setor de Endemias, é manter este trabalho para buscar sempre o índice de 1% preconizado pelo Ministério da Saúde. “Avaliando dados da região, Marechal Rondon está na cor amarela ou alerta devido ao índice, porém não caminha para epidemia em virtude do trabalho como premissa e dever de casa do cidadão”, assinala Marciane.

 

MONITORAMENTO

A médica veterinária do Centro de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde, Ivana Belmonte, menciona que os meses de abril e maio são reconhecidos como picos de casos para agravos sazonais, que aparecem nos períodos de calor e chuva devido à transmissão vetorial. “A parte preventiva deve ser feita em todos os municípios em relação à presença do vetor, ou seja, trabalhar para reduzir a infestação. O primeiro passo é remover todos os criadouros em qualquer lugar com acúmulo de água, seja descartável ou não, e o segundo com trabalho de alerta no sentido de que a qualquer problema a população busque a unidade de saúde mais próxima neste período de circulação viral”, frisa.

O monitoramento, pontua ela, ocorre para acompanhar o rápido crescimento no número de casos e a cada situação é necessária determinada medida de intervenção. “Se estamos no período pré-epidêmico, trabalhamos muito a parte educativa e de remoção de criadouros, mas como estamos no período de circulação viral, que é o momento exato, além das atividades de remoção educativas, é fundamental promover mutirões de limpeza no caso do aumento do índice de infestação”, descreve, alertando que o município precisa trabalhar com seus moradores a realização de um grande mutirão.

Ela explica que nas cidades onde a circulação viral começa a registrar aumento significativo é possível contar com apoio do Estado, com o uso do fumacê para reduzir a circulação viral. “A bomba costal faz parte de uma das ações do bloqueio de casos, então todo caso notificado precisa de bloqueio no raio de 150 metros e busca ativa de outras pessoas que estejam doentes, remoção de qualquer tipo de criadouro e eliminação dos mosquitos”, relata Ivana.

 

GRAVIDADE

Conforme a médica veterinária, para considerar epidemia deve existir 300 casos confirmados de dengue por 100 mil habitantes, o que não ocorre no Paraná. “Temos incidência epidêmica nos municípios de Uraí e Lupionópolis, sendo que próximo disso estão Rancho Alegre, Moreira Sales, Capanema, Itambé e Santa Mariana, que se encontram em estado de alerta. Em outros 76 municípios existe circulação viral confirmada de casos, mas ainda não há situação de alerta”, detalha, emendando: “No período epidemiológico de agosto do ano passado até o presente momento não tivemos nenhum óbito por dengue. Nós temos um número de dengue grave, cinco casos, mas as pessoas se recuperaram. A partir da sensibilidade da assistência nesses casos e do acompanhamento correto no manejo clínico não registramos nenhum óbito por dengue até este momento”, conclui Ivana.

 

 

O Presente

Copyright © 2017 O Presente